Roda Gigante, de Woody Allen / Uma Nova Amiga, de François Ozon / A Ovelha Negra, de Grímur Hákonarson

26113815_10210763220932742_1278277484641029906_nDepois de vários filmes sem me agradar, acabei gostando bastante de Roda Gigante, de Woody Allen. Um filme bem ao estilo das peças de O’Neill dos anos 50 — , época em que produção é ambientada –, cheio de personagens sem rumo, decadentes e trágicos. Aliás, o filme bem que poderia passar no Telecine Cult em preto e branco. Não fosse pela presença de atores atuais, enganaria bem. Impressionante trabalho de Kate Winslet e do fotógrafo Vittorio Storaro. O filme tem fotografia deslumbrante. Ah, não há nenhuma piada do filme. 100% joke free. É claro que Allen não é Tennessee Williams, nem Eugene O’Neill ou Elia Kazan. Se fosse, teria mais cuidado na construção dos personagens, mas mesmo assim o filme permanece em pé. Explico: algumas coisas são meio gratuitas, mas só notei na saída.

02UmaNovaAmigaVimos na TV um filme de François Ozon que, creio, não foi para os cinemas, mas deveria. Uma Nova Amiga não é tão bom quanto Dentro de Casa ou Frantz, mas é uma joia. David é um cara que perde a mulher. Após a morte, uma amiga do casal desfeito vai visitá-lo, encontra a porta aberta e dá de cara com o sujeito vestido de mulher com a filhinha ainda bebê. A ex saberia e aprovaria. O roteiro de Ozon complica tudo: a gente sabe que não tem nada a ver, mas associa o ato ao luto — o marido deprimido que usa as roupas da mulher para se sentir mais próximo dela, para transmitir à filha pequena a sensação de ainda ter uma mãe, blá, blá, blá. O travestimento seria prova de amor. Só que, é claro… Vejam o filme porque vale a pena. Estava gratuito no Now até 31/12…

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Tragédia é pouco para caracterizar o bom filme islandês A Ovelha Negra, de Grímur Hákonarson. Na Islândia tem mais ovelhas do que seres humanos. Muito mais. O animal é fundamental para o país. Um dia, após ser derrotado pelo irmão no concurso anual do melhor ovelha de sua região e por pura vingança, Gummi decide investigar o animal vencedor. Detalhe: os irmãos são inimigos mortais que não se falam há 40 anos. Ele desconfia que o bicho tenha uma doença contagiosa. Quando a suposição se confirma e todas as fazendas das redondezas são obrigadas a matar suas ovelhas, coisas que não devo contar acontecem. Vale a pena ver. A Elena viu muitas coisas bíblicas no filme, porém, como eu sou ignorante… Bem, está no Now, lá nos ‘Cults independentes’.

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  1. Luiz Carlos Merten, crítico de cinema do Estadão, homem sério, gentil e um baita conhecedor, chamou um colega seu de O Globo de analfabeto. Escreveu isso em seu blog. Achei exagerado, ofensivo. O sujeito falava mal de ‘Roda Gigante’, de Woody Allen. Fui ler a crítica. Não, não… Alguém pode detestar o filme — eu e o Merten gostamos –, mas jamais por aquelas razões. Baita analfabeto.

  2. Concordo, Milton, Roda Gigante é um filme formidável mesmo. A Ginny, de Kate Winslet, no finalzinho do filme, encarna Molly Bloom (de Joyce) e Cleópatra (de Shakespeare) ao mesmo tempo, ao meu sentir. Genial.

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