Bom dia, Odair (com os gols de Inter 2 x 1 Vitória)

Bom dia, Odair (com os gols de Inter 2 x 1 Vitória)

Deliciosa entrevista de Dale após o jogo:

— Vc era o mais velho hoje em campo.
— Não, acho que o juiz era mais velho.
— Ele tem 33 e vc 37.
— Porra, vcs querem me matar! Mas os treinadores eram mais velhos. O Carpeggiani e o Papito (Odair) têm mais que 37!

Ele falou também sobre a nova fase de sua vida. Como encara a reserva.

— Olha, fico no banco sem poder falar com o juiz, é difícil! Tava com saudade. Hoje falei bastante.

Dale foi perfeito na sua entrevista. Disse que o que se fala dentro de campo morre dentro de campo senão os torcedores se matariam.

Ah, sobre a partida, Odair: na última segunda-feira, Pai Milton da Bambô já tinha dito:

Não sou apocalíptico, sei que ainda estamos bem, mas acho que temos que melhorar. As últimas atuações não apontam para um futuro brilhante. São muitos passes errados, jogo atabalhoado e uma notável dificuldade na criação de jogadas de ataque. Teremos muito trabalho nos jogos no Beira-Rio contra os pequenos times retrancados. Aí vem o Vitória, Odair!

Agora, imaginem a dificuldade do Inter após fazer um ridículo gol contra aos dois minutos de jogo?

Quem, neste momento, não lembrou do pênalti mal batido contra a Chapecoense? Poderíamos ser líderes isolados, Odair… | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Foi um parto ganhar do Vitória, ainda mais com um árbitro fraco que anulou um gol legal e depois inventou um pênalti que nos salvou. Eu achei que “os boi já tinham ido embora com a corda toda” e que não viriam os três pontos. No início do segundo tempo, com o Vitória ainda na frente, já estava puto com todo mundo. Depois empatamos — linda cabeçada de Damião! –, mas voltei a me enfurecer com a anulação do gol de Nico López, uma pintura. Mas a sorte tem-nos sorrido mais do que merece nosso rostinho comum e desajeitado. Aquele pênalti… Nem vou falar nele.

Odair, acertaste ao preencher a ausência de Patrick por um D`Alessandro esforçado e um pouco fora de embocadura, mas que permaneceu em campo para bater o pênalti da virada. Acho que, como Edenílson receber o terceiro cartão amarelo, nosso jovem de 37 anos merece mais uma chance contra o Sport fora de casa, não?

Depois quando todos estiverem aptos, Dale poderia entrar no lugar de Pottker, né Odair? Pottker não está jogando nada assim como Zeca não jogava. Zeca saiu e olha que bela partida fez Fabiano na lateral direita! Quem não produz merece banco, não achas?

Agora temos 53 pontos em 27 jogos. Somos líderes ao lado do Palmeiras, que nos vence no saldo por 23 a 18. Logo atrás vêm São Paulo (52), Grêmio (50) e Flamengo (49).

Nosso próximo jogo é contra o Sport, sexta-feira, às 19h, fora de casa, sem Cuesta e Edenílson, ambos suspensos por um jogo. No dia seguinte, em São Paulo, no Morumbi, jogam São Paulo e Palmeiras, o que torna importantíssima nossa partida em Recife.

Bom dia, Renato (com os lances da goleada de 4 x 0 do Grêmio sobre o Vitória)

Bom dia, Renato (com os lances da goleada de 4 x 0 do Grêmio sobre o Vitória)

Por Samuel Sganzerla

Renato, confessa: tu não alternas os times titular e reserva conforme a competição. Tu tens dois times MISTOS, montados para terem bastante equilíbrio e tentarem ir com força máxima em todos os torneios que disputamos. Só pode!

Gols de Douglas e de Jaílson foram comemoradíssimos | gremio.net
Gols de Douglas e de Jaílson foram comemoradíssimos | gremio.net

Porque nada explica a intensidade e a facilidade com que os jogadores “reservas” do Grêmio jogaram nas últimas duas partidas. Está certo que o Vitória não anda lá muito bem das pernas ultimamente. Mas no sábado passado a vítima foi o mesmo Flamengo com que nos preocuparemos até quarta-feira.

O início avassalador do Grêmio ontem deixou a impressão de que, com nem 10 minutos, já poderíamos ter construído uma boa vantagem no placar. E ela veio logo mesmo! Nesse ritmo, não precisamos nem chegar na metade do primeiro para já ter feito 2 a 0.

Depois, o time encaminhou com naturalidade a partida, para ampliar o escore. Sabe como é, Renato, goleada nossa na Arena, no Dia dos Pais, já virou tradição. Algumas delas, inesquecíveis – ontem, só faltou o zagueiro deles marcar um gol contra para fecharmos a mão.

A grande vitória de ontem à noite nos deixa a cinco pontos do líder. Sempre ressaltei que o Brasileirão é extremamente difícil de ser disputado quando se está mirando também a Copa do Brasil e a Libertadores. Mas é bom se manter próximo ao topo. Daqui a pouco, VAI QUE…

Enfim, cumprido o nosso compromisso, o foco agora é depois de amanhã, lá no Rio de Janeiro. Queremos todos, Renato, ver o time “titular” com essa mesma intensidade e brilho de ontem. É difícil, mas é possível. Já fizemos o crime mais de uma vez lá no Maraca.

Que já comecem por lá a acender o braseiro, espetar a carne, ferver a água do chimarrão e gelar a ceva: porque a Nação Tricolor está chegando em terras cariocas para copar, sempre no ritmo do trago, alento e amizade. Que voltemos de lá com a classificação!

Saudações Tricolores, Renato!

E segue o baile…

P.s.: Matheus Henrique é diferenciado. Só manda pararem de comparar o guri com o Arthur. O Rei está lá, começando a brilhar no Barcelona; nossa mais nova prata da casa está começando a escrever sua história com o Manto Tricolor agora. Deixa ele seguir o seu tempo!

Bom dia, Odair (com os lances de Vitória 2 x 3 Inter)

Bom dia, Odair (com os lances de Vitória 2 x 3 Inter)

O Inter desejava fazer mais uma entrega à domicílio, mas Nico López e Cuesta impediram um empate bobo fora de casa. A propósito, Diogo Oishi, um dos moderadores da @ComuDoInter no Facebook fez um levantamento demonstrando que Nico López faz gols entrando tanto no início do jogo como em meio à partida, tanto faz. Copiei o texto dele aqui neste post, basta procurar o irmão gêmeo deste asterisco, lá antes do compacto do jogo (*).

O jogo com o Vitória foi assim:

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Foi um sofrimento incrível. O primeiro tempo estava terminando com 0 x 2 e o Inter tinha um pênalti ao seu favor. Era a hora de terminar com o jogo. O Vitória é fraquíssimo, como sabemos. Só que… Rossi pediu para bater. Era a hora do treinador ou o capitão entrarem em ação e mandarem bater quem tivesse treinado para isso, ou seja, Lucca. Mas os comandantes ficaram olhando Rossi chutar a bola em direção à lua. Na sequência, o Vitória descontou e, na volta do segundo tempo, só os baianos jogaram, chegando logo ao empate. Nos descontos, graças a uma grande jogada de Cuesta, o melhor do Inter, Nico López desempatou.

Abaixo, a jogada de Cuesta e gol de Nico:

A gente não precisava ter sofrido tanto. Nosso time se apavorou, perdeu inteiramente a compostura após o 1 x 2, deixou o Vitória empatar em nova falha de Danilo Fernandes e poderia ter levado a virada. Seria até natural. Parecia o filme 2016, o Mais Indesejável dos Retornos. Mas vencemos pela iniciativa dos platinos e, como diria Shakespeare, All’s well that ends well (Bem está o que bem acaba ou Tudo está bem quando termina bem). Que sufoco desgraçado!

Espero, Odair, que tenhas aprendido mais estas lições: (1) Nico pode ser titular, (2) Pottker e Damião estão mal, muito mal e (3) quem bate pênalti é quem treina para batê-los.

Estamos em 5º lugar com 14 pontos em 8 jogos. Vamos bem — com 58,3% de aproveitamento –, mas há que ter cuidado, a tabela está muito achatada. Antes da Copa, temos ainda 4 compromissos:

Sport (c)
São Paulo (f)
Santos (f)
Vasco (c)

O ideal quase impossível seria se fechássemos a 12ª rodada com 24 pontos (66%), mas será complicado, pois acho que vamos perder para o São Paulo no Morumbi.

Nico López | Foto: Ricardo Duarte
Nico López preparando o chute decisivo | Foto: Ricardo Duarte

.oOo.

(*)

“Ain, porque Nico López só rende quando vem da reserva”
Será mesmo?

Gols de Nico López enquanto titular:

– (2) Bahia (Inter 2 x 0 Bahia) // 2018
PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 11 do 1º tempo, ou seja, jogou boa parte do jogo.
– (1) Grêmio (Inter 2 x 0 Grêmio) // 2018
– (1) Novo Hamburgo (Inter 3 x 0 Novo Hamburgo) // 2018
– (2) Guarani (Inter 2 x 0 Guarani) // 2017
– (1) Ceará (Inter 2 x 0 Ceará) // 2017
– (1) América-MG (Inter 1 x 1 América-MG) // 2017
PS: Considerei como titular pois ele entrou aos 8 do 1º tempo
– (1) Juventude (Inter 1 x 1 Juvntude) // 2017
– (1) Palmeiras (Inter 2 x 1 Palmeiras) // 2017
– (2) Londrina (Inter 3 x 0 londrina) // 2017
– (1) Novo Hamburgo (Inter 2 x 2 Novo Hamburgo) // 2017
– (1) Cruzeiro-RS (Inter 2 x 0 Cruzeiro-RS) // 2017
– (1) Cruzeiro-RS (Inter 1 x 2 Cruzeiro-RS) // 2017
– (1) São Paulo-RS (Inter 1 x 0 São Paulo-RS) // 2017
– (1) Sampaio Corrêa (Inter 4 x 1 Sampaio Corrêa) // 2017
– (1) Novo Hamburgo (Inter 1 x 2 Novo Hamburgo) // 2017
– (1) Brasil de Pelotas (Inter 2 x 1 Brasil de Pelotas) // 2017
– (1) Fortaleza (Inter 3 x 0 Fortaleza) // 2016
Total: 20 Gols

Gols de Nico Lopez enquanto reserva:
– (1) Vitória (Inter 3 x 2 Vitória) // 2018
– (1) Juventude (Inter 3 x 1 Juventude) // 2018
– (1) América-MG (Inter 2 x 1 América-MG) // 2017
– (1) Figueirense (Inter 3 x 0 Figueirense) // 2017
Total: 4 gols


Nico López fez seu primeiro gol, saindo da reserva, apenas em 16/09/2017. Mais de um ano depois da sua contratação

Nico López goza desse suposto prestígio de ser um bom reserva porque entre a 19ª rodada e a 26ª rodada da série B, quando virou reserva de Eduardo Sasha, fez nada mais nada menos do que: 1 Assistência, 1 chute na trave e 2 gols (em coisa de 7 rodadas. Ou seja: Em pelo menos 4 ele entrou durante o jogo e fez algo de produtivo).

Apenas como parâmetro:
Nico López entrou por 15 vezes como titular e 17 vezes como reserva na série B em 2017 (16×16 considerando o jogo do américa-mg como titular)

Não, gente, Nico Lopez NÃO É melhor vindo da reserva. Por uma condição óbvia: Nico Lopez tem um índice de efetividade baixo (ele não é um matador), mas tem um índice de produção alto (ele é um criador de oportunidades). Ou seja: Ele não é o cara que entrará no jogo, incendiará e precisará de uma bola para matar. Ele será o cara que talvez até incendeie, mas precisará de vários chutes até acertar. E, tendo 15 minutos, pode ser que ele não tenha chutes o suficiente.

Então assim: Se você realmente acreditava que “Nico jogava melhor/nico produzia mais” quando saia da reserva. Pare de acreditar, você está simplesmente errado. Os números mostram isso.

Um bom dia curto e grosso, Odair (com os melhores lances do fiasco de ontem)

Um bom dia curto e grosso, Odair (com os melhores lances do fiasco de ontem)

Odair, o Inter entrou em campo com o regulamento debaixo do braço e saiu com ele enfiado no c… Sim, este é o blog da tradicional família gaúcha, mas às vezes ultrapassamos a linha do bom gosto. Tu também, Odair.

Foto de abertura do grupo do Facebook @ComiDoInter
Foto de abertura do grupo do Facebook @ComuDoInter

Vou ser curto e grosso, tenho que trabalhar. Nosso time tem péssimo toque de bola. Qualquer coisinha e a bola espirra ou passa tranquilamente sob os pés de nossos jogadores, ignorando nossa angústia. Somos nervosos e ruins, Odair. Então, sendo assim, como vamos controlar o adversário apenas tocando a bola e nos defendendo? Vamos é passar todo o tempo nos defendendo, correto? Isso é da mais pura lógica.

Quantos contra-ataques foram desperdiçados? Quantas bolas foram perdidas bobamente, devolvendo a bola para aquelas débeis tentativas do Vitória? Muitas. Até que eles criaram coragem e começaram a perder gols. Até que fizeram um.

Ou seja, nossa abordagem foi totalmente equivocada. Não nos conhecemos. A única forma de jogarmos é com esforço ou, como dizem, com a corda esticada. Retranca? Retenção de bola? Esqueça. Nosso estilo não pode ser o de apenas manter a bola conosco, pois sucumbimos a qualquer marcação. Mesmo a do Vitória.

Para piorar, tu estavas perdendo o jogo e com a quase certeza de ir para os pênaltis. Então, o que fizeste? Tiras D`Alessandro, um gol quase certo, para colocar Camilo. Camilo é bom chutador e fez o dele, mas porque ele não entrou no lugar de outro, de um menos dotado para a tarefa? É só pensar, coisa que se faz pouco no Beira-Rio.

Bem, agora só temos o Brasileiro até o fim do ano. Faltam 42 pontos para não voltarmos para a Segunda Divisão. Acho que é simples, só que nada é simples para quem não usa o cérebro.

https://youtu.be/-QVxQSnXJUY

Bom dia, Odair Hellmann (com os principais lances de Inter 2 x 1 Vitória)

Bom dia, Odair Hellmann (com os principais lances de Inter 2 x 1 Vitória)

Acabou 2 x 1 para o Inter. Foi uma vitória horrorosa.

Os 21 dias de treinamento não fizeram o time evoluir, meu caro Hellmann, fizeram apenas com que alguns falsos medalhões voltassem ao time. Roger, por exemplo. Não produz nada, mas é velho e o treinador dá-lhe preferência em razão da idade. Roger parece um desses bonecos de posto de gasolina. Sempre de braços erguidos, só mexendo os braços pedindo a bola e mais nada. Quando é substituído, faz gestos que parecem ser de “puxa vida, que azar”, como se tivesse feito uma grande partida, só que… Puxa, que azar o nosso!

Partick e Rossi foram bem. Já Dourado... | Foto: Ricardo Duarte
Partick e Rossi foram bem. Já Dourado… | Foto: Ricardo Duarte

Então entra o Nico, que não é nenhuma Brastemp mas que ao menos preocupa o adversário e a coisa dá uma melhoradinha. Mas no próximo jogo volta o Roger, mais velho e de maior status. O mesmo vale para Moledo. Ninguém entende porque Klaus saiu. Sabe-se que o alemão é melhor cabeceador. Bem, ao menos Moledo não tem comprometido.

Rodrigo Dourado tem. Aquela bola rasteira atravessando a frente da grande área já deixou vários volantes famosos, como Toninho Cerezzo na Copa de 1982 naquela célebre derrota para a Itália. Dourado quis imitá-lo e se deu bem — acabou dando o gol para o Vitória que poderia ter determinado o empate.

De resto, vimos um time lento, de mecânica previsível e pobre. Uma chatice de Inter, prontíssimo para a segunda página da tabela de classificação do Brasileiro. Falam em Abel, Odair, mas acho que não mudaria muito. O time jogaria um pouco melhor, só que Abel gosta ainda mais de medalhões e daí toda a base pode ir embora de vez.

Ao menos Rossi deu boa resposta e Pottker retornou após quase 60 dias — machucou-se em 15 de fevereiro. Qualquer jogador europeu fica fora entre 20 e 30 dias em caso de distensão. No Beira-Rio, a coisa é de chorar. O cara fica 60 dias em recuperação e ainda volta bem devagarinho… Não é só o nosso meio de campo que se arrasta em campo, a nossa medicina também é lenta.

Patrick também voltou a fazer boa partida. De resto, vamos mal. Que fase!

Espero que entre William Pottker e Roger, Pottker e Rossi ou Pottker e Nico López, nossa dupla de ataque não inclua Roger, por favor. Já seria um comecinho.

O próximo jogo do Inter é contra o Bahia, domingo, às 16h, no Beira-Rio, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 2018. Considerando a qualidade de nosso futebol, há perigo real de rebaixamento. Nosso Brasileiro é contra América-MG, Ceará, Sport, Vitória, Chape, Paraná, o mais fraco dos cariocas, essas coisas. (O Vitória está se salvando sempre na última rodada. No ano passado, por um dedo no cu, lembram?).

Já o jogo de volta contra o Vitória é na próxima quinta-feira, 19, às 19h15, em Salvador. Acho que será uma classificação tensa, para dizer o mínimo.

https://youtu.be/DDsC7WvBWLI

Bom dia, Renato! (com os lances do Grêmio 1 x 1 Vitória na serra)

Bom dia, Renato! (com os lances do Grêmio 1 x 1 Vitória na serra)

Por Samuel Sganzerla

Como foi a estada lá na terrinha? Acabei não subindo a serra, como havia cogitado – em que pese ter honrado a tradição de almoçar galeto e polenta no domingo. Terminei acompanhando o jogo pela televisão e pelo rádio (sim, os dois simultaneamente, perdoem-me, ambientalistas). Tive que ouvir o pessoal da imprensa reclamar, ao cair da tarde, do “frio” de 20 ºC que fazia em plena metade da primavera em Caxias, apesar do sol. Bando de gente fresca, tchê!

Fernandinho: usando a cabeça na serra
Fernandinho: usando a cabeça em empate chocho (ou CHOCHO) | gremio.net

Bueno, sobre o jogo, aparentemente segue a pleno vapor o projeto de eliminar a EUFORIA para o final da Copa Libertadores. Após uma boa vitória contra o Flamengo no domingo passado e o sucesso dos suplentes lá em Campinas no meio da semana, entramos em campo com o time titular hoje para fazer uma apresentação morna tal quais os dias ensolarados da serra. Não que o time tenha sido de todo ruim, mas, no atual estágio, enfrentar uma equipe de qualidade técnica inferior que está na zona da degola era expectativa de vitória.

Lembra que eu te disse que o Grêmio tem dificuldades imensas contra equipes que se fecham lá atrás, Renato? Então, pareceu ser essa a proposta do Vitória, quando, mesmo no primeiro, mal teve um terço da posse de bola. Entretanto, o que se viu foi uma equipe que, quando detinha a pelota, atacava com intensidade e objetividade. Após 10 minutos que pareciam um treino nosso, eles nos surpreenderam, vindo para cima de nós com qualidade até encontrarem o gol.

Na televisão e no rádio, disseram que o Patric (aliás, PATRIC CABRAL LALAU, que baita nome!) estava impedido no momento em que recebeu a bola na cara de Paulo Victor. Eu, sinceramente, não vi nenhuma irregularidade no gol do rubro-negro baiano (um salve a Ivete, Daniela, João Ubaldo e Franciel Cruz!). Achei que estava na mesma linha. Entretanto, se é contra o Grêmio, reclamemos: xingar o juiz é o que nos une no futebol, uma tradição salutar a ser seguida (e se algum árbitro reclamar, pergunte-lhe quando foi a última vez que ele elogiou um torcedor).

Bom, mas sem nem dar tempo de arranjar desculpas, numa boa jogada pela esquerda, que terminou com cruzamento de Leonardo, Fernandinho marcou de cabeça, para empatar o jogo. O grande lance desta tarde, para ver um Alfredo Jaconi lotado e pintado de azul, preto e branco explodir. Pena que a torcida que compareceu em peso não pode sair dali mais alegre, alguns até proferindo suas vaias. Eles não entenderam o projeto PÉS NO CHÃO ainda. Como eu gosto de dizer, antes de uma decisão, só existem dois tipos de torcedores que me irritam profundamente: os otimistas que cantam vitória antes da hora e os pessimistas que chamam derrota. Mas divago!

O fato é que, à exceção de um ou dois lances do Vitória (um deles em uma falha quase fatal de Geromel, salva pelo impedimento bastante claro desta vez), a partida foi toda nossa. Principalmente a partir dos 13 minutos da segunda etapa, quando da expulsão de Fillipe Souto (ninguém mais dá o nome de Felipe ao filho sem fazer FIRULAS!?) após entrada dura em Ramiro. Mas o fato é que não soubemos aproveitar. Estávamos com um a mais, sendo que a disposição em campo aparentava que nossa superioridade numérica era de dois ou três jogadores.

Empilhamos jogadores na linha ofensiva, até aumentando um pouco a criação, mas sem transformar isso em gols. Vagner Mancini ESTACIONOU UM ÔNIBUS na frente da área (como gostam de dizer os antigos) e armou um FERROLHO bastante eficaz. Se Galeano dizia ser um “mendigo do bom futebol”, eu sou um PEDINTE DOS CHUTES DE FORA DA ÁREA. Por que todas as equipes que querem jogar esse futebol moderno Tiki-taka só buscam finalizar da pequena área? Será que ninguém mais sabe chutar da meia-entrada?

Daí o jogo terminou como se anunciou na metade do segundo tempo: um empate CHOCHO. Porém, se nós praticamente abandonamos o Brasileirão lá na 11ª rodada (falaremos sobre isso outra hora), não era faltando cinco partidas, com o Corinthians disparado lá na frente, que iríamos pensar que esse jogo valia disputa por título. O próximo confronto, quarta-feira, na Arena, contra o São Paulo, será a última partida de preparação para a final da Libertadores. Reitero, pois: cabeça lá no dia 22. É a Copa que importa!

Por fim, Renato, terminarei meu fim de semana assistindo novamente a “Tropa de Elite”, de José Padilha. Gosto de relembrar os famosos bordões do Capitão Nascimento (“Não vai subir ninguém!”). Se bem que, a despeito desta provocação BARATA, temos que cumprimentar o primeiro clube a ter confirmado seu acesso para a elite do futebol brasileiro no ano que vem, não!? Meus parabéns, América Mineiro! (Quem diria que Enderson Moreira levaria alguma equipe a algum lugar…)

Saudações Tricolores!

E segue o baile…

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P.s.: Cornetas à parte, registro aqui a minha VAIA SIMBÓLICA para a sempre desastrosa atuação das forças policiais nos estádios brasileiros. Por piores que sejam alguns torcedores, os excessos, o abuso de autoridade e as agressões descabidas de “agentes de segurança” somente causam ainda mais revolta (ainda mais quando alguém alheio às confusões é detido e agredido, como já aconteceu muitas vezes).

Brigões e policiais truculentos apenas se retroalimentam, justificando sua existência uns nos outros. Nada que justifique ações intoleráveis por parte daqueles e arbitrariedades por parte destes. Contudo, um país violento como o nosso necessita de forças policiais preparadas, não de gente mal remunerada e despreparada achando que cassetete na cabeça e pisoteamento de cavalo é a única forma de resolver conflitos.

https://youtu.be/PG95LLcf0k4

Três tópicos antes do Natal

Três tópicos antes do Natal

Durante os aplausos, uma senhora tirava fotos de Daniel Barenboim usando o flash. Ele interrompeu a plateia e disse: “Não use o flash, senhora. Por três razões: primeiro, porque é proibido; segundo, porque me incomoda; terceiro e mais importante, porque, enquanto faz a foto, não pode me aplaudir”.

Uma coisa que sempre quis ter e não tenho é classe.

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Alex Castro tem razão: “Se você declara publicamente seu ódio a alguém, está declarando que aquela pessoa tem poder sobre você”. Faz três anos que tenho me mantido fiel à Lei de Steinbeck, que diz mais ou menos assim: “Vou me vingar de ti da forma mais cruel, vou deixar pra lá”. O Chico Marshall completa dizendo que “Aristóteles (De Anima) afirma que “nada produz maior cólera do que a expectativa de honra frustrada. Desdém, a mais letal das armas”.

Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles
Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles

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Conforme nós prevíamos, a coisa ia ficar séria. Ficou. O Vitória e a CBF fizeram sacanagem sim. Agora só falta dizerem que o Inter forjou o documento do Monterrey… Não creio que o Inter mereça ser resgatado do rebaixamento — afinal, quem perde duas vezes para o Vitória e e obtém um ponto do Santa Cruz tem que morrer mesmo — mas acho que o Vitória deveria ser o quinto rebaixado. Acho que os advogados do clube não devem se entregar. O Vitória fez algo duplamente proibido: contratou sem fazer o atleta voltar ao clube de origem e fora da janela. Curioso é o silêncio da Federação Gaúcha.

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Bom dia e parabéns, Celso Juarez Roth

Bom dia e parabéns, Celso Juarez Roth
Juarez nos fazendo de trouxas
Juarez nos fazendo de trouxas

Depois de teu novo fiasco de ontem à noite, Celso Juarez, o Inter se encaminha inexoravelmente para a Segundona. Faltam 13 rodadas e precisamos de 18 ou 19 pontos — quase 50% dos 39 a serem disputados. Isto é quase impossível. Afinal, ganhamos 8 pontos dos últimos 51 disputados. E basta olhar para o campo. Criatividade nenhuma, um primeiro tempo sem ímpeto nem urgência, uma total indiferença da parte da maioria dos jogadores; enfim, dificilmente escaparemos. Enquanto o site Infobola já crava em 59% nossas chances de cair, olho de esguelha para os culpados pela situação, doravante chamado Grupo dos Cinco Idiotas: Vittorio Piffero, Carlos Pellegrini, Argélico Fucks, Fernando Carvalho e Celso Roth, mais auxiliares e aspones de todos eles. Espero jamais rever suas bundas sentadas em cargos diretivos, pois direção é que eles não têm.

O habitualmente equilibrado Nando Gross disparou calmamente dizendo que tu, Celso, tens que sair agora, que tu só prejudicas a equipe. Ontem, na tentativa de bater teus recordes de cegueiras futebolística, retiraste Seijas no intervalo para colocar Sasha. Acho que o grupo ficou tão surpreso com a burrice que tratou de dar logo um gol para o pobre e podre time do Vitória. Parece que desejavam decidir imediatamente o destino do jogo.

O que tínhamos de bom está sendo destruído. William não consegue mais apoiar, os volantes correm feito baratas após uma dedetização, Seijas, Nico López e Aylon são os únicos que têm alguma inteligência, mas jogam sozinhos, cada um por si. E um time que alterna Géferson e Artur na lateral esquerda é uma piada, Piffero. Sim, acabo de dar uma risada.

2017 será um ano de jogos às terças e sextas, de camisetas baratas, de jogadores querendo sair para aparecer e de torcedores fazendo piadas com os trabalhos de Sísifo do Grêmio. Também será o ano de te mandar diariamente tomar no cu, claro. A ti e ao Argel. Como dizia o Barão de Itararé, “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

É hora de colocar alguém com cara que conheça futebol no teu lugar e que seja candidato a permanecer no ano que vem. E de pensar nas eleições. Não votei em Piffero nem em Fortunati ou Sartori. Fui de Dilma só no segundo turno e fora Temer. Em todo e qualquer nível, estou sendo administrado por quem detesto. Ainda bem que Sul21 dá uma equilibrada nisso. Que a luz ilumine o Conselho e que tenhamos colorados inteligentes e que gostem de futebol para que a gente volte em 2018 como um verdadeiro player, como dizem os empresários. A matemática me faz jogar a toalha. Agora é vaia.

Querem ver a coisa de ontem? Tá bom. Verão que sequer perdemos gols.

https://youtu.be/LTqeR91hPhU

Bom dia, Abel Braga (veja os gols da comédia de ontem)

Bom dia, Abel Braga (veja os gols da comédia de ontem)
Fabrício, o matador... de Dida | Foto: Alexandre Lops
Fabrício, o matador… de Dida | Foto: Alexandre Lops

Posso te fazer uma pergunta, Abel? Tu ficaste sem o Alex para este jogo em função do terceiro cartão. Mas por que tu o substituis tirando o melhor jogador do time, D`Alessandro, de sua posição no lado direito de ataque, para colocar ali o Eduardo Sasha? Como? Ah, para que o futebol do Sasha possa brilhar? OK, tá, obrigado pela resposta.

Ontem, usamos seis meias no jogo: Dale, Jorge Henrique, Sasha, Valdívia, Alan Patrick e Leandro. Acho que só Dale, Valdívia e Leandro (os dois últimos na qualidade de promessas) merecem vestir a camisa do Inter. É incrível, o Luigi contrata, contrata e faltam jogadores. De outro lado, a formação de novatos é obstaculizada por ti, Abel, um apaixonado pela experiência dos veteranos. Por exemplo, para que colocar o Ygor se há o jovem Bertotto que sempre entra bem?

É por essas e inúmeras outras que tu és o companheiro ideal de Giovanni Luigi, Abel. Ele é um bom administrador de rodoviária que contrata jogadores veteranos a peso de ouro. Tu chegas todo pimpão, escalas os velhinhos e logo fica louco para ir embora. Escrevo isso porque, na minha opinião, só a aposta em uma demissão faz um treinador escalar o time do modo como escalas. Mas sou contra tua saída, sabes? Quero que tu fiques aí mesmo, convivendo com o Luigi.

O jogo de ontem causou sono. Dida tomou um frango no primeiro gol — culpou os refletores, coitados. Depois, tivemos tudo para empatar, mas Wellington Paulista, Sasha e Gilberto não são suficientemente dotados de futebol para nos salvar. Perderam os gols sem nem obrigarem o goleiro do Vitória, Gatito Fernandez, a trabalhar. No início do segundo tempo, tomamos mais um gol de Fabrício. Ele é o jogador que mais fez gols em Dida em 2014. O de ontem veio em bela cabeçada para baixo, indefensável. A única curiosidade é que Fabrício é jogador do Inter e deveria fazer isso na outra goleira.

O Vitória era o lanterna do Brasileiro e apresentamos muito menos futebol do que eles. De minha parte, só quero 11 pontos na próximas 18 rodadas para não cairmos. É o que espero de 2014. A Libertadores vai para o Grêmio novamente. Agora, se tiveres sucesso em tua tentativa de ser demitido, gostaria que o Luigi fosse junto, deixando o vice em seu lugar, abrindo a discussão sobre as eleições para o biênio 2015-16. Mas, sei, é sonhar demais.

Tu disseste ao final do jogo: “É um momento difícil que vamos ter que reverter. Precisamos manter o psicológico forte para voltar a vencer”. Bá, para te aguentar é preciso de muito “psicológico” mesmo!!! Eu tenho.

Confissões de um homem sem caráter

Por Franciel Cruz
(espalhando coisas boas a meu respeito)
(ver última frase do quarto parágrafo)

Com seu inconfundível timbre que passeia entre o mar da Bahia e as montanhas dos Gerais, a mineira Jussara Silveira, talvez a melhor e mais baiana cantora da atualidade, fez a fundamental profissão de fé no Bolero Maria Sampaio. Ouçam: “Amigos são parentes que pude escolher”. Porém, um amigo sacana metido a erudito (esta raça de gente ruim) garante-me que os autores da referida canção, Almiro Oliveira e J. Veloso, se inspiraram na seguinte assertiva do francês Deschamps: les amis — ces parents que l’on se fait soi-même, que, numa tradução malamanhada, seria algo como “Amigos são familiares que cada um escolhe sozinho”.

Foda-se a erudição! Nada entendo de francofilia, direitos autorais e pouco me importa quem vai receber os royalties. O fato é que, há coisa de dois anos, eu escolhi uma nova família: o Impedimento. Foi amizade e admiração à primeira lida. A cada texto era como se a gente já se conhecesse desde sempre. E mais grave: contrariando toda e qualquer lógica, fui acolhido com uma generosidade assombrosa. E quando digo acolhimento não me restrinjo ao sentido figurativo, de dar guarida aos meus desajeitados rabiscos. Nécaras.

Um exemplo? Recebam.

No início de setembro do ano passado, comuniquei a estes meus novos parentes que iria descer a ribanceira rumo a Porto Alegre para orientar o Esporte Clube Vitória na peleja contra o Grêmio. Ato contínuo, Milton Ribeiro, a quem eu não conhecia nem de vista, de nariz ou de chapéu (chupa, Machado de Assis!) abriu as portas de sua casa, oferecendo-me uma excelente estadia, regada a bons papos e rangos de alta qualidade – não necessariamente nesta ordem. E tudo isso sem pedir nada em troca, antes que os hereges comecem a propagar maledicências. Afinal, até onde eu sei, Milton é gaúcho, mas não pratica.

Pois bem.

Tentando retribuir tamanha gentileza, como se existisse alguma forma de retribuição, fiz algo que contraria minha religião. Entreguei a um torcedor de outro time o bem mais precioso dos 18 continentes: uma camisa do Vitória. E ele vestiu o manto Rubro-Negro com orgulho – e fiquei puto. Por quê? Ora. Mesmo tendo sido eu o autor do presente, não conseguia conceber alguém que não torce para o meu Leão envergando a indumentária sagrada.

Aliás, este meu xiitismo leva-me sempre a indelicadezas.

Na antevéspera da final da Copa do Brasil entre Vitória x Santos, por exemplo, estava perdido na noite suja paulistana bebendo com Izabel Marcilio. Lá pra tantas, ela fala sobre suas duas paixões: O Corinthians e o Bahia. Sob o efeito de diversas canjebrinas e do incurável fanatismo, sentenciei. “Quem torce para mais de um time não tem caráter”. A menina Bel, que também possui uma generosa alma impedimentística, relevou.

Quero dizer, relevou, vírgula, pois mulher é bicho vingativo.

No início desta semana, ao ver que eu despejei no Terra Magazine minhas dores e orgulhos inúteis de glórias idem, ela partiu para o fulminante contra-ataque. “Chegando no Terra? Massa, Franciel. Quando tiver mais chegado, pergunte a Bob Fernandes (editor da disgrama) se ele é Baêa ou Santos, que isso de torcer pra dois times, que eu saiba, é coisa de mau caráter”.

Engoli em silêncio, pois não gosto de contrariar mulher.

Quarta, inclusive, a minha Patroa telefonou para esta gloriosa repartição convocando-me para ver um show de um cara com nome jogador francês: Tiganá Santana, exatamente às 20h. Eu quase disse não, mas pensei em meu espinhaço e recorri a Marisa Monte: “Claro, meu bem. O que é que a gente não faz por amor?”.

E fui. Porém, o ponteiro do relógio acelerava e o desinfeliz não parava de cantar. Eu nada ouvia porque minhas vastas emoções e pensamentos imperfeitos estavam voltadas para a partida entre Inter x Chivas. Exatamente às 21h23, o francezinho sai do palco. A plateia pede bis e eu peço uma guilhotinha. Vontade da zorra de enforcar todos aqueles hereges.

Vendo meu desespero, ela pergunta: “O que é que tá acontecendo?” Eu digo: “Nada. É que hoje tem a decisão da Libertadores e estou preocupado com meus amigos gaúchos”. E ela, de bate-pronto: “Não sabia que angústia era contagiante”.

Nem eu. Chego em casa esbaforido e vejo que a porra do time colorado foi contaminado pelo meu nervosismo. Ninguém acerta zorra de nada. Ninguém, vírgula, um viado mexicano manda uma bola no ângulo. 1 x 0. Penso logo nos pênaltis. Afinal, já haviam me ensinado que “No futebol da arquibancada, prova de caráter é ser pessimista”.

Começa o 2º tempo e Rafael Sobis continua enojando meu baba. E quando ele perde uma bola boba na lateral, não resisto e grito para todo o norte e nordeste de Amaralina: “CELSO ROTH, FILHO DA PUTA, bote Alecsandro, carajo, este conhece de futebol, pois já jogou no Vitória. Não quero nem saber se o matador está machucado”. Nem termino o xingamento e Sobis manda a criança para o barbante.

Então, chego à úncia conclusão possíevel naquele momento: sabe tudo este Roth, não foi à toa que começou a carreira treinando o Brioso Rubro-Negro.  O quê? Vai trocar Sobis por Damião? Este Roth não toma jeito. Continua o mesmo sacana que um dia botou Petkovic no banco para colocar Alex Mineiro.  No entanto, Leandro Damião, honrando o sobrenome de nordestino, sai numa correria desabalada como se fora um fugitivo da seca e só para na terra prometida: 2 x 1.

Ninguém dorme mais no pacato nordeste de Amaralina. Nem meu filho, que há poucos dias me propiciara ETERNAS EMOÇÕES, suporta minha algazarra quase solitária e larga a seguinte: Meu pai, você é um alienado.  Nem ligo. Afinal, desprovido de qualquer resquício de caráter, estava comemorando meu primeiro título Internacional.

Essa homilia é dedicada a Teixeirinha.

Originalmente escrito para o Impedimento.

Relatório Franciel

Quando chegamos ao estádio Olímpico — eu, meu filho e o Butragueño de Amaralina –, tomamos uma enorme vaia que encarei com bom humor. Nada demais, apenas palavrões. Quando entramos é que houve o primeiro choque: atendendo a seus arbóreos, finos e calosos torcedores, o Grêmio viria sem Tcheco. Mas aquilo era só o primeiro prato, pois logo veríamos um prato principal que outro não era senão a famigerada linha de quatro jogadores no meio-campo: Souza, Adílson, Rochemback e Douglas Costa. Ou seja, Souza e Douglas Costa estariam a quilômetros de distância. Quando vi aquilo, pensei de imediato neste parágrafo, nas inevitáveis críticas a Autuori, na futura entrada às pressas de Tcheco e no entusiasmo que isto causaria. O único grave problema encontrava-se no fim do túnel de meus pensamentos — lá estava novamente Dante Sasso dizendo inexoravelmente que não curtira o parágrafo.

Era uma experiência nova aquilo de ficar numa arquibancada vazia protegido pela polícia de Yeda Crusius. Chamei um guarda para um papo. Avisei e ele que, apesar de ocuparmos um latifúndio improdutivo e quase silencioso, não éramos do MST. Mostrei-lhes minhas mãos de dândi e eles baixaram as armas. Mas um brigadiano mais arguto desconfiou de meu sotaque, obrigando Franciel a intervir:

— Esse porra faz a porra de dez anos que vive na porra desse estado e perdeu um sotaque da porra que fazia a porra da madeira gemer — disse ele no mais irrepreensível sotaque Elevador Lacerda.

O primeiro policial garantiu, com ar de inteligência:

— Ele parece a Sônia Braga de Dona Flor, deve ser baiano mesmo.

E o segundo lhe cochichou:

— Sim, os cabelos são os mesmos.

E em voz alta:

— Podem ver o jogo.

Em campo, eu torcia para um time que não conhecia direito. Acreditem, é pior. Há anos não ficava nervoso num estádio. Não tenho mais idade para essas angústias, mas o fato de só conhecer Magal, Viáfara, Apodi e Leandro Domingues estava me deixando maluco. Apodi via pela primeira vez em sua vida dois laterais para impedir-lhe a passagem: Douglas Costa e Lúcio. Lúcio olhava para a frente e pensava em como fazer um overlapping educado em Douglas para chegar à linha de fundo. Douglas não sabia se abria espaço para Lúcio passar, se atacava ou se marcava Apodi. O mesmo impasse triângular ocorria do outro lado. Souza pensou que talvez devesse telefonar para Douglas Costa a fim de marcar um encontro. Mandava-lhe recados através de Adílson, que os repassava a Fabio Rochemback. Este estava muito ocupado em desfilar sua elegância algo exagerada e esquecia-se de avisar Douglas.

Enquanto isso, o Vitória marcava, desarmava, tocava a bola com tranquilidade e divertia-se perdendo gols, coisa na qual não víamos graça alguma. O excelente Neto Berola mostrou que não era Luís Fabiano ao tocar por cima do gol em jogada idêntica a que seu modelo converteria horas depois. Roger… Bem… Roger… Melhor não falar. Quase morremos na arquibancada. Não se mira no pobre zagueiro que está dentro do gol quando temos o gol aberto, mas diversão e lazer é um direito previsto na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Cônscio do fato, Réver resolveu colaborar com a brincadeira de perder gols do Vitória, mas Neto, demonstrando que não se deve confiar em baianos, fez o gol. Sacanagem.

No intervalo, recebemos um arbóreo torpedo dando conta de que tínhamos sido observados aos pulos, subindo e descendo as escadarias do Olímpico. A RBS mostrou que sempre MENTE ao relatar a seus ouvintes que havia 14 torcedores do Vitória assistindo à partida. Mentira! Havia 35,71% a mais. Éramos DEZENOVE, caraglio.

No segundo tempo, mais brincadeiras. Aos 21 segundos, Leandro Domingues chutou no poste esquerdo de Marcelo Grohe e, aos 4 minutos, Neto Berola fez o mesmo, tentando mostrar que aquele poste era, em verdade, seu. Então Autuori refletiu sobre as vaias que ouvia e conjeturou sobre como seus arbóreos, finos e calosos torcedores eram volúveis: eles agora babavam pelos lindos peitos de Tcheco. O moço entrou e tivemos finalmente chances de ver o futebol dos azuis. Claro, ele não deveria ter entrado. Mesmo sem ser arrasador, víamos bolas mais inteligentes chegando ao ataque gremista. Aquilo perturbou Magal, que acabou expulso por não cometer uma falta. Apavorado por ficar com menos um volante, Vagner Mancini tirava um atacante por minuto, trocando-os por volantes.

Quando tínhamos vinte e seis volantes rubro-negros em campo, Jonas — o qual deveria ser multado por pensar em chutar de primeira aquele passe de Tcheco impossível de acertar — fez um golaço. É aquela coisa, se antes nos tivessem dito que seria 1 x 1, correríamos pelos campos e colheríamos flores, felizes como a Noviça Rebelde. Só que levar um gol daquele jeito nos deixara a certeza de que estávamos destinados a morar até o fim dos dias com a madrasta da Cinderela.

Franciel passou bem. A hospitalização foi rápida e mesmo que o marca-passo tivesse parado às quatro e trinta e cinco da madrugada por defeito numa pilha paraguaia, teve a sorte de encontrar um doador argentino vitimado por Kaká. Nunca vi ninguém mais nervoso. Ele pergunta o tempo de jogo a cada trinta segundos, mas não usa relógio. Ele quer saber dos outros resultados, mas não usa rádio. Ele quer entabular arbórea conversação, mas não usa celular. Como vingança, levei-o ao Parque da Harmonia e mandei-o contar todas as piadas de gaúcho de seu repertório, também mostrei-lhe a arquitetura dos Supermercados Zaffari, visitamos a Vila Cruzeiro e tomamos banho no Guaíba. Como compensação, deixei-o fazer livremente a opção entre comida vegetariana e Mac Lanche Feliz. Nada de carne vermelha. Amanhã, terá moqueca podre.

Ufa!

Enfim, a rodada perfeita. Estamos livres de ver o Grêmio campeão brasileiro. Apoiado no excelente trabalho de um técnico que é detestado pelos torcedores e envergonha a diretoria do clube — tanto que os dois candidatos à presidência evitaram o menor elogio ao técnico antes das eleições –, o Grêmio foi muito além do esperado pelo razoável. Teve resultados que só podem ser atribuídos ao Sobrenatural de Almeida: 2 x 1 no Botafogo, 1 x 0 no Santos, 1 x 0 no São Paulo, 1 x 0 no Ipatinga, 1 x 0 no Sport, 1 x 0 no Palmeiras e 2 x 0 no Coritiba. Foram 14 pontos ganhos com gols casuais. Todas estas vitórias, foram conseguidas através de gols contra, um gol em completo impedimento e muitas bolas que batiam em zagueiros, enganando os goleiros.

Claro que tudo isto é normal — até os erros de arbitragem são normais –, não houve corrupção nem roubo e não é proibido ter sorte, só que ela estava beneficiando sempre o mesmo time. Imaginem se o time fosse bom! Ontem, o Grêmio mereceu fazer o primeiro gol, mas é óbvio que ele só aconteceu quando um zagueiro do Vitória desviou a bola de seu goleiro. Quase enlouqueci. Para ficar maluco de vez, botei o Like Evil do Miles Davis a toda altura e ainda vi o Vitória perder dois gols incríveis e bem construídos no final do primeiro tempo. Desliguei o som e fui comprar um remédio na farmácia. Levei o rádio e ouvi o comentarista Wianey Carlet, o mais imbecil do Brasil, dizer que a vitória era merecida e que o Grêmio estava “encaminhando um importante triunfo”. Acho que ele não viu o final do primeiro tempo, algo muito promissor que só poderia ser impedido por quantidades colossais de sorte.

Ainda estava na rua quando o Vitória manteve a tendência do final do tempo inicial e, em 3 minutos, o jogo já estava empatado e logo depois já estava 4 x 1. Ufa!

Mas a rodada também teve uma vitória do maior adversário do tricolor gaúcho, o tricolor paulista e, para deixar tudo mais colorido, houve um raríssimo erro de arbitragem, pois foi contra o Flamengo, instituição sempre aquinhoada pelos homens de preto sempre temerosos de críticas. Parabéns a Carlos Simon, que nos deu a alegria de ver ontem à noite a inédita película “Eu, C. R. F., 113 Anos, Roubada, Drogada e Prostituída”.