Eu sugiro que, hoje ou qualquer dia desses, vocês liguem o rádio na FM 99.3 ou, mais exatamente, na Band News de Porto Alegre, entre as 9 e 11h, de segunda a sexta. Há um programa apresentado pelos jornalistas Felipe Vieira e Diego Casagrande. É um programa muito ruim, pobre de ideias, miserável mesmo. Os dois amigos ficam trocando piadinhas espertas, comentando notícias, fazendo entrevistas, sendo que Felipe Vieira, de voz grave e baixos profundos, não abre muito a boca para falar; sua voz é uma espécie de ronco. O conteúdo é aquele conhecido de quase todas as emissoras gaúchas: a confusa defesa dos governos Fogaça e Yeda e ataques Millenium styled.
Talvez Marcelo Träsel — que além de jornalista é professor e coordenador da especialização em Jornalismo Digital da Famecos/PUCRS — , tenha exagerado se chamou Felipe Vieira de canalha e o acusou de participar de tramoias. Se tiver provas, tudo bem, mas será que tem? Observando os patrocínios do site de Felipe — uma nada sedutora espécie de clipping — , nota-se que há a Prefeitura de Porto Alegre, o Simers (Sindicato médico), o Sistema Farsul, o Sindicato de Lojistas e o CDL. Parece que há outros, não me detive. É engraçado, a Prefeitura e a Farsul patrocinam um jornalista que aprova suas atuações e isto forma uma espécie de faixa própria.
Acredito ter ouvido uma entrevista de Felipe Vieira com Carlos Sperotto (presidente do Sistema Farsul – Federação de Agricultura do Estado) em que o apresentador e o entrevistado tratavam-se como amigos, mantendo com dificuldade uma pauta objetiva — ou talvez tenha sido no programa de Lasier Martins, eu estava dirigindo, mais atento ao tráfego. Quando falo em “Faixa própria”, quero demonstrar o seguinte modus operandi: Felipe entrevista Carlos para gáudio dos poucos ouvintes do programa, os quais certamente concordam com o conteúdo dos comentários do primeiro. Não conseguem, desta forma, espraiar muita coisa, a não ser entre quem concorda com o jornalista. É o de sempre. Eles pensam estar polinizando qualquer coisa, a gente finge que está atento.
Aqui está o conteúdo do processo contra Marcelo Träsel. É uma besteira, uma coisa que deveria ser respondida ao vivo ou discutida num telefonema ou por e-mail, mas alguns acham melhor intimidar com indenizações. Injúria? Ora, basta ler as notícias pinçadas pelo clipper de Vieira… Aquela simples escolha também não constitui injúria? Ah, é jornalismo? Tá bom. Porém, o principal problema parece estar localizado na frase “jornalista processar jornalista é coisa de maricas”. Esta configuraria “abuso da liberdade de expressão”. Meus caros, na minha opinião, isto é ofensa de sexta série do Ensino Fundamental, nunca difamação.
E vou trabalhar.