O caso João Carlos Martins e a Ospa

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O candidato a André Rieu brasileiro

Ontem tivemos um concerto regido por João Carlos Martins na Ospa. No passado, Martins foi um grande pianista, um excelente intérprete de Bach, mas depois uma série de acidentes e circunstâncias fizeram com que ele perdesse o movimento das mãos. Hoje, aos 72 anos, Martins atua como uma espécie de André Rieu brasileiro, regendo música ligeira e batucando lamentavelmente um piano com os três dedos que ainda lhe atendem. Vê-lo tocando é triste tanto para os olhos como para os ouvidos, é algo que busca despertar nossos sentimentos de pena, que toca muitas pessoas facilmente suscetíveis a situações do tipo ele-está-lutando-contra-a-adversidade ou e-mesmo-assim-ele-é-feliz. Não é proibido e muita gente gosta, mas, na minha opinião, a vaidade de Martins é tão grande que mesmo a exposição de suas deficiências como pianista serve a seu ego sedento de espectadores. E ele encontrou um público que ouve seus discursos e o  aplaude, feliz. Não é mais arte, não é mais música erudita, é a utilização de prestígio para tocar movimentos sinfônicos ou nem isso. Ontem por exemplo, ele apresentou um retalho do Bolero de Ravel, pois talvez lhe falte resistência física ou não sinta interesse do público numa audição integral.

Antes de perder os movimentos das mãos, Martins teve uma rumorosa passagem pela Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo. O prefeito era seu amigo Paulo Maluf. Atualmente, Martins é réu em um processo onde é acusado de corrupção. Segundo o revista Veja (há links na página):

Como empreiteiro dono da Paubrasil, o pianista recolheu quase 20 milhões de dólares em caixa dois para as campanhas de Maluf. As construtoras Paubrasil e Entersa,– das quais Martins era sócio,– cometiam fraudes contábeis para esconder do Fisco o quanto faturavam e a maneira como empregavam seus recursos. Desta forma, ficavam livres para financiar as campanhas do político. Em 1993, ano em que Paulo Maluf assumia a prefeitura de São Paulo pela segunda vez, a Receita Federal descobriu que a Paubrasil – empresa do pianista João Carlos Martins – havia recebido doações clandestinas para as campanhas eleitorais de Maluf nos anos 1990. A proprietária de um imóvel alugado pela Paubrasil denunciou que ali funcionava uma confecção que fazia uniformes para a empresa e também material de propaganda de Maluf. Em 2009, o caso de corrupção rendeu-lhe uma condenação a dois anos e nove meses de prisão – período substituído por pena restritiva de direitos – por crime contra a ordem tributária. O maestro entrou com recurso e aguarda julgamento.

Não creio que tenha, em toda a minha vida, assistido a um concerto pior do que o de ontem

A Ospa é uma orquestra pública, financiada pelos contribuintes através de impostos, e penso que devemos considerar dois aspectos. O primeiro é o artístico. A Ospa deve servir ao que der e vier? Ontem, a exigência artística era tão rala que a orquestra entrou despreocupada, sem a menor concentração, tocando mal obrinhas populares que tiraria normalmente de letra, talvez irritada com a indulgência para consigo e para com o público. Porém, observando as caras das pessoas que assistiam o concerto, via-se um indiscutível encantamento de gente que normalmente não comparece aos concertos. Isso é educar e formar público? Certamente NÃO. Uma experiência de décadas nos diz que aquelas pessoas não irão aos concertos “sérios” e transcendentes, onde serão tocadas obras completas do modo como foram compostas. O público de ontem era formado basicamente por pessoas de mais de 40 anos que estavam com pena do pobre pianista com dificuldades. Na última oportunidade em que esteve em Porto Alegre, Martins apresentou um curta metragem com sua história artística e médica. Houve lágrimas na plateia… Era um público de Hebe Camargo, não o da música. Como se comprova nos países onde a música é mais desenvolvida, não é com concessões que se atinge a música erudita, é com o acesso fácil a ela. Neste quesito, os casos da Venezuela e da Inglaterra — eu escolho pegar como exemplos países bem diferentes — são absolutamente exemplares.

O outro aspecto é o moral. OK, o caso de Martins ainda não foi inteiramente julgado. Coube recurso e este é um direito seu. Porém um governo do PT deveria pagar um cachê — certamente dos mais altos cachês deste ano — justamente para um apoiador de Paulo Maluf acusado de corrupção? Precisa mesmo? E o estado legalmente pode pagar alguém com as acusações que pairam sobre o ex-pianista? Para fazer aquilo não seria melhor resgatar da aposentadoria o maestro Tulio Belardi e seus concertos populares onde ele até cantava tangos para a mesma plateia extasiada?

Bem, deixo para meus sete leitores estas interrogações.

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68 comments / Add your comment below

    1. O que o motiva é a estupidez do público que curte Rieu, Clayderman dentre outros. Esse senhor tinha tudo pra ser um pianista bom, fazer um trabalho decente e honesto. Baseado nas suas atitudes e informações sobre, de repente, suas mão voltarem a funcionar, como passe de mágica, tenho o direito de, pessoalmente, não acreditar em nada do que aparenta ser. Para mim é um expressivo desperdício de talento que movimenta com maestria cifras consideráveis de recursos financeiros e judiciais. Talvez tivesse condições de fazer boa música se não estivesse “montado” nela.

      1. o senhor Paulo Sergio anda mal informado!além de se basear ” no que ouvi dizer” poderia ter provas para falar que como passe de mágica as mãos dele volto a funcionar ,o senhor JCM está em tratamento e as mãos deles ainda não estão funcionando e uma das mãos não funcionara nunca!!! que não tem nervo nem músculo, ele implantou um chip ,como o autor Paulo José, que voltou a atuar e ter mais qualidade de vida ter feito a mesma cirurgia para melhorar seu Parkinson,o JCM está em um processo de estudo com mesmo chip que pós cirurgia ele esticou o braço esquerdo que estava encolhendo por ser uma doença degenerativa ….ahhhh não sei se você é músico mais tenho certeza que se oferecessem uma vaga na orquestra dele lá vc estaria,pq lá se paga um salário descente aos seus músicos ,quais também também a uma das melhores orquestra do pais Osesp ,outro detalhe que tem muitas pessoas que vivem do salário desta orquestra,se o senhor Paulo sergio fizer uma orquestra descente ainda sustentada pela iniciativa privada faça um favor contrate estes Músicos que como oportunidade de primeiro emprego trabalham ao lado de grandes profissionais já consagrados que outrora disseram as mesmas palavras que o senhor!!!

        1. Eu não sei se você é musico Leonardo, mas eu sim sou e já fui convidada para participar dessa orquestra e não aceitei pois já tinha tido a experiência de trabalhar com o João Carlos Martins. Existem limites mesmo quando se precisa de dinheiro e um deles se chama comprometimento com a sua profissão. Ganhar dinheiro alto por um trabalho medíocre se chama prostituição e isso eu não faço. Se alguém faz, problema deles porém isso não significa que é certo, então não é justificável dizer que paga bem, não importa. Músico vive a favor da arte, quem faz música SÓ por dinheiro está na profissão errada.
          Até que enfim alguém falou sobre esse assunto. O povo brasileiro não pode ser subestimado e conto os dias para esse senhor se aposentar e viver feliz com os milhões que ele desviou e deixar a Música com pessoas sérias.

        2. Para os autos: o grande Paulo Sérgio Santos notabilizou-se inclusive pelo ato de, décadas atrás, se demitir de uma conceituadíssima orquestra sinfônica nacional pura e simplesmente em nome, digamos, da autonomia artística.

      2. É triste pessoas sem conhecimento musical e sem informações, escrevem o que quer, afinal caneta aceita tudo, sou fã do Maestro e se todos os Concertos Brandenburgueses e Suites Orquestrais de Bach, as Noves Sinfonias de Beethoven, que já tive a honra de assistir sob a regência de João Carlos Martins, são peças leves faça um tratado para que o público possa saber o que são peças importantes. Concordo com Luigi Veronesi, inveja mata.

    1. Eu acho que é o contrário, Felipe. Elitista é a postura que a gente ouve de alguns artistas ou produtores culturais que, quando diante de uma platéia leiga, dizem: “O que a gente fizer hoje eles vão achar ótimo”. Quem apresenta qualquer coisa pressupõe que quem não tem cultura engole qualquer coisa, não vai notar a diferença mesmo. Pra eles – veja esse “eles” como uma oposição a “nós, os cultos” – não seria necessário oferecer qualidade porque nunca alcançariam a sensibilidade necessária para isso. E como alcançarão se essa qualidade não lhes for oferecida?

      Seja o público leigo ou não, cabe lhe mostrar o melhor possível em termos de repertório, execução, interpretação, etc. No caso de um concerto clássico, João Martins já não está na sua melhor forma, e ele mesmo reconhece isso. Como já disse antes: não entendo a motivação desse pianista em continuar. Ele pode ser um exemplo de vida e de superação, mas são coisas para outra ocasião, um outro tipo de conversa.

      1. Respeito tua opinião, mas não tem por que a OSPA atender públicos que jamais se interessarão por apresentações como vocês estão defendendo. Não estou dizendo que ela devia atender só este público, mas este também.

        Assim como muita gente gosta de samba e nunca vai gostar de bossa, não importa o que aconteça, e não tem por que a gente querer convencê-los que deviam.

  1. Estive na apresentação anterior deste Maestro, e decidi não participar desta. O constrangimento já foi suficiente. E logo nos dias seguintes em que esteve em Porto Alegre, o Martins foi tema da Escola de Samba vencedora do carnaval em São Paulo. O povo realmente gosta deste tipo de histórias!
    O Sr. pergunta se um governo do PT deveria pagar o cachê que pagou para um malufista envolvido em denuncias de corrupção… Ora, cavalheiro, pergunte se o Lula apertaria a mão do próprio Maluf!

  2. Triste esse comentário do Milton, concordo com o Felipe, mania de intelectual ditar o que as pessoas tem que gostar, como se fossem os únicos conhecedores do que é cultura !!!

      1. Olha, eu vi ele em uma apresentação recente, com a OSPA e o Borghetti (apresentação fechada para um laboratório de remédios) e ele se apresenta como maestro. Portanto, eu diria ex-pianista.

      2. Ele é um excelente vendedor de projetos culturais com o viés da inclusão social. Consegue levantar cifras poderosas para sua Orquestra Bachiana, que realmente atende a jovens carentes. Mas quando foi tocar no Carnegie Hall tratou de enxertá-la com diversos profissionais ganhando cachês muito bons.
        Em minha opinião, nem mocinho nem bandido. Aliás, como qualquer um de nós.

        1. Acho que ele realmente faz um maravilhoso trabalho com sua orquestra. Acho que ele foi um ótimo pianista (é só olhar os videos no youtube) e minha opinião é de que quem não gosta dele não vá mesmo em suas apresentações. Talvez seja pura inveja de ser um músico anonimo enquanto ele mesmo com a fatalidade que acometeu continua na música ao invés de se acomodar. Quanto a corrupção é outro assunto.

        2. Aprecio tanto música erudita quanto popular mas como não tenho ouvido afinado eu me eximo de comentários tecnicos. Mas se o maestro com os títulos que tem faz algo parecido com o Instituto Bacarelli, ótimo. Moro em cidade com 400 mil habitantes, rica, várias escolas superiores e de música erudita, porém com 109000 habitantes no mais baixo nivel de pobreza. Se o maestro João Carlos Martins fizesse algo para afastar, apenas afastar, nossos jovens do trafico eu daria graças a Deus.
          Quanto ao oportunismo, ele é universal e nos persegue desde que a história existe. Perdi ua asinatura vitalicia da Folha da Manhã quando era virou FSP e me lembro bem das estrepulias do Sr. Hoover (30 anos) lá no Norte.

    1. Desliza convenientemente sobre o abismo semântico existente entre as duas categorias e, last but not least, esquivando-se simultaneamente aos critérios de excelência de ambas.

  3. Que eu saiba, a inclusão do João Carlos Martins na programação foi uma exigência do Presidente, Dr. Ivo Nesralla, já para o ano passado. No ano passado as agendas da OSPA e de JCMartins não coincidiram, este ano, lamentávelmente, sim.
    Infelizmente, é a realidade…

  4. Milton, eu tive uma noitada regada a vinho ontem e estou bem devagar hoje; por isso, não entendi: a rapaziada aí tá te acusando de elitista e demais cobras-e-lagartos porque você, um apaixonado por música erudita, está criticando a evidente mediocrização da orquestra de sua cidade e do pianista-maestro que a rege? Não à toa não me assombrei hoje ao peguntar por celular a um colega meu de curso de história, que há uma semana não o via, se ele sabia quem havia morrido segunda-feira. Ele:” claro que sei. Foi a Hebe Camargo.” Eu disse o nome do outro recente defunto e ele respondeu: “Ué? Não vi nenhuma menção na tv!”

    Aceite um conselho que ao qual eu estou quase aderindo: feche o blog; delete o PQBach. No máximo, se a comichão dessas redes sociais for forte demais, monte um blog onomatopéico.

    Tche-tche-re-re-te-tê, a boçalidade e você.

  5. O ponto de vista do Milton é simples de entender: quantas orquestras sinfônicas no RS? Uma?

    Infelizmente os fãs de Rieu, Clayderman ou quem gosta de ver a OSPA executar temas populares (e como “populares” entenda-se as partes de obras clássicas mais conhecidas, como temas de filmes de Hollywood, valsas e ainda participações especiais de Borguetti ou Yamandu Costa) acham fantástica que a OSPA possa fazer isto.

    Agora, se ponham no lugar de caras como Milton: gente que ama música clássica ter que dividir a única orquestra da cidade (e que ainda, na opinião dele, não está muito bem de repertório…) com toda esta gente chata? Nem entro no mérito deste maestro.

    Deve ser, que nem ir ao show do Pink Floyd em Porto Alegre e ter que ouvir os caras tocarem “Canto Alegretense” e Gildo de Freitas só porque é popular no RS.

    O problema então, é a falta de orquestras. Ponto.

    Já que é a única, deixa a OSPA exclusiva para o repertório clássico.
    E ainda aguente um cara gritando “toca Raul”…

  6. Milton…
    .
    No caso do João Carlos Martins, será que tudo se resume num “ele-está-lutando-contra-a-adversidade ou e-mesmo-assim-ele-é-feliz”? Será que esse cara, que chegou a tal nível de Bach, não esteja desesperadamente a procurar um sentido ao que resta ainda, e assim não dar cabo dela num relâmpago? Qual a dimensão da experiência subjetiva de alguém que um dia foi um dos maiores em sua erudição, mas que, agora, simplesmente, não consegue executar sequências triviais por mais que tente? Será que não há música no silêncio dos músculos da face do músico extraordinário que agora ficou mudo? Então como ficam os doentes que um dia amaram seus seres queridos mas que, hoje, movimentam apenas a lágrima de amor ao dizer: “ainda te amo!”. Será que somos somente uma competência objetiva e, depois, com os acasos deletérios da vida, viramos seres descartáveis aptos somente às amarelas redomas desses condomínios, à espera do caminhão esmador de mazelas? Será que fomos só o acontecido; e agora diante da presente inviabilidade de ser – passamos à categoria de inúteis? Mas… o que fazer com a música deixada, gravada, que inspirará os novos por nascer? E qual é o valor daquele tempo gasto, simplesmente, para se atingir o inusitado daquela sequência de notas? E o valor do amor perdido, unicamente, à construção da arte?
    .
    Não posso acreditar que tais seres – semelhantes ao Martins – foram corruptos. Com certeza, creio, que foram fundamentalmente ingênuos ao se misturarem a uma podridão que não deixará legado algum; a não ser, é claro, a esperteza de ser “experto!”. Não posso acreditar que um ser tal qual o Martins, reconhecido a nível mundial por sua arte, procuraria tirar vantagem de associar-se a um RATO DE ESGOTO que, após a morte, não terá respeito algum, nem sequer no seio da própria família covarde!: não nos esqueçamos de que o sujo dito cujo, já no alto de sua velhice, e vigarice!, foi enjaulado junto com o próprio filho!… Não consigo imaginar outra tal colossal degradação para o término de tal vida escrota.
    .
    Quanto à questão do estado de pagar a alguém com acusações pendentes na justiça, creio que tal fato é um problema do estado e não do ex-pianista. Ora, por ser um ingênuo viciado, creio que, sinceramente, o Martins seja completamente a favor de resgatar a aposentadoria do maestro mencionado.
    .
    Bem, deixo tais questões em aberto. Afinal, quem sou eu que já ficou mudo de medo?

    1. O Maestro Martins está incomodando aos elitistas só por um motivo…a elite ainda quer deter para si o monopólio do que se chama de “Cultura” neste país. Martins, em diversas entrevistas, sempre explicou que o que ele quer, não é ter públicos da elite, ou popularizar a música chamada erudita, mas fazer com que pessoas das classes mais humildes tenham acesso à esse tipo de música. Há diversos talentos pelo Brasil afora, entranhados nas favelas, nos mangues, nos roçados, nos sertões, nos pantanais, nas florestas, mas, INFELIZMENTE, nosso país não tem mais no currículo escolar (ensino público principalmente) a matéria MÚSICA. Pode até ter ARTES, mas a música tem que ser uma matéria à parte, pois é complexaz para aprender-se apenas de modo superficial. Por que os países do chamado “primeiro mundo” têm tantos talendos músicais? Simples…por terem a matéria música (inclusive com a escolha de um instrumento pelo aluno) em seus currículos escolares. Martins tenta, infelizmente sem sucesso, fazer a sociedade brasileira como um todo ACORDAR para esse fato e DEIXAR A HIPOCRISIA DE LADO. Sim, hipocrisia de pessoas que, assim como quem escreveu esta matéria, se acham no direito de ROTULAR o trabalhop de alguém. Por favor, assistam o desenho animado Ratatoile (acho que se escreve assim, ou parecido, não lembro) e verão a si mesmos no personagem que é um crítico de culinária. Cresçam, deixem de ser rotuladores, deixem de querer ser do “Brasil ditador”. Aprendam que quem constrói este país são todas as pessoas, principalmente aqueles que vocês querem impôr suas regras absurdamente ridículas e arbitrárias. Tenhma educação e aprendam a respeitar o ser humano. Alguém que já tocou para platéias na Europa e EUA, vocês realmente acreditam que depende de vocês e suas opiniões medíocres? Se acreditam, precisam de, no mínimo, um bom terapeuta.

      É isso.

    2. bem, pessoal.. ouvi e li muitos comentários sobre o que se tem passado nessas últimas apresentaçõles da OSPA, Penso que a questão não ser erudito, popular, etc… esquecem-se os cultos, eruditos, os etc… que ópera era um teatro popular? de rua? hoje é que é feita entre quatro paredes a preços impossívels (pelo menos no Brasil) de serem pagos pelos mais interessados dos populares menos aquinhoados. Vocês já assistiram a Filarmônica de boston… falei Boston… tocando Metálica (roque pesadíssimo) sob a regência de um de seus mais eruditos e perfeccionistas maestros? pois assistam. é de emocionar. Já ouviram um quarteto de cellos virtuosos, finlandeses, chamado Apocalíptica tocando Metálica? Iron Maden e outras peças… já os ouvi, também tocando o nosso Villa Lobos… emocionante. Então… questões pessoais não invalidam o brilhantismo artístico de ninguém. Se vão em direção ao interesse de uma parcela da população, qual o problema?… posso não ir, não gostar, mas respeitar. Há diferenças entre não gostar, achar rudimentar, por “N” questões e estar horroroso. o público não sofre de uma idiotice coletiva. só tem suas preferências. ou sa be o que o encanta. E não tem vergonha de manifestar-se Querem maior “vendido” nas artes que Salvador Dali… é venerado no mundo inteiro… era uma artista que sempre estava ao lado do rei, do ditador… do lado de quem mandasse mais… tivesse mais poder… é tanto assim que pessoas eruditas, que se dizem conhecedoras (acho que arte não precisa conhecer… e sim, apreciar… deve fazer bem aos ouvidos, olhos, tocar nos sentimentos), escrevem tratados dos mais rudimentares desenhos do Dali, os quais não colocaria na casinha do meu cachorro (embora entendendo que possa fazer parte de um processo criativo, fase, etc… mas não que seja arte…). bem.
      Acho que o que precisa falar é: pessoal, hoje tem um programa mais popular, restrito, com fragmentos de obras, etc, etc. etc… ou, pessoal, hoje teremos os mais clássicos e eruditas peças… e aí pode viajar, também.. Tem púlvico para tudo. Falei. Abraço a todos.

  7. O autor do texto também está fazendo confusão do mesmo tipo que fez a direção da OSPA. Acredito que, quanto ao valor artístico, Milton Ribeiro tenha se saído bem, mas acho que não podemos deixar de apreciar artistas somente pelo seu posicionamento político, ou podemos? Corremos o risco de cair numa lógica absurda, em que se leve em consideração o ponto de vista político, e não o significado da arte. Será que não pode haver nada interessante no fazer artístico de um criminoso, por exemplo?

      1. Rocco, Acho melhor ler novamente o artigo….você é quem está “deixando escapar alguma informação”. A matéria cita sim a vida política passada de Martins. Há de se ressaltar que, em diversas entrevistas e na própria justiça ele já apresentou documentos provando que foi mais vítima do que infrator. Estão nos anais da impresna brasileira. Pena que o autor da matéria acima “fingiu” não existirem essas defesas, talvez por questões políticas dele, autor desta matéria, por querer usar isso contra candidato que seja adversário do candidato dele, ou que ele apóia.
        Aliás, isso é o que mais tem na política, principalmente aqui no Brasil, alguém acabar com a moral de outro, só pra tentar derrubar politicamente alguém, quem nem é a pessoa atacada.
        É o Brasil-sil-sil-sil…

        É isso.

  8. Eu acho que a liberdade de expressão é louvável, mas merece limites, estive no concerto, vejo seguidamente as apresentações da OSPA, não sou público Hebe Camargo e discordo do que foi dito acima. Acredito que foi uma apresentanção emocionante, onde deve-se levar em conta as limitações claras do maestro, e se ele não fosse uma pessoa querida e que chamasse o público, o teatro não estaria lotado e com fila de pessoas querendo ouvi-lo e vê-lo.. Ele se apresentou lindamente, a osquesta tocou com a mesma maestria de sempre, pois os músicos, independente da regência, sempre fazem sua parte da melhor forma possível. Mas na vida sempre é assim, nunca se agrada a todos.

    1. Suzana e José Mattos… que bom que li até o final porque tem um monte de gente “metida” escrevendo nessa coluna, e também preconceituosa. JCM foi um ótimo pianista, é só ver os videos no Youtube… e apesar de tudo que aconteceu em sua vida mostrou ser um homem de coragem e com grande amor pela música. Tanto que deu um jeito de continuar no meio artístico e dá a oportunidade a vários jovens carentes de aprender a amar e executar a música. Acho que isso tem que ser levado em consideração. O Sr. Milton Ribeiro gosta muito de criticar, mas já fez algo assim em sua vida? Acho que criticar uma pessoa assim é pura inveja… Inveja de alguém que é querido (tanto que o teatro lotou), inveja de alguém que está sempre na mídia, inveja de alguém que vai atrás de seus objetivos. Escrever num blog contra é fácil, difícil é fazer tudo o que ele já fez e continuar sorrindo e encantando as pessoas por esse país a fora. quem não gosta de JCM desligue a tv quando ele aparecer e não vá em suas apresentações. Temos o livre arbítrio de ir e vir, e admirar quem toca nossos corações, seja qual for o motivo disso. E a apresentação dele com a OSPA NÃO TEM NADA A VER COM O PASSADO POLITICO DELE, é música, é cultura. ele foi aplaudido de pé… quantos de vocês que escreveram já conseguiram isso?
      Tentem ajduar uma entidade, uma orquestra em formação. Depois contem o que fizeram de bom.

  9. Milton Ribeiro teve a coragem de dizer o que muita gente gostaria.
    João Carlos Martins foi um grande pianista e não necessita fazer esse tipo de teatro, sim, teatro para comover a platéia.
    Absurdo! Ridículo!

  10. Concordo com isso e mais um pouco. Só faltou mais coragem de dizer que não é um caso isolado do Martins. As grandes orquestras, em geral, quando vão ao interior, fazem isso…

    É uma pena. Mas eles que se vendam e ganhem dinheiro e espaço vendendo o corpo! Essa orgia musical não têm minha audiência. Só assisto à grandes interpretes, que trazem com sua música a sinceridade.

    Sem mais,
    Amadeu Rosa

    1. Realmente este Martins é um charlatão diz que ajuda sem ajudar; explora alguns pobres coitados e com isso engana o povo brasileiro que vive de sentimentos não buscam a verdade.
      Imaginem que ainda vai lançar um filme, que horror!!!

      Parabéns pelo brilhante artigo.

  11. Caríssimos,

    Confesso que me diverti lendo o artigo e comentários, deixo claro que minha intenção de aqui também comentar (desculpem) não é entrar na polêmica, que diga-se de passagem, muito pertinente. Desejo sim parabenizar Milton Ribeiro, o autor, pela simples e grandiosa coragem de escrever o que muito já ouvi, mas não em li em lugar algum. Uma pena não estar publicado em revistas renomadas de grande distribuição. É válido esboçar meus votos que o RS invista em nossa querida OSPA, há muito tempo merece mais atencão. Abraços.

    1. Veroni, há diversas publicações sobre o caso sim, mas na época em que veio à tona (faz tempo já…).
      Porém, também há já nos arquivos da imprensa, as defesas de Martins, que ganhou, inclusive na justiça.
      Em diversos programas de entrevista (inclusive no Jô Soares e na Gabi) ele explicou o caso todo, sem engasgar em momento algum (típico de quem mente é ficar engasgando enquanto pensa no que dizer, mesmo os que mentem melhor). Se você pesquisar, certamente encontrará.

  12. Os critérios aqui no Brasil sobre boa música, projetos sociais e políticas públicas são muito questionáveis. Não sabemos o que está por trás de cada decisão nas deliberações de verbas.
    Quanto ao maestro e sua música, veja quem gosta, eu não me sinto atraído em saber nada sobre isso porque não faz meu gênero musical.
    Quase rolei de rir quando alguém criticou o Paulo Sergio Santos, perguntando se ele é músico e se fosse certamente tocaria na orquestra do Maestro. Pelo comentário, pode continuar indo nos shows do JCM.
    Quanto a politica, alguem espera ética?

  13. Bom, depois de ler esse artigo e os comentários pensei muito se deveria escrever aqui ou não mas decidi que talvez isso esclareça algumas coisas ao público pensante desse Blog.
    Fui músico da orquestra desse maestro (que todo músico profissional sabe que não é maestro de verdade) por longos e sofridos anos! Vou resumir então:
    O que o motiva? Dinheiro e muito!!
    Superação? Gente…ele veio de família nobre e rica, nunca faltou nada, muito pelo contrário. Superação é o cara que sustenta a família com um salário mínimo.
    Salários e oportunidades? Ahhh se vcs soubessem como realmente funciona lá dentro!
    Formação de público e repertório.

    1. O fato de Veja estar aí é por ser um veículo que costuma apenas atacar a esquerda e que provavelmente seria mais simpático a JCM do que a, por exemplo, Zé Dirceu. Só.

      1. O mais assustador é que se está a criar jurisprudência à condenação de alguém à privação de liberdade sem quaisquer provas efetivas da consumação do delito. Ou seja, o STF transformou um processo jurídico em político.

        Sem dúvida, é uma das maiores barbaridades cometidas contra a sociedade civil brasileira. Daqui para frente – vale tudo! (Desde que se tenha o respaldo da grande mídia que passou a ser o efetivo terceiro poder. O judiciário a partir de agora é apenas o codjuvante a fazer escada, na comédia).

  14. Bom, depois de ler esse artigo e os comentários pensei muito se deveria escrever aqui ou não mas decidi que talvez isso esclareça algumas coisas ao público pensante desse Blog.
    Fui músico da orquestra desse maestro (que todo músico profissional sabe que não é maestro de verdade) por longos e sofridos anos! Vou resumir então:
    O que o motiva? Dinheiro e muito!!
    Superação? Gente…ele veio de família nobre e rica, nunca faltou nada, muito pelo contrário. Superação é o cara que sustenta a família com um salário mínimo.
    Salários e oportunidades? Ahhh se vcs soubessem como realmente funciona lá dentro!
    Formação de público e repertório? Dane-se o repertório, o que interessa é aparecer no Faustão, Hebe, Jô Soares. (Não estou julgando os apresentadores nem o público desses programas)
    O que eu aprendi com ele? Música? Como tocar em orquestra? NÃO!
    Aprendi sobre Marketing pessoal! Se ele quisesse seria o presidente do Brasil.
    PARABÉNS Milton Ribeiro pela coragem de ser um dos poucos a criticar o que muitos não querem enxergar!

  15. Fico muito triste com este tipo de comentários feitos neste blog, pois, como ex funcionário da ospa, e tendo o maior apreço por esta entidade, e atual funcionário da produção do maestro João Carlos Martins, vejo quanta coisa escrita aqui não tem fundamento.
    Em primeiro lugar, gostaria de comentar o fato catalisador desta infeliz crítica (apesar de respeitar o gosto do sr Milton). O fato do Bolero de Ravel não ter sido tocado na sua íntegra NÃO, repito, NÃO se deve ao fato do maestro João Carlos Martins não ter resistência física para o mesmo, pois, não faz muito, fizemos um concerto inteiro de RAVEL, incluindo o Bolero, La valse, entre outras peças do mesmo compositor (e todos aqui sabem que o repertório de Ravel é pesado), mas aconteceu de ser executado na forma como foi executada, única e exclusivamente por um pedido da própria OSPA que, também não é segredo para ninguém, passa por sérias dificuldades financeiras (este repertório exige músicos extras, contratações, enfim).
    E em segundo lugar, o sr. Milton faz referencia aqui ao cachê (que nas palavras dele “certamente dos mais altos cachês deste ano”), pois bem, o valor dos cachês da OSPA são valores padrões, sabemos que (como falei acima) a OSPA tem problemas orçamentários, portanto não tem condições de pagar um cachê alto, o valor de cachê para o maestro João Carlos Martins foi um valor praticamente simbólico, pois o intuito do concerto era exatamente o de arrecadar verba para o teatro.
    Creio que o sr. Milton, deveria, antes de fazer qualquer comentário sobre qualquer assunto que seja, se inteirar dos motivos pelos quais o fato se sucedeu desta ou daquela forma, e assim falar e criticar(construtivamente) o correto. E outra coisa, a cultura deve ser apolítica, assim como está sendo feito no RS (visto que a mesma direção da OSPA passou pelos governos do PMDB, PSDB e PT).
    Nunca se vai agradar a gregos e troianos, o importante é que sempre tenhamos a mente aberta para aceitar os gostos e os desejos dos outros.

  16. Eu também sou contra esse tratamento condescendente.
    Com tanto regente bom por aí, e com tantas possibilidades de convidar músicos locais competentes, trazem essa figura que hoje é só uma figura midiática.
    E, infelizmente, enquanto o caso não for julgado, e ele foi considerado inidôneo para licitar e contratar com a Administração Pública, ele pode, sim, ser contratado. Infelizmente, repito.
    Agora, isso, essa fascinação pelos personagens midiáticos, não é de hoje que habita o universo dos concertos e apresentações musicais. Deve ter a ver com o complexo de viralata de muitos “gestores” da cultura.

  17. O MIlton teve coragem de falar, mesmo parecendo cruel, de coisas muito mais profundas e que vão além, mas muito além. O concerto foi um desaster do ponto de vista artístico, um desencontro frustrante, e um exemplo de práticas de coitadismo, que não suporto! Então, dentro do contexto da falta de qualidade e condições no trabalho, se a orquestra não tivesse respeito por si mesma; e pelo ser Humano que estava ali na frente, poderia ter tocado exatamente o que foi regido e sairiam tudo muito ruim. Gritaria não rege uma orquestra, gritos não fazem um grupo ficar junto, não somos uma manada, o que rege uma orquestra é técnica, o respeito, o carisma e a humildade de verdade. O concerto poderia ter sido uma tragedia Homérica, inesquecível, se seguíssemos o maestro. Desculpa a franqueza, eu preferiria ter falado no privado, mas nao me contive… O que o Milton falou é a voz da maioria dos músicos, mas entendo que poucos têm coragem de se juntar a ele! Afinal, tambem, já passou! Desculpa qualquer coisa. Não estou aqui para ofender um amigo e muito menos jogar M no ventilador!!!

  18. Esse senhor foi diretor da minha faculdade há dez anos atrás. A faculdade de música já possuía minúsculas instalações para nós alunos, o prédio era antigo e este senhor simplismente ocupou duas salas de aula, faz uma sala imensa para ele com ar condicionado, um mesa gigante, poltronas confortáveis e pendurou seus enormes auto-retratos na parede, enquanto nós alunos ficávamos reclusos em salas pequenas e desconfortáveis. Essa imagem de coitadinho é lorota. O que ele sempre gostou foi de DINHEIRO, PRESTIGIO E PODER.

  19. Esse cara é o maior charlatão da história da musica clássica no Brasil, consegue superar o rival Julio Merdáglia (na verdade não sei quem é pior) ! Tenho nojo da forma como ele expõe o Brasil no exterior com seus falsos discursos, sua musica de péssima categoria e suas piadas idiotas para um publico que com suas lagrimas se mostra em um classificação ainda pior. Espero que esse ponto critico seja compartilhado e que esse caljorda em forma de musico e maestro perca forças para continuar enganando esse publico leigo! Bravo ao critico…

  20. É UMA VERGONHA PARA O BRASIL TER UM MUSICO COMO JOAO CARLOS MARTINS…. EXPLORADOR DE MUSICOS…!!!! E SE FAZ DE COITADO… FIZ CACHE 3 VEZES NA ORQUESTRA DELE E NUNCA ME PAGARAM… SEMPRE ME ENROLARAM,… ISSO É A VERDADE…

  21. Pessoas interessadas em cultura do nosso Brasil……nosso País está atrasado, convenhamos. Não podemos gastar nossa energia em questões filosóficas como fizemos hoje aqui na nossa querida Poços de Caldas, na Orquestra Sinfônica da cidade, com os mesmos embates que estou vendo no site. Enquanto tentamos ser o salvador do mundo com nossos comentários, pessoas no mundo afora fazem trabalhos brilhantes e nem ficamos sabendo. Por que falo isso? Anos e anos trabalhando com um sonho por uma orquestra de Cordas na minha cidade Maravilhosa que é Poços de Caldas, e por acaso…….Google…….descobri ………um site…..que me fez sentir na idade da pedra em relação à música aqui no Brasil……é uma companhia de música nos EUA, que pensa não em ideias grandiosas, mas no BASICO que é o que mais precisamos…….podemos nos aproximar de todos, eu repito TODOS, das crianças aos mais velhos com um trabalho como o desta empresa em cada cidade do País, sem muito alarde, propaganda desta ou daquela pessoa.
    http://www.fjhmusic.com/index.htm
    Peço a todos que divulguem e me desculpe se alguem ja faz algum trabalho semelhante aqui no Brasil, o que desconheço. Deixemos a política de lado, e façamos o trabalho grão por grão……..

  22. Caro Milton,
    Não sei se é do seu conhecimento que Maluf é um dos principais apoiadores do candidato petista à prefeitura se São Paulo e que o PP hoje integra a base se apoio do governo federal. Será que a OSPA está servindo de moeda de troca?

  23. Milton,

    A edição deste mês da Revista Concerto tem exatamente ele na capa.
    Por que você não atualiza o artigo e manda para eles publicarem na próxima edição como um contraponto?

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