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  1. É um estado clássico de transfiguração lisérgica. Há uma capítulo de Freud sobre isso, no Psicopatologia da Vida Cotidiana, que se intitula muito especificamente “Sentir-se como um peixe voando com um casal de camponeses medievais nas costas”.

  2. Já que estamos a falar de Arte… Peço licença, pra lembrar de alguém que a viveu inteiramente, até o fim…

    http://www.youtube.com/watch?v=9e_A1ZRDFI4

    À época, não existiam essas droguinhas que viciam e emburrecem terrivelmente e que são tudo – menos um reles telefone… Porém, ainda bem, que alguém viu, sorriu, chorou e amou o teatro de Cacilda Becker… Então – que as palavras efêmeras descrevam a beleza e a tragédia do mundo…

    ATRIZ
    Carlos Drummond de Andrade
    A morte emendou a gramática.
    Morreram Cacilda Becker.
    Não era uma só. Era tantas.
    Professorinha pobre de Piraçununga
    Cleópatra e Antígona
    Maria Stuart
    Mary Tyrone
    Marta de Albee
    Margarida Gauthier e Alma Winemiller
    Hannah Jelkes a solteirona
    a velha senhora Clara Zahanassian
    adorável Júlia
    outras muitas, modernas e futuras
    irreveladas.
    Era também um garoto descarinhado e astuto: Pinga-Fogo
    e um mendigo esperando infinitamente Godot.
    Era principalmente a voz de martelo sensível
    martelando e doendo e descascando
    a casca podre da vida
    para mostrar o miolo de sombra
    a verdade de cada um dos mitos cênicos.
    Era uma pessoa e era um teatro.
    Morrem mil Cacildas em Cacilda.

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