Poema da buceta cabeluda, de Bráulio Tavares

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A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.

A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.

A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.

Tela de Georgia O`Keeffe
Tela de Georgia O`Keeffe

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4 comments / Add your comment below

  1. BOCA D’ALMA
    by Ramiro Conceição
    *
    *
    Entre as loucuras prefiro aquela dum beijo,
    pois com a inocência um pacto tenho feito.
    Por isso escrevo sempre… com calma.
    À luz da canalha, a boca termina no cu.
    À lamparina da poesia, termina n’alma.

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