Parabéns para nós que estamos passando nosso primeiro Dia dos Namorados dividindo o mesmo ar, a mesma cama, o mesmo guarda-roupas, quase a mesma comida (a minha tem leite), os mesmos filmes, os mesmos (poucos) livros, os mesmos amigos, o mesmo TRI, as mesmas preocupações, as mesmas pernas e braços, nós que rimos das mesmas coisas, que discordamos sem asperezas e no outro dia acordamos conciliados, que caminhamos perigosamente pelas ruas (ontem podíamos ser encontrados às 20h no meio da Redenção), que não calculamos, que temos sotaques diferentes, que fizemos uma longa viagem (em vários sentidos inclusive o da foto), que já temos memórias, incrível, já temos memórias, nós que sabemos que cada um é um estranho ímpar, mas que nos ajudamos em tudo, que tentamos sempre e a cada dia ser um par, que vemos que tudo ainda pode ser melhor pois ainda estamos melhorando e que combinamos não trocar presentes no Dia dos Namorados, mas que vamos festejar, é claro. Elena, eu sempre estou com desejo de estar perto de ti. E quando não estamos, fico pensando no que estarás fazendo e meio que fico lento porque começo a querer muito te abraçar.
(Hoje, no almoço, ainda lembrei de como chovia naquela quarta-feira em que eu comprava roupas para usar no dia seguinte e ia de novo para aquele hotel. Tu me ligaste na hora mais oportuna para dizer que tinhas máquina de lavar e secadora e que eu não podia ficar todo molhado na rua. Eu fiquei muito sem jeito, mas tinha que aceitar, ainda mais quando tu disseste que eu seria teu convidado. Sim, passamos por muitas coisas. Tudo foi tão aventuresco como se estivéssemos num filme de roteiro muito complexo mas todo fechadinho, tão fechadinho que tudo acontecia na hora certa com o objetivo de pôr fim ao desamor).
O dia é muito nosso, Elena.
Bacana, amigo. Tu estas mesmo muito apaixonado! Essa historia da roupa fica até romantica contada assim. Nós aqui tambem não trocamos presentes, so chamegamos mais!
“[…] cada um é um estranho ímpar, mas […]…
tentamos sempre a cada dia ser um par […]”
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Isso dá samba, ops!, digo, poesia…
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PS: nada de presentes nesse dito dia dos namorados…
O que efetivamente importa é o seguinte:
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Dois ímpares amorosos são um enamorado par ímpar.
Um par de estúpidos é apenas dois jumentos ímpares.
ELÍPTICO
by ramiro conceição
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Que instante é esse
onde um maduro olhar de amor
alumia… por inteiro…o escuro?
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Com matemática e fantasia,
estou a aprender uma astronomia
que explica o porquê que, elíptico,
o meu olhar gira em torno do seu.
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Então me beija, amor, enquanto é
tempo dos efêmeros crisântemos
pois, depois, tudo é incerto,
longo……………….e lento.
ANTÍLOPE ENAMORADO
by ramiro conceição
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Houve antes.
Existe agora.
Haverá depois.
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Meu amor,
por favor, aviva-te!
O sagrado da vida
é o incerto que nos habita.
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Na rua das castanheiras,
namoro o amor que mora.
Lá, rio, choro e te devoro.
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Quando o amor nos beija,
enfeitadas são com véus
as castanheiras…do céu.
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Agora existe,
na planície,
um perfume
com teu nome.
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Preciso de ti
porque canta
a castanheira
ao bem-te-vi.
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O que será de mim quando
porventura o teu sorriso passear
qual mar que leva um bardo à vela
grávido à fundura do amor bendito,
qual o antílope enamorado a farejar
no orvalho o sonho de um perfume?
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Meu amor… quando da despedida,
sejamos somente sementes à vida:
dádivas de lágrimas ao encontro com as marés
de onde viemos e das quais ressuscitaremos
estelares.
Rir das mesmas coisas. Acho que só isso já é quase tudo.