Senhores Conselheiros: não soneguem aos sócios a oportunidade da manifestação democrática

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Por Bruno Zortea
Advogado e sócio colorado Nº 545.022, matrícula 087125.00

Estamos nos aproximando de uma decisão importantíssima para o Sport Club Internacional. Contudo, esta não passa pelo gramado, nem pelas hoje quase ausentes arquibancadas. Amanhã, quinta-feira (8), os rumos do clube serão decididos nas entranhas do Conselho Deliberativo, onde se dará a disputa entre as três chapas postulantes ao comando do clube no próximo biênio.

O evento de amanhã deveria ser apenas o prólogo da eleição real, aquela em que os associados do clube do povo decidem quem serão os merecedores de conduzirem sua paixão pelos dois anos seguintes. Porém, e há sempre um porém em tudo, corremos o seríssimo risco de vermos este inalienável e sagrado direito de escolha retirado de nós por questão burocrática. Com efeito, a previsão da chamada cláusula de barreira — a qual só dá acesso ao segundo turno a dois candidatos com mais de 25% dos votos no Conselho — visa evitar a participação no pleito final de algum “aventureiro” ou “cabeça-de-bagre” que pretenda apenas aparecer, tumultuar e dificultar a escolha do associado. Por falar em “cabeça-de-bagre”, lembramos que dirigente ruim é como jogador ruim, uma hora acabará jogando e comprometendo.

Entretanto, a meu juízo, não é o que se verifica entre os três postulantes ao cargo máximo do Colorado, vez que são pessoas sabidamente comprometidas com seus projetos para com o Internacional há muitos anos e que representam correntes consolidadas dentro do clube.

A grande questão é a possibilidade de apenas um dos candidatos romper a tal barreira e redundar numa patética eleição indireta, totalmente à revelia das bases democráticas de uma instituição que conta com mais de 100 mil sócios. Ou devemos considerar que o associado é tão somente uma massa de manobra que deve apenas pagar a mensalidade, torcer para que o conselho acerte na escolha e ser posteriormente convocado a apoiar o time de forma incondicional, até quando é derrotado por “rebaixatários” dentro do Beira-Rio?

Contra isso eu me ergo, como devem se insurgir todos os associados, sem procurar desafetos. Não podemos admitir que os escolhidos para o comando do glorioso Internacional não passem pelo crivo do voto direto. Essa eleição precisa ser decidida no pátio. Vivemos uma fase de transição e a próxima direção não pode iniciar a necessária reformulação no elenco sem o respaldo da torcida.

É inegável que muitíssimos erros foram cometidos, que este foi um ano perdido, mas se os dois próximos também o forem, só teremos outra oportunidade de mudar o presidente após a Copa de 2014! O grande problema que viceja no Internacional hoje parece ser uma deletéria mistura de ressaca, continuísmo e conformismo, na expectativa de que alguma solução mágica nos recoloque na senda de vitórias.

Não acredito que o atual modelo de gestão se encontre ultrapassado ou esgotado — pelo contrário, estratégias semelhantes se mostram altamente eficazes em outros clubes — , a questão é que os atuais mandatários não souberam ou não puderam traduzir seus atos e investimentos em um time. Alguém se aventura a lembrar a ultima atuação convincente do Internacional? Estamos tão saturados com o conformismo que já sabemos de antemão as desculpas para os constantes reveses. Ninguém mais aguenta o “pensar jogo a jogo”, as lesões, as convocações, a defesa dos atletas “com biografia”, etc.

As últimas notícias, por exemplo, confirmam a total falta de rumo no comando do futebol: um atleta que há pouco tempo foi nosso capitão (vai entender), hoje se especula que será dispensado; outro que também foi nosso capitão e que estava totalmente fora dos planos — talvez por decisão própria — deve jogar no próximo domingo. Cadê a convicção, onde está a política de futebol? Daqui a pouco deverão começar a falar em grupos dentro do vestiário. Da mesma forma, o modo como foi tratada a questão com a Andrade Gutierrez traduziu-se em meses de angústia da torcida, corneta e exposição negativa de nossa imagem.

Resumindo, a torcida colorada merece, após este ano medíocre, o direito de ir às urnas e indicar por quem pretende torcer, vaiar ou cornetear nos próximos dois anos. O momento é sim de união, mas não entre os diversos movimentos políticos do clube e sim entre este e a sua apaixonada torcida. É preciso que a próxima gestão possua legitimidade, e esta, convenhamos, não advém dos salões acarpetados do conselho, e sim do primitivo cimento do pátio, irmão da arquibancada, onde a torcida tantas vezes se somou ao time em suas conquistas.

Senhores Conselheiros, da mesma forma que não vamos a campo pelos jogadores e sim pela camisa, não iremos às urnas pelos senhores, mas sim pelo glorioso Sport Club Internacional.

Por favor, não nos soneguem a oportunidade desta importante manifestação democrática. Não aprontem mais essa. Segundo turno já!

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3 comments / Add your comment below

  1. Amigo, muito claro o teu comentário, só que eu pessoalmente vejo como uma manobra de provável oportunismo. As regras eram claras e definidas. Nada foi feito para mudar as regras e nem os sócios foram alertados. Fica agora a lição. O sócio é o representante do torcedor comum, porque nós estamos a todo o momento com outros torcedores não associados. O representante do sócio são os conselheiros, colocados lá em sufrágio pelos sócios. Natural então que se abra uma ponte ligando TODOS os sócios a TODOS os conselheiros. Não digo por email individual, pois este na certa acaba “esquecido” de ser aberto e vira em nada. Mas um local, tipo fonte de escuta, onde a cada periodo mande noticias aos sócios e faça indagações e perguntas. Ai sim, o conselho saberá o resposta da maioria do povo colorado, por uma mostragem de respostas dos seus sócios, representantes da torcida como um todo. Não serão então justificados atitudes que venham de encontro ao pensamento da maioria. Poderia permanecer o direito de voto apenas após 2 anos, mas os sócios que dispuserem meios de contato com o Conselho teriam o direito a receberem indagações e fazerem perguntas e sugestões. Uma delas, porque não? O Estatuto Eleitoral do clube. O que precisa mudar. Então entendo que nossa luta não termina nesta eleição, pois haverão outras e se algo deve ser mudado que mudem logo e ainda aumentem o acesso dos sócios ao Conselheiros do Internacional.

  2. Colorado Bruno: A questão não é, como afirmas, “burocrática”. Esta é a regra vigente. Dia 15/12 haverá eleição para renovação de 150 conselheiros. A Democracia deve ser aprimorada portanto vamos ajudar. Vote Convergência Colorada.

  3. Estou muito surpreso, ou decepcionado com o vexame de ontem, algo muito pior que qualquer ‘mazembaço’; sinceramente, nem sei o que vou fazer com meu ‘coloradismo’ nesse momento. Fazer o que? O futuro do Internacional no biênio 2013/4 é nebuloso, tenebroso e todos os adjetivos negativos que se queira emprestar a esse contexto. É demais não só pra minha cabeça, mas para as de todos por aqui. É uma sensação de derrota, a pior que eu já nutri no que se refere ao futebol. É como se o Internacional fosse derrotado pelo Gremio e, por consequência disso, rebaixado para a B do Brasileiro. Creio que muitos por aqui pensam o mesmo.

    Quanto ao Convergência, terão que ser muito mais do que são para ascender a presidência em 2014. Mas antes, terão que se livrar de potenciais ‘Dianas’…

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