Não sem antes dar um vexame, a vaca foi pro brejo

Publicado ontem à noite no Sul21.

Para bem explicar a efêmera participação do Internacional na Copa Libertadores da América de 2011, talvez seja necessário voltar ao ponto onde ela começou para terminar no exato momento em que Falcão inventava  de colocar Ricardo Goulart em campo.

A pequena tragédia colorada foi longa do ponto de vista temporal. Ela começou quando Fernando Carvalho chegou-se ao ouvido de Roberto Siegmann e pediu para que este mantivesse Celso Roth como treinador da equipe logo após o mazembaço de dezembro. O pedido — destituído da menor lógica, ainda mais vindo de alguém que estava abandonando a direção de futebol — foi atendido de forma dedicada, longa, insistente e tola.

Foi assim que o Inter viu passar os primeiros meses de um ano em que dispunha talvez do melhor grupo de jogadores da última década. Com um técnico detestado pela torcida e que mais parecia apostar na própria demissão, jogou fora todo o início da temporada. Quando foi finalmente decidido o óbvio, a diretoria colorada apostou no Sobrenatural de Almeida, chamando o ex-idolo Falcão, ou seja, alguém com nome, fama e inexperiência.

Nada contra Falcão, ele até vinha bem e tem crédito para se recuperar, mas convenhamos, começou a fazer estranhas escolhas em suas substituições dos últimos dois jogos: no Gre-Nal tivemos a entrada de Juan no local de um meio-campista — quase uma ordem para o adversário atacar — e hoje, de forma improvável, bateu o recorde rothiano ao manter Sóbis e Cavenaghi na reserva para apresentar-nos o péssimo e inédito Ricardo Goulart.

O jogo de hoje iniciou com o gol de Oscar a um minuto de jogo. Ele fez bela jogada na  intermediária, driblou dois <em>carboneros</em> e bateu firme de canhota no canto do goleiro Sebastián Sosa. Um belo gol. Só que o gol de Oscar não foi a abertura de uma partida arrasadora do Inter, mas antes um aviso de “fiz o meu máximo, boa noite, vou dormir”.

Marcando forte, Peñarol  passou a dominar a partida, apesar de apenas conseguir repetidos escanteios. Não era um bom jogo, as arquibancadas estavam ficando anestesiadas pelo jogo lateral do Inter, cuja inapetência pela profundidade merece ser tema para muitas reuniões de Falcão com seus comandados.

No início do segundo tempo, sentindo que o Inter passaria a noite ensebando, o Peñarol deu duas estocadas que levaram o Inter ao chão: o atacante argentino Alejandro Martinuccio disparou pela Avenida Nei — outro problemaço para Falcão — , tabelou com Juan Manuel Olivera e bateu no ângulo de  Renan. Um golaço. A igualdade conquistada em apenas 15 segundos não perturbou o sonolento time colorado, tanto que o Peñarol utilizou-se das mesmas armas para para fazer o segundo gol.

Novamente pela Avenida Nei, a virada saiu aos 5min, quando Luís  Aguiar cruzou da esquerda e Olivera subiu sozinho para cabecear novamente no ângulo de Renan, só que no outro canto, para que ficasse simétrico.

Com o segundo gol do Peñarol, o Inter precisava de dois gols. Pura fantasia. Foi quando Falcão teve seu momento: trocou  Andrezinho e Oscar por Ricardo Goulart e Tinga. O efeito foi notável: o Peñarol quase marcou novamente aos 15, quando  Aguiar chutou uma bola rente ao travessão de Renan, vencido no lance.

A única coisa positiva que Falcão conseguiu foi ao fazer o óbvio ululante. Ao retirar a Avenida Nei para colocar ATACANTE Rafael Sóbis, o Internacional ficou discretamente ofensivo e atacou durante os 20 minutos restantes de  jogo. As jogadas de mais perigo foram um chute de  fora da área de Bolatti e outro de D’Alessandro,  aos 41min, defendido por Sosa. Houve também uma enorme confusão na área uruguaia. Uma confusão. Só uma.

Assim, a simpática equipe uruguaia — espécie de SC Internacional daquele país — levou com inteiro merecimento a vaga.

O embuste do futebol colorado fez com que grande parte dos torcedores se retirassem antes do final do jogo. Foi o caso deste comentarista. Agora, o Grêmio é o Rio Grande do Sul na Libertadores, ao menos até a meia-noite de hoje…

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Pragmatismo colorado não sobrevive a Celso Roth: Jaguares 1 x 0

Publicado no Sul21

Em seus dois últimos anos de Libertadores, o Inter tem mantido um agradável pragmatismo quando joga fora de casa. Com exceção da partida contra o Banfield, na Argentina, o Inter sempre alcançou os resultados que queria. Tal postura não sobreviveu ao time escalado insistentemente por Celso Roth. Nos jogos do Campeonato Gaúcho já era visivel que a equipe colorada entrava em campo com oito jogadores e três cones: o ex-zagueiro Índio e os inoperantes — para dizermos o mínimo — Nei e Zé Roberto. Como ruindade é algo contagioso, Oscar, D`Alessandro e outros jogadores foram inoculados pelo trio e não conseguiram chegar nem perto de suas atuações do Gauchão, onde apenas conseguem empates…

Como resultado, o Inter perdeu para o lanterna do Campeonato Nacional do México no dia do aniversário do Estádio Beira-Rio e na semana de aniversário do clube. Com a data de validade expirada, Roth permanece assitindo seu time repetir-se, apesar de possuir um dos melhores grupos de jogadores do Brasil. Mas vamos aos fatos da peleja histórica — para o Jaguares.

No primeiro tempo, o Inter teve mais posse de bola, mas apenas rondou discretamente o gol de Villaseñor. Apesar de trocar passes com alguma habilidade até a intermediária mexicana, os ataques morriam nos pés de Zé Roberto, de Nei ou num último passe fatalmente equivocado de outrem afetado pela parca dinâmica futebolística. Como por milagre, Leandro Damião, aos 19 minutos, girou dentro da área chutando para fácil defesa do goleiro. Foi só.

Porém, como desgraça pouca é bobagem…

Ao final do primeiro tempo, o lanterna Jaguares ganhava corpo (ou pilhas) e começava a imiscuir-se insidiosamente no campo vermelho. Aos 33 minutos, Andrade deu um susto em Lauro. O goleiro brasileiro estava adiantado e viu o chute do camisa 19 explodir no travessão. Era tudo muito estranho.

No segundo tempo, o técnico Guadalupe, que infelizmente é contratado do Jaguares, colocou em campo o argentino Manso e o centroavante Salazar. No Inter, a única mudança foi no comportamento. Para pior. A tradicional “palavra do vestiário” trouxe a equipe sonolenta para a segunda etapa.

Aos nove minutos, Duran aproveitou nova e incrível falha do Cone Nº 1 (Nei), foi à linha de fundo e mandou para área. Salazar girou em cima do Cone Nº 2 (Índio) e bateu na saída de Lauro. O gol acordou Celso Roth, que pôs-se a refletir. Oscar, de atuação discreta, deu lugar para Rafael Sóbis, mas o time, sem mecânica de jogo, não reagia.

Então, Andrezinho entrou em campo com algum resultado. O Inter passou a investir nos chutes de longa distância. Na primeira chance, o 10zinho quase marcou por cobertura. Depois, Villasenõr fez grande defesa em cobrança de falta do mesmo Andrezinho. Neste ínterim, o time da casa trabalhava intensivamente sobre Índio, que cedia às mais ingênuas tramas de novelas mexicanas e só parava nas defesas mais sisudas de Lauro.

Como não poderia deixar de ser, Roth ainda colocou uma cerejinha no bolo de aniversário do Beira-Rio. Em vez de colocar em campo Cavenaghi, Roth investiu questionavelmente na paixão. Fez uma troca de volantes, tirando o bom Bolatti para colocar o detestado Wilson Mathias.

E assim transcorreu a noite colorada. Era para ser de festa, mas como convidaram o Celso Juarez…

~o~

Agora, a classificação do Grupo 6 da Libertadores está assim:

1. Inter: 10 pts / 5 jogos
2. Jaguares: 9 pts / 5 jogos
3. Emelec: 7 pts / 4 jogos
4. Jorge Wilstermann: 0 pts / 4 jogos

Para classificar-se para a próxima fase, o Inter precisará vencer ou empatar com o Emelec no Beira-Rio, no próximo dia 19 de abril, dependendo ainda resultado de Jorge Wilstermann x Emelec, jogo a ser realizado amanhã em Cochabamba. A melhor campanha da primeira fase? Melhor esquecer.

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Anúncio do Jaguares para o jogo contra o Inter

Muito interessante. Com referências ao filme Kill Bill, etc. Resta saber se Uma Thurman, Quentin Tarantino e os 88 loucos participarão da partida. Um deles foi visto em Lajeado no último sábado: o árbitro Fabrício Neves Corrêa, que gosta de ver mortos e feridos em campo.

Ah, a propósito: parabéns ao Inter que hoje completa 102 anos.

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