Depois que os caras saíram, lembrei vagamente de meu pai falando sobre uma viagem ao Irã (Pérsia) lá pelo final dos anos 50…
Uns caras bem estranhos invadiram minha casa querendo saber coisas a meu respeito. Lhes disse que não tenho programa nuclear próprio. Não acreditaram. Trouxeram um cara junto. Estava preso. Tinha a cara do bin Laden, mas falava português. Tiraram fotos. Me deram umas coisas para tomar.
Há pessoas investigando minha vida, meus IPs, meus contatos, meus comentários. Minhas fotos e livros são analisados e cheirados. O guarda da cadeia já mandou torpedos, o juiz de direito piscou para mim — eu vi. Minha caixa de e-mails diz coisas, sugere que escondo fatos, que iludi e fui iludido, que matei e roubei, que meu diploma é falso, que nunca estive lá. Ligo a TV e só passam séries, ouço o rádio e me culpam pelo Serra, mexo nos CDs e todos são de Wagner. Estranho.