Células tumorais expostas à 5ª Sinfonia de Beethoven perderam tamanho ou morreram

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Via Paulo Ben-Hur

Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da “Quinta Sinfonia” de Ludwig van Beethoven. O “pam-pam-pam-pam” que abre uma das mais famosas composições da História,

Descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais – em testes de laboratório. Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Uma em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências.

A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais.

— Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo – ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo.

Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade.

O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição “Atmosphères”, do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a “Sonata para 2 pianos em ré maior”, de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito.

Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o “efeito Mozart”, um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal — pondera a pesquisadora. –– Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas.

“Atmosphères”, diferentemente da “Quinta Sinfonia”, é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito?

Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade.

Em abril, exposição a samba e funk

Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais.

— Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa — diz a pesquisadora.

Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração.

A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido.

— Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento — revela Márcia.

Fonte: O Globo – Renato Grandelle

Beethoven: no peito, os efeitos não são tão bons

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12 comments / Add your comment below

  1. Carlos Santana, o guitarrista, disse alguma coisa assim como “a música interfere nas células do corpo humano, conduzindo-o para a felicidade e a luz; acredito que a música, além de mudar as pessoas, pode mudar o mundo”. Esse é o tipo de conhecimento empírico que passa por tolice marijuanesca e simplória que termina, com o correr das pesquisas científicas, por ganhar um grau de legitimidade, apesar do poetismo ruim. Qualquer um que ouve música sabe o quanto ela proporciona de alegria, serenidade, euforia, equilíbrio e tudo mais que se quiser, pois é uma linguagem sonora que lida com todos os sentimentos com os quais lidamos também através das palavras, algumas vezes com mais êxito e clareza, outras tantas vezes nos enredando em confusões dos diabos. Como os sons se propagam em ondas e possuem, assim, materialidade, não é de pasmar o fato de que a música produza efeitos nas células do corpo humanos, da mesma forma que as ondas dos aparelhos de telefone móvel também o fazem – mas estes, ao que dizem, causam câncer.

  2. Muitas perguntas sem resposta para os cientistas responderem.

    As células que morreram ao ouvir Beethoven foi porque não gostaram e/ou prefeririam Bach ?

    E as células sobreviventes o que será que acharam ? Pelo jeito gostaram…

    Será que a opinião das células não refletiria a preferência de seus donos ou, pelo fato de serem células mutantes, o gosto também mudaria. Por exemplo:

    Milton gosta de Bach. Suas células então rebelam-se, criam uma comunidade e passam a gostar de Luan Santana, Gian e Giovani ou Benito di Paula.

    Qual seria o tratamento ? Em tese, sinfonias de Bach as destruiria, mas Wando ou Beto Barbosa também não ?

  3. Uma vez eu me curei de uma gripe ouvindo as “Vésperas da Virgem Maria” do Monteverdi. Eu estava mal quando comecei a ouvir, quando terminei, depois de 1h e 40min, estava sem febre, sem dores no corpo e na garganta, visivelmente recuperado. Não sei se foi realmente devido à música, mas que eu melhorei de uma hora pra outra enquanto a ouvia, não tenho dúvidas. Abraço.

  4. Milton,
    alguns comentários
    logo que formei-me eng eletricista (faz tanto tempo que acho que fui colega do Faraday) meu cunhado médico ( e colega do Avicena) solicitou-me um estudo sobreaparelhos para uma técnica chamada TENS (algo como Trans-Electrical Neuro Estimulation, devia estar em latim, na época). Ela consistia de uma mistura de acupuntura com geração de frequências (ele que não me mate com este comentário) de diversos tipo (timbre?). Se usa isto hoje em dia em fisioterapia, mas desconheço a evolução.
    Explodir pedras dos rins (Litotripsia) também é uma forma de geração de som (não necessariamente audível, digamos assim). Aliás, se realmente a história bíblica das trombetas de Jerió aconteceu, taí a explicação física.

    Por fim, há um estudoafirmando que células tumorais cerebrais são destruídas com pagode e funk. Aliás todas cerebrais….

  5. Ah,
    uma curiosidade sobre cura de câncer.
    Num livro do Carl Sagan (nome próximo a Em Defesa da Ciência …) ele diz que, quando não hava tratamento para cãncer, alguns regrediam e até ficavam curados. Isto se explica pela teoria de sistemas, eles entram em colapso.
    Obviamente hoje não mais ocorre assim, pois nenhum médico vai deixar de dar um tratamento por esperar que o paciente tenha sorte.
    Ora, ele cita casos de cura de cancer por pessoas que foram o Santuáro de Lourdes e comparou com a estatísticas dos casos de regressão espontânes. O primeiro era menor….

  6. Há um grande equívoco na matéria, vocês não notaram? Não é pam-pam-pam-pam, mas tan-tan-tan-taaaaan. Zelemos pela 5ª.

    Agora falando sério: que alguma coisa diferente acontece quando ouve-se o som alto, nos atingindo fisicamente, do que quando usamos fones de ouvido, isso eu percebo e não sei explicar. Parece mesmo que somos atravessados pelas frequencias e timbres, enquanto nos fones há uma fabulosa ressonância mental, mas sem aquele apelo físico quase heróico-erótico.

    tan-tan-tan-taaaan

  7. Em particular, eu acredito que os efeitos sonoros sobre as sélulas estão relacionados com os pulsos na defasagem de dois ou mais tons tocados simultâneamente (desde o: unissono, a oitava, a quinta, a quarta, a terça maior e menores, a sexta maior e menor, desemborcando nas setimas e nonas e, indo até o trítono maior grau de rúido (dissonancia) introduzido na música). E levando em conta também o nivel de intensidade (energia) sonora.

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