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  1. Que inveja!

    Os meus viajaram. Estou aqui perdido, solitário, mais preocupado que meus orientandos, corrigindo dois mestrados para defesa em Março. O que me salva é que estou, concomitantemente, a fazer poesia… Por paradoxal que pareça.

  2. Ramiro, tua poesia é muito boa! Continue nos brindando. Um abraço. Já que não sou poeta, vou publicar uma poesia do grande e verdaeiramente imortal, Mário Quintana.

    A criação da Xoxota

    Mario Quintana

    Sete bons homens de fino saber
    Criaram a xoxota, como pode se ver:
    Chegando na frente, veio um açougueiro,
    Com faca afiada deu talho certeiro.
    Um bom marceneiro, com dedicação,
    Fez furo no centro com malho e formão.
    Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno,
    Forrou com veludo o lado interno.
    Um bom caçador, chegando na hora,
    Forrou com raposa, a parte de fora.
    Em quinto chegou, sagaz pescador,
    Esfregando um peixe, deu-lhe o odor.
    Em sexto, o bom padre da igreja daqui,
    Benzeu-a dizendo: ‘É só pra xixi!’.
    Por fim o marujo, zarolho e perneta,
    Chupou-a, fodeu-a e chamou-a…
    Buceta!

  3. Ary, acho que essa poesia não é do Mário Quintana. Eu já li isso em outro lugar, e era uma coletânea de poemas eróticos de caras como Gregório de Matos, Castro Alves, etc.

  4. Ary, duas observações:

    1) a primeira, uma errata: no poema “Como?” há um erro de pontuação, separei o sujeito do verbo.

    2) quanto ao poema de Quintana: desconhecia-o. Consultei a rede e, realmemente, ele aparece como sendo de Quintana. Contudo, por amar profundamente o poeta, me parece difícil tal autoria. Há uma salutar ironia nos versos, mas pareceu-me um pouco machista, grosseiro, não encontro a palavra exata; é muito difícil, para mim, acreditar que, um dos tradutores de Proust, escreveu aqueles versos associados ao pescador, pois a dita-cuja, quando amada, na verdade, tem o odor e o sabor dos mares, você não acha, Ary? Portanto, se for verdade a autoria, creio que foi um deslize do poeta. Afinal, todo escritor tem seus deslizes, não é?

  5. Em tempo ainda:
    nessas coisas sobre uma específica literatura, e o autor dela, deve-se ter extremíssimo cuidado.
    Não sei o contexto no qual Quintana escreveu, ou disse, ou ficou registrado, o mencionado poema. Talvez, à epoca de tal escritura, Quintana quizesse reagir contra o lirismo falso da poesia. Talvez quisesse escrever versos realistas contra uma moral hipócrita que imperava, e impera, no Brasil. Não sei.
    O que sei, creio, é que jamais Quintana seria grosseiro contra a mulher. Talvez, até, magoado. Mas não Grosseiro… Coisa ao contrário do que aconteceu com Nietzsche que, em várias passagens de sua obra, menospreza, sem qualquer dúvida, a mulher.
    Tenho cá pra mim que, é praticamente impossível de provar, se Nietzsche tivesse tido um filho, e se não tivesse sido vítima da sífilis, não teria reavaliado muito do que escreveu. Mas isso é coisa pra muita, muita, discussão.

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