Atrás do balcão da Bamboletras (XLIV)

Compartilhe este texto:

Estava voltando do almoço, me arrastando no calor de Porto Alegre. Quando entrei todo suado no ar condicionado da livraria, ouvi uma moça dizer que queria porque queria um Tudo é rio, de Carla Madeira, o livro que eu estava lendo e que carregava sob meu sovaco. Na Bamboletras, tínhamos vendido o último exemplar dele no findi. Sabia que não tínhamos o livro.

Ela viu meu livro e perguntou:

— Me vende o teu?

Respondi que minha mulher já tinha lido aquele exemplar e que eu estava na página 160 de 212. Estava usadinho.

— Ah, me vende… Vou viajar amanhã e preciso! Tu busca outro exemplar pra ti na distribuidora!

— Mas eu anoto meus livros, sublinho, coloco um U quando dou risada e um ∩ quando discordo. E estrago a lombada.

— Tô nem aí. Quero!

— Mas ele estava na minha axila.

— Me vende. Nem precisa me dar o desconto-axila.

Vendi, né? Amanhã chega o meu.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Deixe um comentário