O Escrivão de Polícia sentou-se à mesa e escreveu:
Por ser provocador, por não acreditar em deus, por ter dito isto sempre, por sentir-se superior a quem acredita, por gostar desmedidamente de mulheres, por gostar muito de música, por gostar desmedidamente de literatura, por amar o S.C. Internacional, por ser um glutão, por gostar desmedidamente dos amigos, por defendê-los das iniquidades, por não ser acomodado, por incomodar a acomodação de outros, por gostar de rir desbragadamente, por correr sem ser atleta, por ler mensagens de outros grupos no Facebook, por gostar desmedidamente de cinema, por gostar de criticar internamente, por gostar de externar tais pensamentos em palavras por escrito, por amar Bach, por sofrer eventualmente de hipobachemia, por ser gentil, por ter a baixa auto-estima diagnosticada três vezes e nunca ter se tratado, por não perder piadas, por rir fora de hora, por admirar os seios das mulheres, por desprezar suas bundas, por nunca torcer pela Seleção Brasileira, por manter um blog anônimo, por ser estar sempre insatisfeito, por ter roubado muitos livros, por ter sido processado inutilmente uma vez, por ter sido processado inutilmente duas vezes, por dormir cedo, por acordar às 6h, por nunca ficar doente, por gostar de Bergman e Tarkovski, por ter tido dois filhos, por amá-los incondicionalmente, por ter sido mau aluno, por ter sido o melhor da turma, por dever, por bocejar sem tapar a boca, por enfiar o dedo no nariz quando sozinho, por tomar muitos banhos, por peidar ruidosamente pela manhã, por ter conseguido tocar a sétima de Bruckner de e na cabeça quase sem nenhum erro e no tempo total certo, por ler tudo sobre estética literária e musical, por achar que o Fausto de Mann é maior de todos os livros, por fazer os outros falarem desbragadamente, por desbragadamente ouvi-los, por muitas vezes detestá-los, por ter tantos livros, por ter muitos CDs, por querer mais, por querer mais dos outros, por não querê-los, por trepar pouco, por não ler todos os e-mails que recebe, por nem sempre atender o telefone, por gostar de caminhar, por caminhar pelas ruas como se fosse um personagem de Machado, por ser irônico e debochado com quem conhece, por fazer o mesmo com quem não conhece, por pensar mal das pessoas, por gostar de volantes que saibam jogar e centroavantes fincados, por ter conhecido Londres e Verona, por achar todas as orientais feias, por mentir em coisas sem importância, por exagerar, por não gostar de óperas, por ter opinião, por ter interrompido seu trabalho voluntário — o maior trabalho político que uma pessoa sem talento pode cumprir — , por esquecer de fumar os charutos cubanos que tem em casa, por fazer comentários com nomes falsos, por não gostar de dançar, por gostar que orquestras toquem música escrita para orquestras, por querer os roqueiros tocando rock e os sambistas samba, por todos os pecados que cometeu, por todos os que cometeria, por uma série de motivos que seria longo explicitar e, fundamentalmente, por roncar à noite, sua mulher, de forma inteiramente justificada, coberta de razões, matou-o a golpes de machado na madrugada de ontem.
E, por minha mulher estar fazendo Direito, servi de modelo para um assassinato perpetrado pela fictícia filha, repetidamente abusada, de um fictício cidadão de São Vendelino (imigração italiana) que já olhava a fictícia neta com certo interesse. O sangue era ketchup. Como o vermelho estava muito claro no primeiro momento, fui besuntado também de molho choio — a garrafa está na primeira foto, ao fundo. Os cortes foram feitos com batom. Por mentir a seus sete leitores.
Adendo: não tem muito a ver com a minha história, mas abaixo está o depoimento improvisado, após apenas uma leitura, da vizinha. Tudo isso para o trabalho de aula. Vejam a notável atuação de sua colega Roberta Reginato — sem letras duplas, mas nascida em Cacique Doble (RS).
Depois daquele relatório, até eu estava pronta para matá-lo!
Deveria acrescentar: por achar que tem apenas 7 leitores.
Eu não o mataria por isso, porque eu fui incluída nesses números depois de muita insistência!
Esta crime nem Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Miss Marple, Charlie Chan e Tintin e trabalhando juntos desvendariam: na verdade o vítima tirou a própria vida aplicando varias nucadas contra um machado, após beber meia garrafa de molho choio.
Nossa, quer dizer então que a Claudia te matou?
E que ela pode te matar outras vezes?
hum, interessante isso!
hahahaha
Verdade!
A imprensa realmente é corrupta e mentirosa. A informação que nos chegou aqui através de blogs progressistas (como sempre, seriíssimos e idôneos) é que o cadáver foi encontrado castrado e com os testículos e pênis inseridos na boca.
E mais: laudos dos médicos legistas, em primeiríssima mão, revelam que as marcas do pescoço são mordidas desferidas na vítima, e que Milton foi encontrado, indubitavelmente, mordendo a fronha. A imprensa golpista não notificou esses fatos. Evidente postura do politicamente correto em acobertar tendências geográficas e vícios étnicos notórios.
Tendências geográficas é o caralho!
Pela undécima vez: SOU GAÚCHO MAS NÃO PRATICO!
Já que, mesmo morto, você consegue escrever sobre este fatídico acontecimento, poderia nos enviar uns posts do Além… são mesmo 11 mil virgens? Você fica pulando de núvem em núvem, fofinhas e branquinhas?
Encontrou o porteiro Pedro e as chaves do Reino? Daí de cima (ou de baixo?) dá pra ver o que sua mulher continua a fazer aqui neste vale de lágrimas?
Seu blog póstumo será comparado com um tal de Brás Cubas, certamente.
Êta chinelinho perrenga!
O que um blogueiro não faz para chegar a 10 leitores… tsc…tsc…
Porra, Nikelen, me desmascarando publicamente?
Digno de matéria “especial” do Fantástico, Milton. Vergonhoso.
E os erros de continuidade? Tá lá o shoyo estendido na mesa! A luminária em várias posições! Q chinelagem!
A alpargata em diversas posições. A mão sobe e desce o travesseiro. Francamente, o ator é canastrão!
Texto maravilhoso. E tu costumas dormir de burços é…?
Acho que o Marcos que foi o mandante eim
Sinto te desiludir. O policial que fizesse o levantamento do local tiraria algumas fotos, somente para ter com que trabalhar até chegar o laudo da Criminalística, e escreveria um relatório sucinto, dizendo que foi informado do crime a tantas horas, que chegou o local e encontrou o corpo na cama, que não havia vestígios de luta, o que indica que a vítima foi atacada enquanto dormia, etc. Na DP, relatando o fato aos colegas, a conversa é outra: “Cara, a mina detonou o chinelo enquanto ele tava dormindo. Rebentou os cornos do vadio a machadada. Fez uma esculhambação do caralho. Bem feito, esse puto andava estrupando a própria filha. Tinha mais é que se foder mesmo. Já foi tarde. E ainda morre de madrugada, pra encher meu saco. Vai tomar no cu”.
Poesia pura.
KKKK.
Há um tempo eu atendi um acidente de trânsito, com vítima fatal por atropelamento. Onze horas de uma noite de inverno, chovendo a cântaros. Enquanto os peritos faziam o levantamento do local, eu fiquei pensando que era um fim de vida triste pra caramba. Em vez da família lamentando a perda, 04 policiais e dois peritos querendo acabar com aquilo logo para sair da chuva.
Postei num grupo sob a legenda “Considerem-se vingados”.
PQP!
Seu fdp! Fiquei uns dias sem acessar o blog, vi a chamada no Sul 21 e levei um susto. E nao, o trque nao rendeu o aumento na quantidade de leitores. Apesar de nunca comentar, sou a oitava leitora desconhecida.
Vida longa e mais do mesmo, ou seja, seus ótimos textos.
A relevância do Milton é tão evidente que vão ter que contratar 6 carpideiras no interior do Estado para chorar o morto no dia do velório.
Milton, já que apesar de morto, continua muito “vivo”, agradeço ter ajudado a salvar o curriculum da Joana Vasconcelos. O VARAL já fez um Update na postagem, e amanhã, faz um novo post, reabilitando a artista do lamentável engano. Agradeço a Ana Rodrigues pela informação.
Achei que ela tivesse te avisado também!
“…por achar que o Fausto de Mann é maior de todos os livros…”. É, tem mais é que morrer mesmo.
Milton, apenas um reparo nessa tragédia toda: o relato em nada se parece com a ‘linguagem típica’ de escrivão de polícia. Esse, estudou!
Estudou pouco… Sempre achei isso de mim.
Estereótipos, Ery? Todo policial é burro?
…E quem vai limpar toda aquela sujeira, hein?