Bamboletras recomenda Doramar, o novo livro de Itamar Vieira Junior, e mais

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Torto Arado vendeu mais de 100 mil exemplares. Para o Brasil, isto é um fenômeno muito significativo, ainda mais se considerarmos a alta qualidade e a poesia da prosa do baiano Itamar Vieira Junior. Agora, ele retorna com seu segundo livro, Doramar ou A Odisseia: Histórias que recomendamos sem medo de errar e por já termos lido uma das histórias.

Coincidentemente, Pequena Coreografia do Adeus é também o segundo livro da paulista Aline Bei, que fez uma linda estreia com o esplêndido O Peso do Pássaro Morto. A história do livro é muito boa, importante e comum a muitos de nós. Leia a sinopse!

De quebra, recomendamos outro livro notável: Nomadland.

Boa semana com boas leituras!

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Doramar ou A Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Junior (Todavia, 160 páginas, R$ 49,90)

Quem se deslumbrou — isto é, quase todo mundo — com a maestria narrativa de Torto Arado, romance que converteu Itamar Vieira Junior em um dos nomes centrais da nossa literatura contemporânea, vai encontrar neste Doramar ou a Odisseia ainda mais motivos para celebrar a ficção do autor. Num diálogo permanente com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira, Itamar enfeixa um conjunto de histórias a um só tempo atuais e calcadas na multiplicidade de culturas que formam o país. Lidas na sequência, atestam a vitalidade de um escritor que encontra uma boa parcela de inspiração em personagens que desafiam os limites que lhes foram impostos e abraçam a existência em toda a sua plenitude.

Nomadland, de Jessica Bruder (Rocco, 304 páginas, R$ 59,90)

No interior dos EUA, empregadores descobriram uma nova força de trabalho educada, disposta e de baixo custo, composta em sua maioria por pessoas mais velhas e sem endereço fixo. Muitos deles estão afundados em dívidas, sem poder pagar um aluguel ou uma hipoteca, e com uma aposentadoria que mal dá para o básico. Resultado da recessão econômica de 2008, essa parcela invisível da sociedade ganhou as estradas em trailers, ônibus e vans, formando uma crescente comunidade de nômades, que não aceitam o rótulo de “sem-teto”, são simplesmente “sem-casa”. Eles têm um lar e este está sobre quatro rodas, acompanhando-os para onde forem (geralmente o próximo trabalho mal remunerado, sem direitos trabalhistas e em condições duvidosas). Nesta reportagem sensível e impressionante, Jessica Bruder segue as rotas mais usadas dos que trabalham em empregos temporários e conhece gente de todo tipo: um ex-professor, um ex-executivo do McDonald’s, um ministro de igreja, um policial aposentado e veteranos de guerra, entre muitos outros. E a protagonista — a garçonete-caixa-empreiteira-avó Linda May.

Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Cia. das Letras, 264 páginas, R$ 49,90)

Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas. Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena Coreografia do Adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.

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