Horas depois do papa anunciar aos céus que mesmo os ateus podem ir para o paraíso após suas mortes, o Vaticano divulgou um comunicado fazendo uma importante retificação: nada disso, crianças, ateus vão para o inferno. Eu aceito numa boa o veredito.
Em adendo, o Vaticano emitiu uma “nota explicativa sobre significado de salvação”, explicando melhor essa coisa falsa de Bergoglio prometer o céu àqueles que estão engajados em boas ações (meu caso), incluindo os ateus. O Rev. Rosica, porta-voz do Vaticano, deixou bem claro: todos aqueles que conhecem a Igreja Católica, mas recusam-se a entrar nela ou dela fazer parte não poderão ser salvos. Estou aliviado, garantido no inferno, em desgraça metafísica irreversível.
Todo esse papo não saiu de minha imaginação ou de textos da Idade Média, são atuais. Então, em resumo, nós, ateus, vamos para o inferno. Parece uma conversa infantil, mas há adultos discutindo essas coisas. Depois me chamam de fútil por gostar de futebol, que não salva ninguém, mas diverte.
Meu inferno
Meu inferno é um território invisível
descrito pela pretensão daquele que o vê.
Meu inferno é um mundo onde até as palavras
são capazes de produzir a intolerância absoluta.
Meu inferno é um mundo pequeno
habitado por criaturas menores ainda.
Meu inferno é uma cripta onde deuses mortos
ocupam túmulos vazios, e lá fora crentes rezam.
Meu inferno é um silêncio rompido
só por um gênero de música.
Meu inferno são os outros.
Minha teoria é que no inferno deve ter muito sexo, drogas e rock and roll e que no paraíso devem ter anjos tocando harpas.
Bah, o inferno parece ser bem mais divertido.
arpa sem H ficou horrível ….
O único inferno que me interessa é aquele do ensaio soberbo do Borges sobre o a idéia do mesmo no Cristianismo.
E inferno por inferno, sou mais aqueles terríveis do Budismo Mahayana ou aquele Hades Sadeano onde Tantalus é torturado de sede e fome ad aeternum