Não, ninguém é obrigado a gostar de José Saramago. Nem do escritor, nem do político, nem do homem. Porém, ele ganhou o Nobel e isso tira muita gente de seu prumo. Nosso complexo de vira-latas nos faz pensar que, quando alguém de nossa sociedade se destaca, é porque ou roubou ou foi beneficiado por quem roubou. Muitas vezes alguém que deveria ser alvo de nossa admiração é simplesmente “rebaixado” como gay… Enfim, o bom mesmo é ser igual a todo mundo, embora a maioria aja de forma diversa, pois paradoxalmente milhares querem se destacar num BBB ou coisa pior. O nome disso: inveja. Lembro de quantos no passado chamavam Tom Jobim de embuste… Seria apenas um epígono do jazz. Dia desses, um post laudatório sobre Oscar Niemeyer foi capaz de jogar meio mundo contra ele e suas obras. Na boa, fiquei rindo, imaginando quando aquilo ocorreria em outro país que conheça. Nunca, é coisa nossa. Já ouvi também gente dizendo que Chico Buarque é um compositor e letrista apenas regular e que só ele usaria a ridícula palavra “cabrocha”. Dificuldades com os gênios deste país? Ora, certamente.
Com o tempo e o contato com vários amigos portugueses, descobri que isto é uma herança daquele país. Há países que homenageiam seus maiores autores. Nas livrarias de Montevidéu, só dá Benedetti. Nas de Buenos Aires, o autor argentino manda (e merece). Mesmo antes do Nobel, Saramago era combatido por ganhar muitos prêmios, por falar (ser entrevistado) demais, por ser convidado (e aceitar) demais. Ah, a inveja, os ciúmes que nos corroem!
Hoje, o bom intelectual deve duvidar da profundidade e da importância de O Evangelho segundo Jesus Cristo, deve achar mais ou menoso extraordinário O Ano da Morte de Ricardo Reis, tem que ignorar Caim e afirmar que As Intermitências da Morte é um livro de gênero transversal. Gosto muito de todos eles e acrescento ainda o “detestável” Ensaio sobre a Cegueira e o “mal realizado” A Jangada de Pedra, pois seria um livro onde a coisa mais extraordinária e insuperável ocorre nos primeiros minutos de jogo, deixando o autor sem ter o que fazer no restante das páginas… Mas também há os que não gosto mesmo: acho Todos os Nomes, o célebre Levantado do Chão e a tal Viagem do elefante bem fracos. Fazer o quê?
Ou será que o ódio de alguns ao autor têm raízes geopolíticas? O cara era ateu e comunista. Como Niemeyer e Chico. Pode até ser, mas aposto mais no Complexo de Vira-Latas.
Ontem, uma pessoa que não conheço e que não é minha “amiga” no Facebook, publicou em seu perfil esta imagem.
Trata-se de uma alusão ao admirável documentário José e Pilar. O primarismo da montagem não adere a nada que foi mostrado no delicado filme, mas a “autora” cometeu um outro ato bastante desagradável. Resolveu agredir as pessoas que já declararam gostar de Saramago. Ora, todos nós sabemos que a segurança do Facebook inexiste, que a gente entra onde quer e quando quer. Os motivos disso é a vontade dos produtores do aplicativo. Eles que querem ser sedutores e mostrar as grandes qualidades (reais) do Facebook e… Dane-se a segurança. Pois a imagem acima foi marcada em todos os seus cantos como se tivessem fotos de pessoas — quem conhece o programa sabe do que estou falando. Desta forma, a cada comentário feito à imbecil imagem, todos os marcados recebiam um e-mail com o conteúdo. O título do e-mail é assim: Juliana L. comentou uma foto sua. Então eu clico sobre um endereço e encontro a imagem acima. Dã.
É uma forma bem cretina de agressão, pois a autora deve ter me encontrado na internet elogiando seu desafeto póstumo e sabia que eu ia começar a receber e-mails. Por sorte, conheço alguma coisa do Face e me retirei da imagem. Ah, elogiei também o filme! Foi meu erro…
Olha, desconfio muito de quem escolhe Saramago como um importante alvo. Há tantos, mas tantos alvos que merecem chiste que começo a achar que quem o agride com tanta inisistência é católico, direitista e morre de inveja até de quem participa do BBB. Porque nada, na obra ou no homem Saramago justifica tal vulgaridade. Leiam ou releiam o autor, vejam o filme e comparem com a imagem acima. Nada a ver.
Como disse no início é permitido não gostar de Saramago, Paulo Coelho, Shakespeare ou Thomas Mann. Mas, para fazê-lo, é mais honesto usar argumentos.
É isso aí, Milton. TEns toda a razão. Os intelectuais portugueses (incluídos meus amigos aí) NÃO GOSTAM do Saramago. E não conseguem explicar a questão…
Essa é a agressividade gratuita que tanto vejo na net. Claro que essa montagem não diz nada sobre o autor, só mostra o desejo de aborrecer as pessoas que gostam de Saramago. Pra quê, com que finalidade? Duvido que essa “amiga” teria coragem de falar qualquer coisa sobre o Saramago olhando nos olhos de cada um marcado na foto. Ela nem ao menos deve ter lido um livro dele, deve ser uma antipatia brotada de algum artigo, um ouvi-falar ou pelo fato de ser de esquerda.
Eu sei que a opinião dos seus leitores a meu respeito despencará, mas você me segue no twitter e sabe que eu vejo BBB. No ano passado, quando um participante foi eliminado, recebi um recado de uma pessoa cuja existência eu ignorava, em caixa alta, me xingando de Vaca pra baixo, tripudiando porque eu “perdi”. Fui olhar o perfil da criatura e era uma nutricionista, uma pessoa que parecia normal. Relações virtuais às vezes expõem o que há de pior nas pessoas.
Tu podes ver BBB e criticar o Niemeyer.
Sabes que falo de um senso comum imbecil que se espalha e do qual estás longe de participar.
Olha, Milton, eu não gosto do Saramago por achar feia a pontuação dele e por considerar os livros dele excelentes ideias com uma execução um pouco decepcionante.
Por exemplo: O Ano da Morte de Ricardo Reis. – Que ideia excelente!, pensei eu.
– Deve ser um livro sensacional!
E me decepcionei. Muito. Não é nem complexo de vira-lata, nem questão geopolítica. O problema é a decepção + sono que o autor me causa.
Meu texto começa assim:
“Não, ninguém é obrigado a gostar de José Saramago”.
E o título é:
“É proibido gostar de Saramago”.
Eu não escrevi:
“É proibido desgostar de Saramago”.
Esse argumento de que Saramago cause sono deve ser visto no âmbito do que o leitor compreende como sendo literatura. Se a Carla só lê determinado nicho de textos fáceis e altamente digeríveis, vamos dizer, não necessariamente Dan Brown, mas essa literatura de butique que tem grife e uma certa primazia artística, como a Zadie, o Auster, vai-lhe soar insustentável o barroquismo de Saramago. A alta literatura _ e ela existe, não é esnobismo _, faz um apelo semelhante ao que os charutos sofisticados ou os whiskeis irlandêses selecionados fazem a seus apreciadores. É algo para o qual deva estar preparado, que exige alguns anos de treino, e uma ACEITAÇÃO por parte do livro, do charuto e do whiskey.É como dizem da prosa de Javiér Marías, um dos maiores escritores da atualidade: ela é seletiva, dispensa os frívolos desde a primeira página.
O Ano da Morte de Ricardo Reis, o melhor romance do Sara, é um prazer estético do princípio ao fim, a começar pela maravilhosa frase inicial, “Aqui o mar acaba e a terra principia”. Nunca me toquei para esses detratores que tentam “avacalhar” Saramago ou seja quem for. Sou do tipo que diz que o cara não é grande coisa, mas primeiro trato de conhecê-lo por completo. Quantas vezes afirmei que Bolaño é um engodo, o que realmente penso de todos os seus outros livros _ que não o genial e eterno 2666 _, mas para tal, li-o de cabo a rabo. Também não gostei de nada do McEwan, a não ser dois de seus títulos. Tenho a coleção completa de autores que não gosto, mas que leio. Tenho prazer também das coisas pequenas, como Fante, alguma coisa do Updike, Construção. Não é por não serem grandes que não deem uma diversãozinha de domingo.
Mas que o Chico é um nojo, é!
De fato, Chico é um nojo. Como o cara não se contentou em ser bonito e nos humilha, a todos que querem ser o unico foco de dmiração da mulher amada, com músicas e poemas que falam certeiros da vida, das mulheres e das paixões?
E Saramago é isso aí que o Charlles fala, não é para quem vê a linguagem escrita apenas como um meio prático de contar uma história. Ele puxa o/a leitor/a para dentro do universo de seus romances, captura a atenção. Mas, claro, para isso quem lê não pode estar o tempo todo se erguntando quem é mocinho e se ele vai acbar com a mocinha. Só esse tipo de leitura blockbuster pode justificar esse negócio de criticar a Jangada de Pedra porque o principal acontece no começo do romance. O começo é só pretexto. Sem trocadilho.
Ah, Milton, da lista tua tem um que critico mesmo. O Niemeyer. Não como escultor, que é dos maiores do mundo. Mas pela mania de fazer esculturas belíssimas e pouco habitáveis, fingindo fazer arquitetura.
Milton, dizer que “coisas assim só acontecem no nosso país” é o mesmo sintoma vira-latas. Meu “não gostar” do Niemeyer, p. ex., além de opinião fundamentada em minhas visitas à Brasília e a visão de sua obra, parte também da leitura de Tudo Que É Sólido Desmancha No Ar, um clássico da historiografia, escrita por Berman (que não é BRASILEIRO, diga-se de passagem), em cujo prefácio ele faz uma crítica consistente da inutilidade e breguice da obra do efemérido Nier.
Minhas apreciações não passam pelo crivo do patriotismo, coisa que desprezo veementemente. Saramago, que aqui tomamos emprestado, é um dos meus autores preferidos, coisa que, infelizmente, não posso dizer de nenhum autor nacional. Talvez a verdade simples e despreconceituosa seja de que NÃO HAJA GRANDES AUTORES NACIONAIS. E talvez, esse seu discurso de vira-latas seja a velha compulsão em festejarmos com as miudezas que temos, coisas como Chico Buarque (que pra mim sempre foi um nojo), e Jobim (alguem que merecidamente já entrou em processo de esquecimento).
E essa desmistificação ácida dos intelectuais acontece pelo mundo afora, não SÓ NO BRASIL. P. ex.: quando Gunter Grass, que não é um Paulo Coelho nem um Galera para relativizar-mos, mas um dos maiores escritores do século passado, lançou seu “Um Campo Muito Vasto”, após anos de inoperância, um crítico famoso da Alemanhã apareceu em rede de tv rasgando o calhamaço, dizendo que aquilo era “uma merda”.
As críticas de Bolaño contra GGM, etc, são pra lá de politicamente incorretas, não respeitando nenhum dos sagrados manuais de respeito patriótico e de esquerda típicas ao culto interno que se faz no Brasil. A crítica literária norte-americana é uma das mais desconstrutivas quanto a seus criadores internos, assim como boa parte da crítica internacional.
Virando-se seu post do avesso, ele atingirá melhor o alvo: por aqui se estabelece a política dos elogios recíprocos, o que faz, geralmente, que a mediocridade reine no mercado compulsório das universidades, vestibulares, prêmios literários (Jabuti para Leite Derramado).
Achei muito confuso teu comentário, Charlles. Vou desmembrá-lo um pouquinho:
1. Nenhum país que conheço nega seus ídolos com tanta facilidade quanto o Brasil e Portugal. Analise bem. Leia jornais estrangeiros. Veja como eles pensam e repensam sua própria produção para o bem e para o mal. Na minha opinião, isto é natural e contribui para a falta de qualidade geral. Aqui, a gente prefere falar pouco da produção do país.
2. Tu podes gostar ou não de Niemeyer, gostar ou não de Saramago, desde que os conheças. É o caso? Sim, tu os conheces. Então onde está o problema? O problema é descartá-los a priori ou “a anteriori”, por questões de natureza política ou de preconceito.
3. Eu acho que chamar Chico de “nojo” e dizer que Tom está em processo de esquecimento (?) diz mais do que eu poderia explicar aqui… Muito estranho, pois não são posições indiferentes.
4. Sim, não temos grandes autores, mas eu não disse que tínhamos. Não sei mais com quem estás discutindo.
5. A história de Um Campo Vasto é bem conhecida. O livro é uma merda. Mas a analogia mais perfeita seriam supostas críticas gratuitas a O Tambor, por exemplo.
6. Bolaño não é de esquerda, nem colombiano. E comprazia-se em ser incorreto. E adoro esta faceta dele. E, bem, não vejo relação. Ele vem de outra cultura, vem de um dos países que cultuam quem vale a pena cultuar. E há opiniões contrárias no Chile.
7. Nossa, eu estou MUITO longe de estimular o compadrio.
8. Ignoro o motivo pelo qual te sentiste atacado, pois é isso o que parece que ocorreu…
Abraço.
Tu me conheces. Escrevi o acima com as pernas cruzadas sobre a mesa. Citando uma frase da Caminhante: tu sabes que sou temível, então vou escrever do jeito que eu penso. Não me senti atacado em nenhum momento, e, também, não foi propósito te atacar. Vamos parar com a viadagem e sensibilidades hiperatrofiadas. Estou falando com o mesmo cara que manda seus leitores tomar no cu aqui e no PQP.
Não é posicionamento “direitista” da minha parte, pois o Saramago não é de esquerda?
Não vejo o Brasil negando seus ídolos. Os que fazem, são minoria que querem provocar ( o que vejo até como algo válido), ou por conhecimento de causa. Os ídolos nacionais são muito cultivados por coqueteis oficiais em que dividem o butim, seja no governo ou nas empresas. Há escritores melhores que o Galera e o JOca Terrón, que não tem oportunidade nas editoras, por favorecimentos internos seja lá de quais envergaduras. Não sou ressentido, pois não pretendo publicar nada.
Novamente sobre Niemeyer: eu o desprezo justamente por ser o oposto do que um artista deva ser, tanto em questão de seu talento monocórdio, em blocos, sem imaginação e por demais servido a uma estética soviética de arte socialista; quanto por nunca ter sido nada mais que um dos artistas do Estado, portavoz de mensagens ortodoxas superioras que não passavam nem perto do que sua mente poderia ter produzido com independência.
O Chico é um nojo. Quem escuta Jobim? Vc mesmo, falando sério, vai perder tempo com coisas assim? Não acredito.
Mas, querido Charlles, por que Chico é um nojo desde o início e Jobim deve ser esquecido?
Quando Jobim e Vinícius, via João Gilberto, lançaram “Chega de Saudade”, você sabe o que se ouvia popularmente no Brasil?
“Lampião de Gás” ou aqueles boleros terríveis…
Durante a minha infância, na década de 50, sabe o que se ouvia nas quermesses dos bairros mais populares da cidade de São Paulo?
“Encosta a sua cabecinha no meu ombro e chora” ou “Coração materno” ou “Conceição” ou “Babalu” (com Ângela Maria) ou “Índia (com Cascatinha e esposa)”.
Quanto ao Chico, Charlles, citarei apenas um verso: “Saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu…” Daqui a mil anos, esse verso – traduzido em qualquer língua – é imortal!
errata: onde se lê ” é imortal”, leia-se “será imortal”. Gracias…
acho q o milton está com as arestas afiadas… o charlles está só fazendo exatamente o q o milton gostaria q essa gente q faz montagens [do nível acima] fizesse se tivesse capacidade para isso…
mas, é claro, as questões do ramiro seguem
[sei q está falando do documentário, milton, mas o filme do Ensaio sobre a cegueira não me agradou mto não…]
Oi, Arbo.
A metáfora perdeu a força, não? Parece um estranho filme-catástrofe.
Interessante…
Toda vez que vejo ataques deste nível me vem a impressão de que há pessoas que usam a rede com o único intuito de descontar frustrações. Ao invés de irem onde gostam, lerem coisas que consigam absorver de forma positiva, buscarem um contato gentil com outros internautas, até mesmo com o intuito “espúrio” de fazer amigos, eles fazem exatamente o contrário disso.
Navegam para guerrear, são vikings errantes e sem qualquer foco (tb não possuem a evocação histórico poética do termo viking). Querem destruir e aparecer. Não por talento, não por boas opiniões, não pela capacidade de análise. Agem como crianças a quem os pais não dão atenção, começam a quebrar a casa.
Fico sempre estarrecida. Talvez, porque eu tenha tanto mais o que fazer. Talvez porque seja ingênua. Talvez porque tudo que é gratuito e ofensivo soe muito pior para quem ataca do que para o atacado (e essas pessoas não se deram ainda conta disso).
Uma enorme quantidade de pessoas morreu entre ontem e hoje no RJ e SP, e a menina se preocupou em atacar Saramago (O.O) e a ti.
É… talvez ela esteja precisando rever um pouco as prioridades.
Abraço
Milton
Se este fosse o facebook eu já teria clicado em “like”
E por falar nisso, quando é que alguem vai dizer umas boas verdades sobre esse tal novo cinema brasileiro, que estaria até bem se conseguisse amarrar as chuteiras de Chico ou Jobim.
(O Jabuti para Leite Derramado talvez fale sobre panelinhas, mas diz mais sobre a produção literária brasileira do período).
Gosto do Saramago porque ele é transgressor. E gosto dos transgressores. E, realmente, José e Pilar é um filme “delicado”. Depois que assisti coloquei a ilha de Lanzarote na pauta da minha futura viagem.
Apesar de discordar ideológicamente. Gosto do Chico e o considero um grande escritor. Tudo que li dele — e acho que li toda sua obra literária — é muito bom.
Eu acho que Chico não é um escritor de primeira linha. Mas é bom, claro. Gostei bastante de Budapeste — romance cheio de artíficios bem bolados, que funcionam — e achei Leite aborrecido.
Uau. Essa garota não deve mesmo ter o que fazer.
Ela tem o direito de não gostar de quem quer que seja, mas se esquece do direito que os outros têm de não querer saber absolutamente nada sobre o que ela pensa.
como vai, carol?
se possível, dá uma lida no post q escrevi abaixo, a respeito da imagem q, como vc disse, “a garota” fez. vc viu o filme José e Pilar? pra quem viu, eh bem possível perceber q a imagem Saramago´s This is It NÃO é uma agressão, absolutamente, a saramago. ao contrário, me parece uma reflexão despretensiosa em sua confexção, sobre os últimos anos de vida deste grande escritos, e de COMO foram vividos. em tempo, a “garota” curte e respeita saramago, dentre outros escritores.
atenciosamente,
osmario 🙂
eita, escrevi “confecção” errado 😉
Olá Osmario! Tudo bem comigo, e com você?
Li o seu post abaixo e pode realmente fazer sentido para quem assistiu o filme. Eu ainda não o assisti (só poderei fazê-lo quando estiver disponível online, moro fora do Brasil e aqui por onde vivo esse tipo de filme não chega) e não tenho uma opinião própria formada, mas respeito o seu ponto de vista assim como respeito a opinião de vários amigos que pensam de forma diferente.
Usei o termo “garota” por força do hábito, não quis de forma alguma diminuir a moça, mulher, ou senhora que espalhou a imagem (acho que você deve conhecê-la) quando me utilizei desse termo.
Outra coisa, eu não quis dizer que ela fez a imagem, mas que perdeu tempo espalhando-a, e mais, marcando pessoas que ela não conhece nela. Essa imagem dá margens para interpretações diferentes, e eu compreendo que algumas pessoas podem não recebê-la bem, ainda mais sem saber de quem e porque a estão recebendo. E cá pra nós, não é um imagem muito agradável de se ver…
Abraço!
Ao Charlles…
Todo o Sentimento
by Cristovão Bastos&Chico Buarque
(http://www.youtube.com/watch?v=kloAsMazs-g&feature=related)
Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo
Da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu
Em tempo ainda:
no meu primeiro comentário gostaria de esclarecer um ponto: citei Ângela Maria e, indiretamente, Cauby Peixoto. Gostaria de deixar claro que os considero extraordinários cantores. Contudo, tiveram o azar histórico de terem nascido aqui, no Brasil, onde impera ainda o terrível complexo de vira-latas – genialmente diagnosticado por Nelson Rodrigues. Se tais cantores fossem norte-americanos e se tivessem crescido em meio ao Jazz, certamente, estariam entre os maiores cantores ocidentais do século XX.
Porém, quem os entrevistava na década de 60 era Hebe Camargo, que os considerava umas GRACIIIINHAS…
Assino aonde, Ramiro?
Meio que tô só zoando, pra preencher as brechas do saudoso falecido Marcos Nunes. Gosto de uma ou outra coisa do Chico, acho a música “Construção” uma das três ou cinco maiores composições de qualquer país, com aquela alternância de adjetivos genial e a orquestra de metais à lá Gil Evans do final.
É que li ontem a matéria sobre Keith Richards na Piauí e me veio uma revelação tardia: porra, passei amando esse catzo, esse cabeça de vento ultra hedonista, por 20 anos. Conhecer seus ídolos é a maior tolice. Exile on Main Street jamais será o mesmo para mim. Acho a desconstrução um exercício necessário. Já contei aqui as revelações que minha avó _ hoje com mais de 90 anos _ fez para mim sobre os anos que trabalhou na casa do João Gilberto nos EUA. Trata-se de um monstro moral, o retrato do burgues carioca que desprezo com veemência, que tiraniza os empregados, é indulgentemente preguiçoso, e julga que a “genialidade” lhe outrorgada por uma turma de adeptos do mesmo nível legitima a sua fraqueza de caráter. Ainda me lembro das cuecas do “gênio” manchadas de bosta venerável que minha avó tinha que lavar.
Talvez essa memória alheia muito solidamente apreendida tenha comprometido meu gosto musical para essa gente. A alta roda de músicos playboizinhos cariocas. Passo muito bem sem eles. Não troco o jazz autêntico, de rua, visceral e sem frescura dos negros americanos por essa réplica açucarada. Para cada Chico, interponho a fúria controlada com que Miles Davis respondeu a um garoto branco que lhe perguntou como tinha aprendido a tocar trumpete tão bem: “chupando garotos brancos como vc.”
Ah, Ramiro, o verdadeiro gênio da música brasileira se chama Tião Carreiro:
Morena bonita do dente torto,
vai no pagode, o barulho é sorto;
Morena bonita do dente aberto,
vai no pagode, o barulho é certo.
Prefiro ouvir muito mais isso do que a reverberância acadêmica dos Buarques.
É, Milton…
É foda constatar tal processo cultural em nosso país. Daí, o meu estranhamento em relação ao comentário do Charlles…
Quanto à montagem feita sobre o Saramago, comentar o quê? Trata-se de um produto gerado por uma analfabeta intelectual. Qual é única ação diante de tal fenomenologia?
Ora, aquela corriqueira – quando, num banheiro público, a gente se dá de frente com “aquilo” mais elaborado pelo nosso antecessor: APERTAR A DESCARGA.
Charlles,
o Marcos Nunes deve estar acorrentado à cama, suspendendo o laptop e a gritar:
– Rachel, Rachel, onde está a chave do cadeado?
(E a água subindo, subindo…).
Comassim não temos grandes autores? Ninguém aqui leu Guimarães Rosa? Agora sim eu me senti ofendida por aqui!
Isso cai naquele papo nosso. Há tempos penso em escrever um post algo assim: dos escritores que odeio. Nunca li o Rosa como deveria, sempre esteve entre ele e eu o filtro da imposição escolar.
Se me perguntarem qual as maiores páginas que li da literatura brasileira _ e nós todos, alunos dedicados que fomos, já lemos de tudo da lit. brasileira_ eu diria: os quatro ou cinco contos sublimes de Bernardo Élis. Até o Rosa se rendeu a eles, assumindo serem os maiores contos do mundo.
Sei que não é me destinado morrer sem ler Grande Sertões: Veredas. Por isso o reservo para meus 90 anos.
antes que alguém me denuncie: a porra desse j. gilberto é carioca? baiano?
huahauhauah
não pense q não lhe acredito, amigo
mas é engraçada [entenda a palavra] essa história da tua família… a qq hora pode aparecer um césio, um joão gilberto! hauhauhauah
João Gilberto é baicano de nascimento. Uma mistura de baiano e pernambucano, já que veio à luz em Juazeiro, separada de Petrolina-Pernambuco pela metade de uma ponte de uns 500 metros.
Morou também em Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Nova Iorque. Fica difícil saber onde adquiriu as ‘virtudes’ listadas acima.
Eu interpretei como AUTORES ATUAIS.
Rosa, Drummond, Mário, Baneira, Machado, L. Cardoso e outros estão mortinhos.
Ah, agora entendi. Quase me encolhi na cadeira, imaginando que vocês leram Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, e tantos outros, e torceram o nariz – este não escreveu livros o suficiente, aquele é repetitivo, esta linguagem não é assim tão original, esse estilo já foi superado… Não é nada disso: vocês não leram! Não dá pra ter lido apenas Chico Buarque e sair por aí dizendo que a literatura brasileira não produziu bons autores!
Para o Charlles Campos, a “Geni e o Zepelim”
”
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co’os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo –- Mudei de ideia
– Quando vi nesta cidade
– Tanto horror e iniquidade
– Resolvi tudo explodir
– Mas posso evitar o drama
– Se aquela formosa dama
– Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela –
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni “
Oi, Milton, meu nome é Luciano, moro em Goiânia, formado em História pela Universidade Federal de Goiás, e na época da militância estudantil eu escrevia alguns textos, e criei um blog há muito tempo a fim de postar alguns dos textos que escrevi. Agora eu resolvi reativar o blog, fazer dele um blog bem sujo, e voltar a militar novamente, depois de ter trabalhado muito pela internet durante a última campanha eleitoral para presidente, seja respondendo a e-mails mentirosos de Soninha Francine/Serra, seja no twitter. Dessa forma, informo ao senhor que estou seguindo vocês e peço para que coloque o link de meu blog em sua lista, fico muito agradecido e parabéns pelo seu trabalho. Valeu! – http://asarvoressaofaceisdeachar.blogspot.com/
(dei uma visitada no blog do Charlles e aí lembrei da “origem”)
Que legal, isso aqui tá agitado. Dá gosto de se ver! (mesmo)
O Marcos morreu? Pôxa, não foi praga. Juro.
Bom, volto à minha clausura.
Entendo melhor o posicionamento jocoso do Marcos (que Deus o tenha em sua morada!). A caixa de comentários sempre fica excepcional quando alguém chega com todas as palavras e todas “as bostas para a Geni”, e desabafa com palavras só um pouco medidas. Acaba por liberar o que, no fundo, todos pensam, nem que seja com a mente da outra personalidade bipolar que existe em todo mundo.
Milton, vc naquele vídeo disse não conhecer Brasília. Trata-se da cidade mais feia e opressiva do mundo. Se o Nier tivesse construído aquelas arapucas para armar com um propósito irônico, antevendo a bestialidade que se tornaria aquela cidade, aí sim seria grande.
Arbo, é verdade. Minha família e minha vida em geral nunca passou de uma piada. Tô rindo à beça desse esclarecimento que vc fez, que, por incrível q pareça, eu mesmo não tinha percebido: do césio 137 a João Gilberto. Hahahahahahahahaha.
Abraço.
Olá.
Vi a imagem q faz alusão ao filme José e Pilar, q vc postou aqui no seu blog sob o título “É proibido gostar de Saramago”.
o_O ?!
de onde vc tirou isso, esse título, essa idéia, rapaz???!
suas inferências mostram dificuldade entre LEITURA e INTERPRETAÇÃO de imagem, o q a imagem sugere. tô impressionado com seu equívoco, e com a grosseria e falta de educação com q vc tratou a autora da imagem. q gostou do filme, gosta de saramago.
bom, tenho uma pergunta simples a te fazer, e a quem porventura ler este post:
vcs arrastariam seu pai, AOS 83 ANOS DE IDADE, em plena noite de aniversário, pra ficar das 19h à meia-noite, autografando livros…? no filme é visível o desconforto, deslocamento e cansaço de saramago, não só ali, mas em tantos outros momentos tmb. assistam e observem essas nuances…
Fui ver José e Pilar, esperando conhecer mais da pessoa q saramago foi, em seu dia a dia. porém o filme é um cansativo desdobramento não de uma esposa, mas de uma jornalista ávida por spots e flashes, infelizmente às custas do marido 20 anos mais velho.
aí se pode perceber, portanto, q a crítica da imagem é direcionada à gana de pilar. NÃO HÁ CRÍTICA ALGUMA A SARAGAMO (!!!, é realmente absurdo o sr milton trazer essa imagem sob esse pretexto…). tanto q a própria pilar “tenta” se justificar no filme, a respeito das críticas q vinha recebendo sobre o ritmo pesado de trabalho e show business a q o marido foi submetido nos últimos anos de vida.
enfim, eh tudo simples. é só olhar a imagem, pessoal, e ver o filme… 🙁
pilar, como “grand mother” no cartaz do clássico filme de Francis Ford Coppola (O poderoso chefão – 1972), faz de saramago uma marionete (sob a permissão dele, sim, q pena) com intúitos mercantilistas e de muita auto-promoção, diga-se. a alusão ao show de michael jackson – This is it – só reforça a idéia de uma pessoa pública (saramago) q morreu envolto a viagens e entrevistas enfadonhas, isso tá no filme. eh simples, pessoal. tão simples q nem foi preciso uma elaboração preciosista e profissional de design gráfico e tratamento de foto, na imagem aqui trazida ao blog, pra transmitir esta possível crítica ao descaso para com a velhice e fragilidade física nos últimos anos de vida deste grande escritor.
recomendo tmb assistirem ao documentário A Ilha de Bergman, feito parece q 2 anos antes da morte (2007) do cineasta sueco: ali encontramos ingmar bergman em seus últimos anos de vida, num dia a dia TOTALMENTE COERENTE com o homem q ele foi e com o legado fílmico q ele nos deixou. acordava cedo, ía caminhar, explica o projeto da casa onde morou por décadas, sua sala de projeção de filmes, reconhece sua ausência como pai, no passado, enfim, SEU UNIVERSO. bem, bem diferente do circo q é o filme José e Pilar.
concluindo, endosso seu equívoco, milton, ao fazer mau-uso precipitado da montagem despretenciosa Saramago´s This is It. ela é de extremo respeito a saramago. já o mesmo não pode ser dito à vampiresca pilar. ao meu ver, este filme infelizmente não é a respeito do grande escritor português e sua obra, mas do CIRCO q a viúva criou às custas da obra de saramago, envolvendo-o nos últimos anos de sua vida. observa q ao chegar ao computador ele ía jogar “paciência”!!! achei um filme lamentável, triste e – esta sim! – pilar uma mulher interesseira, além de péssima esposa, pois devia era ter cuidado e curtido o velhinho querido, inteligentíssimo, sábio e recluso com mais amor. ele merecia… depois ela criava biblioteca, e vomitaria pra quem quisesse ouvir q ela não era presidente da fundação, mas presidentA! imagino q mais à frente pilar ao rever este filme talvez fique com vergonha de si. ou, talvez, o seu ego de Presidenta nem permita isso.
milton, vc escreveu, a respeito da autora da imagem: “…É uma forma bem cretina de agressão, pois a autora deve ter me encontrado na internet elogiando seu desafeto póstumo e sabia que eu ia começar a receber e-mails…”.
rsrsrs…, não, cara, nem ela, nem eu, etc temos a mínima idéia de quem vc é, tem mais blog do q gente neste planeta 🙂
vc disse ainda “…Resolveu agredir as pessoas que já declararam gostar de Saramago…”
danou-se, é muita perseguissão contra vc, hein…? curto saramago, mas não fui perseguido ainda.
bom, abs. se liga aí. e, pessoal, assistam a José e Pilar, e tirem suas próprias conclusões, bora exercitar a reflexão e raciocínios próprios, hum?
e bora amar e tratar convenientemente os nossos velhos, nossos ancestrais. eles – vencedores de prêmios ou não, fizeram MUITO por nós!!! bora retribuir…
Qual é única ação diante de tal fenomenologia acima?
Ora, aquela corriqueira – quando, num banheiro público, a gente se dá de frente com “aquilo” mais elaborado pelo nosso antecessor: APERTAR A DESCARGA.
Mudando um pouco de assunto…
EXTRA! EXTRA! EXTRA!
Heródoto Barbeiro, ontem, na TV Cultura, afirmou que, a notícia acerca da censura sobre a “obra” de Pablo Cenoura no Irã, não passou de uma grande barriga jornalística ou, em uma palavra clara, CASCATA.
Sim, minhas senhoras e meus senhores, mais uma do milionário mago indomável.
Caro Milton,
Como português, sei muito bem do que fala quando refere a “inveja”, essa velha puta que tanto cultivamos mas que nunca a admitimos.
É que nós aqui gostamos sobremaneira de nos nivelar por baixo. E nada de ser diferente. Abaixo a diferença! E quem for pela diferença de imediato para a fogueira no Terreiro do Paço.
Foram muitos anos de Inquisição, e muitos anos de Salazarismo.
Mas o que eu queria dizer era o seguinte: eu, por acaso, nunca gostei de Saramago. E isso por vários motivos. Desse modo pouco me interessava a vida pessoal dele, bem como todo sururu em volta dele.
Porém, em relação à sua obra, sei reconhecer que temos ali génio. Ele sabia contar belas histórias, e de uma forma excepcional.
É perfeitamente possível detestarmos um escritor (por variadíssimas razões), mas idolatrarmos a sua obra, pois um escritor pode ser um grande filho da mãe, mas escrever muito bem.
Agora não percebo é como que mete Paulo Coelho no meio de Saramago, Shakespeare e Thomas Mann.
Ega, eu também não percebo como fui colocar Paulo Coelho na lista. Só me resta te pedir desculpas…
A verdade, desagradável, é que o último grande livro da literatura de ficção brasileira foi “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, que ainda está vivo, aposentado.
Taí. Li o Lavoura e o achei tão bom quanto, digamos, “A Seguinte História”, de Cees Nooteboom. Havia me esquecido disso.