O último Bloomsday e a necessidade de falar sobre o livro me fez ler a segunda tradução de Ulisses no Brasil, a de Bernardina da Silveira Pinheiro (888 páginas). E, logo depois do evento, comecei a ler a terceira, a de Caetano Galindo, que chama o livro de Ulysses. Quando li Ulisses pela primeira vez, no final dos anos 70, lembro de ter pensado que era um livro com excesso de personagens homens e da curiosa música da prosa de Joyce por Houaiss. Detestava falar sobre o livro, pois achava que minha leitura era muito inferior do que a requisitada por Joyce. Eu tinha perdido o jogo, simples assim. Perdi o pudor ao ler Bernardina e minha impressão foi a de que havia sexo em tudo, permeando, ligando e afastando personagens. Agora, faço ainda outra leitura: capto muito humor na tradução de Galindo. Isto é causado por mim ou pelos tradutores?
E qual é a melhor tradução? Não sei responder. O que sei é que me apaixonei três vezes por Ulysses e que nunca estarei à altura dele, mas que isto não é de todo mau. Trata-se de um romance, de uma obra de arte, não de um quebra-cabeças. Estou bem feliz na página 285. Ao mesmo tempo levo um livro de Eliane Brum e outro sobre o Vaticano na bolsa, só que o desafio de Ulysses torna boba a concorrência e, quando abro o zíper, sempre vou no livrão. Amanhã, no ônibus, vou de novo nele.
Eu estou com essa mesma tradução aqui, à espera…
Logo logo vai aparecer o desinfeliz de um pedante leitor de livros difíceis para dizer que o próximo passo é ler O Arco-Iris da Gravidade. Êta turminha petulante!
:¬))