Do Lit Hub
Em seu novo conto The Mom of Bold Action, publicado na próxima edição da The New Yorker, George Saunders satiriza e humaniza (qual é a diferença, se a sátira é boa?) uma mãe que, depois que seu filho é empurrado por um homem sem-teto, faz “justiça” com suas próprias mãos. Em uma entrevista com Deborah Treisman, Saunders explicou por que ele abordou tal assunto — e como contos devem evitar respostas fáceis:
A história gira em torno da questão da justiça: que punição é justa quando um homem mais velho com problemas mentais empurra uma criança? Um empurrão por um empurrão? Um golpe na rótula para impedir mais empurrões? Deixando ele ir, por simpatia com os desafios que ele enfrentou na vida?
— Certo, essas são as perguntas que eu estava querendo que a história fizesse. Acho que o trabalho de um conto pode ser o de fazer exatamente isso — fazer certas perguntas e recusar-se a respondê-las, apoiando ambos os lados para que as perguntas se tornem mais complexas. O leitor é colocado na posição de ser rejeitado quando tenta chegar a alguma conclusão moral nítida. Acho que há valor nisso. Quando leio uma história que funciona assim, vejo como rapidamente, na vida real, desligo minha mente e decido cedo demais… Acho também importante lembrar que todos os excessos vêm de algum lugar. Qualquer ato irracional ou mau que observamos provavelmente pareceu razoável, até virtuoso, para a pessoa que o fez ou cometeu… Acho que qualquer um de nós poderia se tornar tal pessoa nas condições certas (erradas). Caso contrário, a história é apenas um monte de coisas imperdoáveis sendo feitas por idiotas que não eram nada como nós. E não há para onde ir com isso.
Embora os personagens de Saunders sejam frequentemente cômicos, dogmáticos e limitados em seu pensamento, os ciclos de pensamento que os levam a agir de forma prejudicial são familiares, decorrentes de impulsos familiares e até mesmo razoáveis. “É de propósito; a fim de rejeitar uma bela conclusão moral”, como ele coloca. “O mais importante é tentar continuar a amá-los”, disse Saunders, “e uma forma de fazer isso é dar-lhes pensamentos, memórias e ações da minha própria vida”.