Já imaginou ouvir BACH CANTADO EM ÁRABE? O Milton Ribeiro acaba de compartilhar aqui OUTRA (abaixo) ária da Paixão segundo S.Mateus, que também está ótima, embora com abordagem um pouco diferente. Mas confesso que esta “Compadece-te” me tocou mais. Ah, é sério: acho que vou passar o 11 de setembro ouvindo isto: uma TREMENDA afirmação da nossa humanidade comum, para lá de todas as mentiras escrotas com que querem nos separar!!!
Obs.: aqui não tem alteração NENHUMA no que Bach escreveu: só muda o estilo de puxada de arco e de ornamentação na linha do violino, e analogamente na voz: além do estilo de ornamentação, usado discretamente, tem a colocação da voz mais no fundo, dando um timbre característico da mulher árabe que também se ouve em tantas portuguesas…
O original alemão é quase inteiramente em cima das palavras “Compadece-te de mim, meu Deus”. Tenho a impressão de que a pessoa que fez o vídeo associou isso com a condição das mulheres nos meios muçulmanos mais fechados (embora isso não seja de modo nenhum uma exclusividade desses meios!!!)
Ralf Rickli, no Facebook
Aproveitando essa reflexão sobre Bach… encaixo essa outra.
Muito recentemente vi isso http://www.youtube.com/watch?v=q5ONBm8QHUw
Tenho muitas restrições culturais ao que ele representou, porém nessa releitura de Lennon&McCartney “o cara” teceu efetivamente sua assinatura sobre a específica canção.
Sei que Bach é Bach, Lennon é Lennon e Jackson é Jackson; contudo, um fio condutor os une: a arte. E de certa maneira, em planos reversos da vida, Bach, Lennon e Jackson pagaram um alto preço por sua arte: Bach, por sobrevivência, se subordinou aos poderosos de sua época…; Lennon foi o único artista pop assassinado em nossa época; e Jackson com seu triste fim: a perda total de sua identidade.
Talvez essa seja a sina para aqueles que, efetivamente, dentro de seus limites, construíram pontes efêmeras entre o profano e o sagrado. Tais figuras, cada uma a seu modo e cultura, são a prova cabal de que a mediocridade de cada período histórico tem que ser superada. Em poucas palavras: a nossa diversidade, no fundo, é o que nos une, e impulsiona, no sinuoso caminho da evolução. Come together!
Em tempo ainda. Outra figura que pode ser colocada dentro do contexto acima é o nosso querido dr Sócrates e seu drama…
HUMANA PROFECIA
by Ramiro Conceição
Em tempos terríveis,
quando a herança é o medo,
é bom acender uma fogueira
para que todos se aqueçam;
assim, talvez,
poucos bêbados alumiem-se
com palavras de entusiasmo – e êxtase!
Porque a Vida
pra alguma coisa celestina se destina.
Viemos de estrelas, para lá retornaremos.
Eis a humana profecia: do pó – à Poesia!
Não sei se Bach se subordinou aos poderosos de sua época, não, amigo Conceição. Ele foi, de certa forma esquecido pelos “apreciadores de música” de sua época – e de gerações posteriores – exatamento pq não fez a “músiquinha” que eles queriam. Ousou voar mais alto, explorar todo o seu genial veio criativo, prá desgosto e “desprezo” deles …, MAS PRÁ NOSSO DELEITE!
Grata, a todos vocês acima, pelas pérolas em videos e palavras.