Dificilmente se encontrará compositor mais subestimado e injustiçado na história da música do que o pobre dinamarquês Carl Nielsen (1865-1931). Duvido que, após conhecer as Sinfonias 3, 4 ,5 ou 6, ou o Concerto para Clarinete, ou o para Violino ou ainda o incrível Quinteto de Sopros, alguém esqueça de Nielsen. O cara era um tremendo compositor, ainda mais para sopros.
A 5ª Sinfonia pertence a outro mundo. Escrita entre 1921 e 1922 mostra o mundo e a linguagem musical desintegrando-se. Homem de seu tempo, Nielsen provocou irritação, principalmente pelo trecho onde indica que a percussão deve fazer barulho sem especificar de que tipo… Ou melhor, Nielsen simplesmente instrui a percussão a tentar parar a progressão da música a qualquer custo, sem explicar o que deviam fazer para isso… Na gravação abaixo, a coisa até que vai calma, mas tenho outra em CD de uns bagunceiros escoceses acostumados à brigas de rua e aos quebra-quebra habituais dos bêbados, onde esforços maiores são feitos. O originalíssimo primeiro movimento divide-se em 2 partes e 3 planos tonais; o ritmo é monótono, depois torna-se militaresco e até aterrorizante, ainda mais quando os percussionistas decidem acabar com a música. Vale a pena conhecer por inteiro esta obra curiosíssima e ultraclara em sua determinação de mostrar o ambiente político que se criava.
Aqui, o primeiro movimento, Tempo Giusto:
E aqui, o segundo, Adagio non troppo:
Porém, há mais quatro movimentos! Dentre eles, um Andante com duas lindas fugas.
Bom domingo!