As surpresas que o Google Reader me traz

O Google Reader é um leitor de feeds, isto é, é um local onde você pode ler vários blogs, bastando inscrevê-los. O meu tem uns 200. Os posts vêm em ordem cronológica. Como ele é rápido, às vezes a gente se depara com posts que foram publicados e logo, minutos depois, deletados por seus autores.

Ontem à noite, acompanhei o desespero de um blogueiro que postou o mesmo texto várias vezes, sempre com um título diferente, o qual revelava uma crescente exacerbação de seu ódio. Não devo revelar o tema porque o cara seria facilmente descoberto. Hoje, fui ver se ele tinha conseguido desovar a coisa. Não. Havia um novo post dizendo bem assim: “Este blog receberá atualizações a partir de 2 de janeiro. Feliz ano novo…”.

O caso mais legal ocorreu faz uns 20 dias. Um diretor de teatro estava puto por não ter recebido o Prêmio X. Dizia que não tinha visto todos os julgadores em sua peça e sugeria que só por isso tinha ficado a ver navios. Como vão avaliar minha peça se não a viram? Pressenti que o post seria deletado e o gravei. Acertei na mosca. Passados 15 min, fui ao blog do cara e o post tinha sumido.

Acho que eu nunca desisti de postar nada e acho curioso esse negócio. Os não-posts são normalmente furibundos, descontrolados mesmo. Estou aprendendo a reconhecê-los. E por que seus autores só se assustam após a publicação, tendo os posts ficado apenas alguns minutos no ar?

5 comments / Add your comment below

  1. Há tempo de ver, tempo de pensar e tempo de conclu ir. O impulsivo, porém, já conclui antes: age! Com a instantaneidade da informática, o arrependimento vem tarde…

  2. É, Milton, você relata um fenômeno interessantíssimo, que há muito me preocupa: a rede é um instrumento efetivamente macabro! A possibilidade de, quase instantaneamente, qualquer um se colocar socialmente diante de qualquer questão é um simbólico presente de grego, digamos, mefistofélico; pois ao permitir um aparentemente poder sedutor quase sem limites, ou seja, uma onipotência; por outro lado, cobra um preço – a alma, a essência, daquele que a utiliza e, pior, congela o tempo, o contexto, no qual tais coisas são ditas ou escritas. Para complicar, há uma ideologia hegemônica que nos submete às pressas às respostas imediatistas. Sim, o Fausto de Goethe nunca foi tão atual. O que estamos a viver é a prova cabal de que o poeta – ou num sentido mais geral, o artista – é também um profeta… do bem ou do mal.

    1. LUAGOOGLE
      by Ramiro Conceição
      .
      .
      Na luagoogle, escrevi
      novamente, entre aspas, o nome seu.
      E a busca que não mente qual sempre
      respondeu-me que o seu amor era eu.

      Como consertarei tal desatino,
      se o coração é teimoso em ver
      a sua lua que flutua no caminho
      a alumiar o sol do bem-querer?

      Existe somente uma saída:
      escrever um verso a mais
      e lançá-lo aos outros cais.

      Assim talvez no tempo da vida
      deixemos a estrada do jamais
      e, enfim, nos tornemos reais.

Deixe uma resposta para Ramiro Conceição Cancelar resposta