Canção de Ninar, de Leïla Slimani

Canção de Ninar, de Leïla Slimani

Canção de Ninar, Leïla SlimaniCanção de Ninar é um thriller espetacularmente bem montado sobre um tema que afeta a quase todas as famílias de classe média urbana: as babás, a criação dos filhos, a vida profissional das mães. E Slimani dificulta sua própria tarefa ao anunciar na primeira página que o bebê estava morto e que a menina ainda estava viva, mas que não iria resistir. O que lemos depois é todo o processo que leva a babá perfeita (e perturbada) a uma série de frustrações que pensa ser insuportáveis. As poucos, Slimani nos joga detalhes que vão fazendo a tensão crescer. No fundo, fica clara a violência entre classes.

A família é a clássica: um pai, uma mãe, uma filha e um filho pequeno. No primeiro momento, a mulher, uma advogada, deixa a carreira profissional para ficar em casa com a filha. Depois vem outra criança e ela entra em crise. A rotina é o algoz que deixa suas aspirações profissionais ficam longe. Ela ama seus filhos, só que… Então ela resolve voltar a trabalhar – mesmo que seu salário dê  apenas para pagar o da babá.

Ela faz uma seleção e encontra a babá perfeita, obsessiva e boa para com as crianças. Para completar, tem excelentes — e verdadeiras — referências. Louise preenche com sobras os requisitos: cuida bem das crianças e também de todos os detalhes do apartamento. Limpa tudo, faz comidinhas. É um anjo. O casal progride na profissão, mas a paz não vem. A babá não é da família, não é a família. Mas quer ser de alguém, quer ter o seu lugar.

A figura de Louise é tudo, menos a da louca caricatural de filme americano. Ela não espuma e nem fica cometendo atrocidades a la Glenn Close. O personagem e o clima de absoluto suspense são excepcionalmente bem criados. Quando nos perguntamos se os pais não suspeitaram, se não notaram nenhum sinal, pode-se responder que é mais confortável não vê-los e seguir a vida que estava indo bem.

Canção de Ninar é um livro grudento, daqueles que nos obriga a ler mais um capítulo antes de fechá-lo. E está longe de ser mero entretenimento. A coisa é perturbadora mesmo.

O primeiro parágrafo:

“O bebê está morto. Bastaram alguns segundos. O médico assegurou que ele não tinha sofrido. Estenderam-no em uma capa cinza e fecharam o zíper sobre o corpo desarticulado que boiava em meio aos brinquedos. A menina, por sua vez, ainda estava viva quando o socorro chegou. Resistiu como uma fera. Encontraram marcas de luta, pedaços de pele sob as unhas molinhas. Na ambulância que a transportava ao hospital ela estava agitada, tomada por convulsões. Com os olhos esbugalhados, parecia procurar o ar. Sua garganta estava cheia de sangue. Os pulmões estavam perfurados e a cabeça tinha batido com violência contra a cômoda azul.”

Recomendo fortemente.

A autora Leïla Slimani
A autora Leïla Slimani

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Bom dia, Odair (com os lances de Vitória 2 x 3 Inter)

Bom dia, Odair (com os lances de Vitória 2 x 3 Inter)

O Inter desejava fazer mais uma entrega à domicílio, mas Nico López e Cuesta impediram um empate bobo fora de casa. A propósito, Diogo Oishi, um dos moderadores da @ComuDoInter no Facebook fez um levantamento demonstrando que Nico López faz gols entrando tanto no início do jogo como em meio à partida, tanto faz. Copiei o texto dele aqui neste post, basta procurar o irmão gêmeo deste asterisco, lá antes do compacto do jogo (*).

O jogo com o Vitória foi assim:

34136658_2230826393601134_2455564048733831168_n

Foi um sofrimento incrível. O primeiro tempo estava terminando com 0 x 2 e o Inter tinha um pênalti ao seu favor. Era a hora de terminar com o jogo. O Vitória é fraquíssimo, como sabemos. Só que… Rossi pediu para bater. Era a hora do treinador ou o capitão entrarem em ação e mandarem bater quem tivesse treinado para isso, ou seja, Lucca. Mas os comandantes ficaram olhando Rossi chutar a bola em direção à lua. Na sequência, o Vitória descontou e, na volta do segundo tempo, só os baianos jogaram, chegando logo ao empate. Nos descontos, graças a uma grande jogada de Cuesta, o melhor do Inter, Nico López desempatou.

Abaixo, a jogada de Cuesta e gol de Nico:

A gente não precisava ter sofrido tanto. Nosso time se apavorou, perdeu inteiramente a compostura após o 1 x 2, deixou o Vitória empatar em nova falha de Danilo Fernandes e poderia ter levado a virada. Seria até natural. Parecia o filme 2016, o Mais Indesejável dos Retornos. Mas vencemos pela iniciativa dos platinos e, como diria Shakespeare, All’s well that ends well (Bem está o que bem acaba ou Tudo está bem quando termina bem). Que sufoco desgraçado!

Espero, Odair, que tenhas aprendido mais estas lições: (1) Nico pode ser titular, (2) Pottker e Damião estão mal, muito mal e (3) quem bate pênalti é quem treina para batê-los.

Estamos em 5º lugar com 14 pontos em 8 jogos. Vamos bem — com 58,3% de aproveitamento –, mas há que ter cuidado, a tabela está muito achatada. Antes da Copa, temos ainda 4 compromissos:

Sport (c)
São Paulo (f)
Santos (f)
Vasco (c)

O ideal quase impossível seria se fechássemos a 12ª rodada com 24 pontos (66%), mas será complicado, pois acho que vamos perder para o São Paulo no Morumbi.

Nico López | Foto: Ricardo Duarte
Nico López preparando o chute decisivo | Foto: Ricardo Duarte

.oOo.

(*)

“Ain, porque Nico López só rende quando vem da reserva”
Será mesmo?

Gols de Nico López enquanto titular:

– (2) Bahia (Inter 2 x 0 Bahia) // 2018
PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 11 do 1º tempo, ou seja, jogou boa parte do jogo.
– (1) Grêmio (Inter 2 x 0 Grêmio) // 2018
– (1) Novo Hamburgo (Inter 3 x 0 Novo Hamburgo) // 2018
– (2) Guarani (Inter 2 x 0 Guarani) // 2017
– (1) Ceará (Inter 2 x 0 Ceará) // 2017
– (1) América-MG (Inter 1 x 1 América-MG) // 2017
PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 8 do 1º tempo
– (1) Juventude (Inter 1 x 1 Juvntude) // 2017
– (1) Palmeiras (Inter 2 x 1 Palmeiras) // 2017
– (2) Londrina (Inter 3 x 0 londrina) // 2017
– (1) Novo Hamburgo (Inter 2 x 2 Novo Hamburgo) // 2017
– (1) Cruzeiro-RS (Inter 2 x 0 Cruzeiro-RS) // 2017
– (1) Cruzeiro-RS (Inter 1 x 2 Cruzeiro-RS) // 2017
– (1) São Paulo-RS (Inter 1 x 0 São Paulo-RS) // 2017
– (1) Sampaio Corrêa (Inter 4 x 1 Sampaio Corrêa) // 2017
– (1) Novo Hamburgo (Inter 1 x 2 Novo Hamburgo) // 2017
– (1) Brasil de Pelotas (Inter 2 x 1 Brasil de Pelotas) // 2017
– (1) Fortaleza (Inter 3 x 0 Fortaleza) // 2016
Total: 20 Gols

Gols de Nico Lopez enquanto reserva:
– (1) Vitória (Inter 3 x 2 Vitória) // 2018
– (1) Juventude (Inter 3 x 1 Juventude) // 2018
– (1) América-MG (Inter 2 x 1 América-MG) // 2017
– (1) Figueirense (Inter 3 x 0 Figueirense) // 2017
Total: 4 gols


Nico López fez seu primeiro gol, saindo da reserva, apenas em 16/09/2017. Mais de um ano depois da sua contratação

Nico López goza desse suposto prestígio de ser um bom reserva porque entre a 19ª rodada e a 26ª rodada da série B, quando virou reserva de Eduardo Sasha, fez nada mais nada menos do que: 1 Assistência, 1 chute na trave e 2 gols (em coisa de 7 rodadas. Ou seja: Em pelo menos 4 ele entrou durante o jogo e fez algo de produtivo).

Apenas como parâmetro:
Nico López entrou por 15 vezes como titular e 17 vezes como reserva na série B em 2017 (16×16 considerando o jogo do américa-mg como titular)

Não, gente, Nico Lopez NÃO É melhor vindo da reserva. Por uma condição óbvia: Nico Lopez tem um índice de efetividade baixo (ele não é um matador), mas tem um índice de produção alto (ele é um criador de oportunidades). Ou seja: Ele não é o cara que entrará no jogo, incendiará e precisará de uma bola para matar. Ele será o cara que talvez até incendeie, mas precisará de vários chutes até acertar. E, tendo 15 minutos, pode ser que ele não tenha chutes o suficiente.

Então assim: Se você realmente acreditava que “Nico jogava melhor/nico produzia mais” quando saia da reserva. Pare de acreditar, você está simplesmente errado. Os números mostram isso.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!