O Inter voltou a jogar mal, mas venceu novamente o péssimo Olímpia, agora em Assunção. Foi 1 x 0 — golaço de Yuri — e agora pega o igualmente fraco Always Ready, em Porto Alegre, para terminar a fase de grupos em primeiro lugar. Será uma classificação sem brilho e com pouco futebol, uma classificação triste, apertada e entremeada por atuações ruins no Campeonato Gaúcho. O jogo contra os bolivianos será na próxima quarta-feira (26/05), às 19h. Antes disso, devemos perder o título gaúcho para o Grêmio, na Arena, às 16h deste domingo (23/05), contra um time que atua com 4 jogadores que farão 36 anos no segundo semestre, dois destes de quase 100 Kg, sendo que ambos não aguentam uma partida inteira e um deles brinca de fazer gols na gente. Ou seja, tudo indica um domingo medonho para nós, colorados.
Como disse um amigo, o Inter é aquele pirralho de bairro que eventualmente bate num amiguinho aqui, noutro ali, mas que invariavelmente apanha do valentão do pedaço.
Iniciamos bem os dois tempos, mas, após 10 minutos, voltamos à lenga-lenga da lentidão. Taison ainda está desambientado e não faz a esperada diferença. Lucas Ribeiro dá mais segurança à defesa do que Zé Delivery e nem vou dizer que o gol nasceu em jogada de Moisés, complementada por ótimo passe de cabeça de… Marcos Guilherme. OK, hoje daremos uma folga a MG, porém não a Lindoso. Este entrou e logo cometeu uma falta que por milagre não deu o empate ao Olímpia. E, pô, Yuri, temos que parar com esse negócio de receber cartões bobos. Pra que tirar a camisa? Não sabe que dá amarelo?
A tarefa de Miguel Ángel Ramírez (MAR) é complicada: ele precisa mudar um modelo de jogo que existe no Inter há um bom tempo com o agravante de que o clube não tem condições financeiras de suprir as carências do grupo. Sim, prefiro meu time propondo o jogo ao esquema reativo de Odair-Abel. Mas gostava muito da rapidez do ataque do segundo filho de Adão e Eva, coisa que MAR não está obtendo. O time do MAR espera e espera que os espaços apareçam. Ainda bem que espera com a bola no pé, só que a lentidão do time irrita. Há duas formas de se abrir espaços, (1) com deslocamentos e bons passes para a frente e (2) à dribles, também para a frente. Parece que a segunda é proibida no Beira-Rio. As vitórias pessoais só ocorrem em jogadas de Yuri e, pasmem, de Moisés. É claro que o esquema geral é o de tocar a bola, mas e aquele drible oportuno?
E vamos ao Gre-Nal de domingo. Eu estou certo da derrota. Acho que a ESPN exagerou abaixo. Gigantesca foi a consequência.
Chama a atenção o negativismo do amigo, ainda que mais para o final do lamurioso texto venha o principal conteúdo da mensagem: estamos em período de mudanças, e nosso ótimo treinador tem um plantel limitado técnica e intelectualmente falando. Os reforços virão, mas a situação financeira, como bem apontado, é grave. Fomos dilapidados de 2016 para cá, e desde antes disso foi montada uma estrutura que se dedicou a sugar os recursos da paixão colorada, com gente de grande nome e bons serviços prestados envolvida. É um processo, e sendo assim, requer persistência, resiliência, etc. As trocas serão feitas na velocidade possível – assim como a velocidade do time em campo depende muito do brilho individual, para que o modelo de jogo seja mais efetivo. Vejo avanços e retrocessos – e não estou nada surpreso, porque a palavra que melhor define realidades como a nossa é “oscilação”. Difícil, sofrido, mas é da vida. As escolhas do passado estão cobrando a conta. Creio que foi montado um excelente plano, que inclui, além de MAR, uma excelente equipe de apoio, inclusive nas categorias de base e CAPA. O Conselho de Gestão tem ideias claras e gente de gabarito moral. É um grande avanço, mas nas quatro linhas os impactos disso tudo demoram um pouco mais a aparecer. De resto, cada torcedor tem um estilo. Eu sou sagitariano e otimista, prefiro ver o copo meio cheio, mas não critico quem vai pelo caminho da acidez. Apenas me deixa desconfortável todo esse negativismo, como referi no início. Desculpe-me a longa missiva, mas problemas complexos nunca têm soluções breves e fáceis. Forte abraço, na expectativa de uma vitória domingo – não necessariamente o título. E classificação na fase de grupo da Libertadores nunca, em nenhuma hipótese, é triste. Triste é ficar de fora dos mata-mata – ou da própria Libertadores…
Nossa desesperança tem mais um longo inverno pela frente, pero milagres acontecem. Quem não acredita em milagres não conhece a realidade.
Muito precisa tua análise. O problema é que neste esquema (da forma que esta sendo executado) os jogadores tem medo de fazer o enfrentamento individual, o que é justificável. Quando perdemos a bola é sempre um “Deus nos acuda”. Seguidamente, no andamento das partidas, estamos com o único volante colado nos zagueiros e tendo somente dois meias à frente pra lutar com muito mais jogadores adversários. Em tese os laterais deveriam se somar aos dois meias, povoando este entorno. Mas isso somente acontece razoavelmente se o outro time não oferecer perigo que segure os laterais (perigo que certamente ocorrerá no GreNal com Ferreira e Pepe constantemente abertos). Por isso seria necessário, no mínimo, haver uma variação do esquema para esta possibilidade de aperto defensivo. Como, por exemplo, o recuo dos “ponteiros abertos ” para povoar o meio com os laterais atacando nas pontas só na boa. Mas não vejo por hora essa vontade no MAR, que tem obsessão dogmática de fazer o “jogo de posição”
A grande pauta esportiva hoje em dia é a influência dos empresários de boleiros tanto nas crises dos clubes, provocadas por opiniões de jabalistas esportivos, quanto nas convocações da seleção.
A mudança de cultura no futebol do Inter é um projeto e um processo. Projetos e projetos não podem ser analisados com a mesma régua do foi bem foi mal ou o fulano errou de novo e tals.
Eu tô gostando do trabalho do MAR como há muito tempo não me INTERessava pela complexidade teórica, técnica, tática e, principalmente, ética do futebol.
Por isso, infelizmente, não tenho tido saco para acompanhar jabalistas esportivos e ‘influencers’ da mídia tradicional, pois essa espécie de midiota é unidimensional e INTEResseira, resumindo: terraplanistas esportivos de resultado.
O que não é o teu caso, por isso te sigo e comento.
Há braços…
Milton: depois do que você escreveu, pouco resta a dizer. Falarei sobre coisas de somenos importância. Como por exemplo: é insuportável ver a cara de sofrimento do Dourado durante o jogo inteiro; parece que a mãe morreu e o avisaram pouco antes de entrar em campo: alguém tem que dizer pro Galhardo que ele tente jogar bola e esquecer de fazer caras e bocas para as câmeras de TV, quando erra mais um lance; o Cuesta é zagueiro razoável, mas não sabe bater faltas, mas insiste em fazer; finalmente, existe um tratado secreto de amizade entre o Ramirez com o Lindoso e o Marcos Guilherme.? Ontem o Lindoso (por que chamam ele de Lindoso? Seria o cavanhaque?) entrou para quase entregar o jogo; o pior, isso permitiu que o Lomba (abaixo) salvasse o gol e garantisse mais 10 anos como goleiro do Inter.