Atendendo a pedidos.
Domingo passado, eu vinha correndo pela Redenção
quando um casal ficou vivamente interessado
em minha pobre e decaída pessoa.
Eram dois homens de braços dados.
Não os conhecia.
Um deles,
careca e de óculos escuros,
gritou à minha passagem
enquanto balançava a cabeça
daquele jeito tsc, tsc, tsc.
— Não dá pra entender!!! Por que o ‘Porque hoje é sábado’ só tem mulheres???
E segui minha corrida,
conjeturando sobre as exigências dos sete leitores
de meu blog.
Escolha pra lá de boooooooa 🙂
Próximo dos 60, enfim rendido ao determinismo geográfico.
Pensei em algo mui semelhante, mas guardei minha nesga de veneno para outra oportunidade…
Finalmente!
AQUELES DOIS /1/
by Ramiro Conceição
Eram dois aqueles moços.
Um, moreno, era charmoso.
Meigo, era o outro, o louro.
Exótica harmonia…
Um, de pele negra, era Raul.
O outro, de olhar azul, Saul.
Daquela vez
se decifraram
aqueles moços:
Raul, do Norte;
do Sul… Saul.
Que sorte!
*
*
DESAFIO
by Ramiro Conceição
Cheguei a uma crua e incerta verdade:
nunca saberei quem sou e nem quem é
o outro, principalmente. É, sou apenas
aqui um coadjuvante… Tal qual todos.
Pelos corredores de cada personalidade,
há portas somente abotoadas. E por fora,
por toda parte, resta o rabisco da cidade.
Portanto, parece muito provável
que nunca saberemos da razão
do nosso rancor e muito menos
do porquê do coração às vezes,
ao mesmo tempo, ser amoroso.
O que nos resta é a tentativa de organizar uma festa
ao mistério que se manifesta aos poucos, e a todos.
Sim, quase com certeza, esse é o desafio da beleza.
*
*
OFERENDA
by Ramiro Conceição
Por ser um ser de passagem,
tal qual rosa de uma roseira,
preciso inventar um perfume
que enfeite as nossas mesas.
Então perfume-se, comadre;
e, compadre, se embriague.
*
*
*
P.S.:
/1/ esse poema só foi possível devido a um post extraordinário, do Idelber Avelar, sobre o conto “Aqueles Dois”, de Caio Fernando Abreu.