Na manhã de 14 de janeiro deste ano, após o super café do Hotel Charles, planejamos subir até o Castelo de Praga. Foi uma subida das mais lentas. Parávamos a cada momento para olhar vitrines. A Elena ganhou um belo colar da Maya e lá íamos nós, parando e olhando tudo. Durante boa parte do tempo, eu escalava as escadas de braços dados com minha sogra, que estava desistindo de falar russo comigo, mas que volta e meia ainda fazia digressões na bela língua de Tolstói. Quando eu abria os braços sem entender, ela ria e fazia caretas incríveis. Descobri que a sogra ideal é aquela que fala outra língua e não nos compreende, nem nós a ela. Apesar de fumante e de seus 70 anos, ela parecia em forma para subir. Puxávamos a fila.
É claro que me encantei com esta loja de lápis. Acho que meu amigo Augusto enlouqueceria aqui dentro.
Tinham canetas também, mas o forte mesmo eram os lápis. A arte gráfica Tcheca está por todo lado, mas principalmente nas paredes dos prédios da capital. O pessoa sabe desenhar.
Permanecemos um bom tempo na loja. Baba Klara queria comprar tudo para seus netos — ao menos para aqueles que ainda são crianças, apesar do tom absolutamente profissional do estabelecimento.
Então, como elas demoravam, fui até uma loja que vendia CDs usados ali perto, dentro de uma galeria. Não a fotografei, mas pude sentir a qualidade musical do que circula pela cidade. Eles amam o jazz — gênero musical preferido nas ruas — e os eruditos. Mesmo o rock era de primeira. Comprei apenas dois discos de compositores tchecos. Não sou pão duro, apenas financeiramente contido.
Outro destaque são os produtos feitos à base de Cannabis. Uma maravilha! têm por todo lado. É óbvio que não pude manter a contenção financeira. Compramos e consumimos tudo. Eu e Elena temos aquela atração perfeitamente normal pelo proibido.
Há chips, doces, refrescos, chicletes,
chás, balas, temperos, tudo de maconha!
Trouxemos vários desses produtos escondidos para nossos filhos. Eles permanecem vivos, sem demonstrar nenhum desvio aparente.
E chegamos às portas do Castelo. No mirante, foi quando deu frio na sogrinha.
Ventava um pouco lá em cima e ela, mal vestida, tremia.
Fiquei tirando fotos enquanto o pessoal resolvia o impasse. Sugeri que ficássemos protegidos na área livre da Catedral de São Vito, aquela que ainda é gratuita. No meu coração ateu, há duas igrejas que me impressionaram muito. A Catedral de São Marcos em Veneza e a de São Vito. As outras, mesmo as romanas, a Notre Dame e as de Verona, ficaram um degrau abaixo em minha memória.
A coisa é impressionante.
Jamais uma foto de Milton Ribeiro poderá dar uma ideia do que são seus vitrais, mas você, se quiser, poderá clicar na foto abaixo para ver maior.
E deliberamos voltar depois.
É claro que, quando estávamos indo embora, o sol resolveu colocar aquele ponto de interrogação no ar.
Vamos mesmo embora ou seguimos a visita?
Muito frio? Mesmo para uma russa?
OK, voltamos depois com mais roupa.