Sim, Elena e eu nos casamos no dia 24

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A primeira vez foi quando nós tivemos que preencher um cadastro qualquer e achamos estranha a palavra “Divorciado(a)” aplicada a nós. Como assim? Nós éramos “Namorados”. Ademais, eu fiquei poucos dias divorciado. Um mês depois de assinados meus papéis, já namorava a Elena. Divorciado mesmo foram umas poucas semanas. O caso dela é ainda mais diminuto. Ou nem ocorreu. Ela estava separada quando começamos, mas a oficialização de seu divórcio aconteceu depois de nosso namoro começar. E acho as expressões Minha Namorada e Meu Namorado o máximo. Bah, aquele Divorciado incomodava.

Então, como somos grudados, como temos muito em comum e o incomum é tolerado, resolvemos acabar romanticamente com aquele falso Divorciado(a).

Drummond disse que “Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar”. Ele tem razão. Então eu só posso falar de mim e que eu acho que às vezes dá certo juntar dois estranhos ímpares. (O próprio poeta foi casado por 52 anos com D. Dolores). E, afinal, quem sabe contar histórias em três capítulos pra ela? Eu, né? Quem mais acorda ela dizendo Vô fazê café pá ti? Eu! E quem a ama minuciosa e integralmente? Ah, sei lá se eu mereço ter sorte na vida.

Sim, sorte. A sorte de estar apaixonado nesta idade e de ter ao lado a Elena. Sorte, entendem?

(Primeira foto: Eu e Elena no cartório, é de Nikolay Romanov. As outras são de Augusto Maurer).

E agora dois belos poemas que recebemos nos comentários do Facebook.

Para ler de manhã e à noite

Aquela que eu amo
Disse-me
Que precisa de mim.

Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morto
Por uma só gota de chuva.

Bertolt Brecht

.oOo.

Fantasmagoria

Tinha deixado o amor de fora
como coisa prosaica, banal
cultivada por gentes de ideais
tão à mão quanto os fantasmas
de ocasião.

Ficou melhor assim, como está:
do lado de dentro

Marcos Nunes

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