Em O Sétimo Selo, Antonius Block joga uma partida de xadrez com a Morte. Faz exatamente o que fazemos todos os dias: jogamos uma longa partida ao final da qual estaremos derrotados. A extraordinária cena em que Antonius Block vai a um confessionário e, em vez de um padre, é atendido pela própria Morte é das cenas mais notáveis criadas por Ingmar Bergman. O fim do diálogo, quando Antonius fica feliz por meramente jogar, é surpreendente e uma demonstração, digamos, de toda a irreligião e de todo o Strindberg que havia no meu diretor preferido.
Essa cena me deixou perplexo por alguns dias. É uma das mais belas da história do cinema. Muito boa lembrança!
Sem dúvida, é o melhor filme que eu já vi até hoje. O que pode ser mais fundamental para o Homem do que a Morte, a existência de Deus, o Amor, a Solidão e o sentido de própria vida?
O filme é inspirado no Livro de Apocalipse, o qual, segundo os mais ignorantes, trata unicamente de uma Besta, um demônio chifrudo e malvado representado pelo número 666, que iria invadir a terra e subjugar todos os seres humanos.
O que poucos sabem é que o Livro de Apocalipse foi escrito em linguagem simbólica e, por isso mesmo, deve ser lido e interpretado assim. É preciso desvendar a simbologia numérica que orientou João (não o apóstolo) a redigir aqueles enigmáticos versículos.
Ao contrário do que muitos pensam, o GRANDE número do livro é o SETE. Sete igrejas, sete trombetas, sete estrelas, sete candeeiros e, finalmente, sete selos. O sétimo selo representa a anunciação de uma série de flagelos necessários ao homem que deseja redenção. O enorme castigo que antecederá o progresso da mente superior sobre a mente inferior. 666 ou 616 (há alguns tradutores que preferem o 616), segundo a tradição judaica da Cabala, representa a sujeição da mente superior (transcendente) à mente inferior (materializada). Nada de demônios chifrudos que andaram servindo de inspiração para bandas de rock.