Curitiba, Praça Tiradentes, 1937

Um tanto irresponsavelmente, fiz algumas pesquisas no Google que envolviam Curitiba. Procurei um texto de um morador arejado que descrevesse a cidade. Abrindo o texto, procurei a palavra “conservador”. Havia (há) 7 ocorrências da palavra. O Cristóvão Tezza insiste e insiste na palavra. Talvez fosse casual.

Outro teste. Por associação, achei natural que houvesse grandes manifestações integralistas realizadas pelo avós dos atuais curitibanos. Procurei fotos em Porto Alegre e Curitiba. A superioridade de registros fotográficos deste gênero tupiniquim de extrema-direita na capital paranaense era flagrante sobre Porto Alegre. Fui ver se Plínio Salgado não tinha nascido na cidade. Não, ele era paulista. Até, certa vez, elegeu-se deputado federal pelo Paraná porque seria mais fácil…

Segui navegando e encontrei este registro integralista de 2011 em Curitiba. Nada em Porto Alegre.

Agora, vejam esta foto de 1937:

É muita gente, meus sete leitores. Não encontrei nada deste tamanho em outra cidade brasileira.

E, para completar, encontrei este recentíssimo registro no Facebook, escrito pelo curitibano André Feiges e que ornamenta e completa de forma muito coerente a mesma foto acima.

Não é à toa que somos como somos, vejam nosso passado (quase) recente… a quantidade de simpatizantes fascistas em Curitiba é absurda. A foto é duma demonstração integralista, realizando saudação nazista na Praça Tiradentes em 1937.

— Comentário: Muita gente interpretou mal a descrição que coloquei na foto, pois bem, cabe-me explicar. Não se trata de legitimar nenhum movimento repressor e totalitário, pelo contrário, acredito é preciso compreender nosso passado para lidar com um problema presente, que é a existência de grupos neonazistas. Quando coloco “nós”, quero dizer “nós curitibanos”, e portanto trato de algo inegável, pois “entre nós curitibanos” há diversos simpatizantes fascistas, e sabemos todos disto.

Há exatamente uma semana atrás um destes grupos perseguiu e assassinou um jovem a facadas na região do Centro Histórico de Curitiba. Não foi um fato isolado, estes grupos há poucos meses assassinaram outro rapaz, por motivação homofóbica. E anteriormente já o fizeram por motivações racistas e xenofóbicas.

Reconhecer a existência de fascistas, nazistas, racistas, homofóbicos entre nós é uma necessidade para dimensionarmos o tamanho do problema e elaborar estratégias de enfrentamento.

Negar os fatos é impedir sua mudança.

Apesar do gestual, os integralistas costumam negar suas relações com o fascismo.  OK, Anauê!

5 comments / Add your comment below

  1. A foto é interessante e reveladora.

    “Apesar do gestual, os integralistas costumam negar suas relações com o fascismo.”

    Da mesma forma que os socialistas. Ambos possuem a mesma raiz.

  2. Irritante esse argumento, o mesmo do Marcos Feliciano, de que não é contra o homossexual, mas a favor da “família tradicional”. Eles supõe que se “liberarmos” o ser gay, todo mundo vai ser e a família será extinta! Se assim for, família é um trem fraco mesmo hein?
    Mas assim não é, eu tô aí pra provar, sou a favor dos direitos dos gays, tenho muitos amigos gays, fui padrinho de um casamento gay outro dia (mas me recusei a vestir traje esporte fino!) e sou casadão tradicional com esposa fiel e tudo, um mulherão. Cada um na sua uai!
    Se o amor heterosexual e a família são coisas boas, não precisamos temer seu fim.
    Não, esses facistas não defendem a família!

  3. Sim, havia muitos fascistas no Paraná na década de 30. Mas foi no Rio Grande do Sul que Mengele se escondeu em 63. Ficou tão à vontade, que teria chegado a realizar experiências genéticas com a inocente população da cidade de Cândido Godói. Como resultado, assistiu-se um crescimento recorde de gêmeos no lugarejo… http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI24803-15228,00-NAZISTA+JOSEF+MENGELE+CRIOU+CIDADE+DOS+GEMEOS+BRNO+RIO+GRANDE+DO+SUL+DIZ+LI.html

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