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    1. Não há nada mais representativo do que o silêncio como resposta.

      A propósito, vi a tal parte I. É uma bosta, mas ainda assim melhor do que o execrável O Anticristo. Contudo, sei que na parte II ele tratará de nos encerrar de vez na sua torpeza mesquinha de corno. Um corno cheio de truques intelectualóides e pseudoeruditos; um Antonioni do século XXI. Se o próprio, no século XX, já era insuportável (opinião partilhada por François Truffaut e Max Ophuls, para ninguém dizer que estou sozinho no desprezo ao “grande cineasta”), imagina um paspalho do presente, com todos os “espetaculares” recursos digitais à mão… bleargh!

      1. Qualquer coisa é melhor que o Anticristo. A questão aqui é: pode ser até um exercício de paciência e masoquismo assistir a um filme do Trier, mas alguém consegue RE-assistir a um filme de Trier? Nem o Milton Ribeiro, com sua paixão toda, conseguiria. Não me imagino MESMO reassistindo O Anticristo ou Melancolia. E nem penso em gastar 4 horas da minha vida vendo essa bobeira da Ninfomania.

          1. Charlles,
            Eu também não gosto do Trier dos últimos dez anos. Ignoro quaisquer histórias pessoais ou fofocas sobre o Lars corno ao que o Marcos Nunes porventura teve acesso, e que explicariam a possível reviravolta fálica nos filmes dele.
            Ouve-se por alto algo sobre uma genérica e permanente depressão que acometeu o diretor.
            Mas pera lá. A trilogia inacabada do cara, o “Land of Opportunities” sobre a América, é bastante notável – Dogville e Manderlay.
            Notáveis não exatamente pela crítica pungente aos Estados Unidos, coisa que a Europa sempre produziu e foi pródiga, com mais ou menos originalidade, desde Freud, passando por Adorno e Sartre. Mas notáveis pelo menos pela nova forma narrativa cinematográfica que tanto o Dogville e o Manderlay propõem: uma espécie de experimento que transforma cinema em literatura e que iconoclastiza a imagem em prol da palavra.

          2. Dogville é excelente, como já falei aqui. O filme me tocou muito e eu o re-assisti e continuei gostando. Mas o Trier caiu no erro comum que acomete muitos mais artistas que pensamos, a de julgar ter atravessado algum avatar do gosto, a de ter sido arrebatado por uma visão original e única e que, após os clamores da crítica a uma obra-prima (no caso, Dogville, que afigura em várias listas dos cem melhores filmes), a simples linguagem do cinema não é páreo mais para eles. É assim com o que deveria ser o melhor escritor da lingua portuguesa, se ele não estivesse sofrendo da mesma pane, o Lobo Antunes, que tem livros maravilhosos, como Os cus de Judas e Esplendor de Portugal, mas que já há uma década ninguém mais lê, apesar dele escrever quase um livro por ano. Livros ilegíveis por estarem “acima da linguagem”, pela vaidade do autor não deixá-los ser, simplesmente, boa literatura. Eu estava assistindo ao ótimo O mestre, hoje, após tantos elogios lá na caixa de comentários de meu blog, e pensei: por que Trier não pode fazer como o diretor desse filme? Fazer um cinema contundente, forte, que realmente DIZ ALGUMA COISA, e não que SIMULA DIZER. Porque, convenhamos, Anticristo e Melancolia são tidos, pelos admiradores do cara, como “literários”, mas é literatura para quem está no estágio inicial da leitura sofisticada. Um pênis sangrando e um bloco de concreto aparafusado no tornozelo do cara, e aquelas pinhas da culpa chovendo por sobre a casa? Até Spielberg faz simbolismos melhores e mais avançados do que esse clichê freudiano. A menininha de vermelho no amplo campo em preto e branco da cidade devastada pelo progrom nazista, no A lista de Schindler, é muito mais tocante, mais chocante e cala mais que essas apelações do Trier. Há de se dar ouvidos aos que dizem que o escândalo nos dias de hoje é algo que deve ser evitado, porque nada mais escandaliza. O excesso de sexo como crítica ao hedonismo vazio é muito mais valioso de se ter nos livros monumentais de Houellebeqc, e não num cinema cujas cenas de sexo, mesmo esteticamente trabalhadas para ser brutais e desensibilizantes, não oferecem o recolhimento da interpretação em uma sala escura cheia de gente mastigando pipoca e um babaca e outro que grita “gostosa” e levanta e claque da platéia. Mais uma vez reforço aqui: Trier é o fetiche tardio e inofensivo de quem que passar uma de ainda viver os tempos interessantes de um Kubrick e de um Tarkovski. Trier oferece uma impostura esnobe de qualidade, e os espectadores que não consegue admitir a perca de 2o reais o ingresso e 4 horas de vida, aceitam sendo também impostores.

  1. Arrasando, matando a pau, um dos melhores casamentos entre musica e filme que se viu na historia do cinema. Vi Solaris do Tarkovski umas 3 vezes e espero ver de novo mais umas 3 vezes antes de morrer. O que dizer de um cineasta cuja tematica basica e o Tempo? Pelo menos e assim que vejo… Magistral.

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