Mas tenho mais fatos a narrar sobre a visita de Dostoiévski à Livraria Bamboletras, durante o lançamento do Ingresia de Franciel Cruz.
Apresentei-lhe ao célebre escritor um livro de seu conterrâneo e contemporâneo Tolstói, Anna Kariênina. Ele olhou, risonho porém visivelmente contrafeito, e disse:
— Ah, um Tolstói qualquer.
Notei que ele tinha achado minha atitude ofensiva e tentei consertar a situação dizendo que, imagina, atropelada por um trem, muito melhor uma machadinha ou um bom parricídio — já pensou que maravilha se acontecesse em Brasília, Dostô? –, mas como ele não reagia, reclamei das considerações agrícolas de Liêvin, louvei o príncipe Míchkin e o niilista Kirílov e fui saindo de fininho antes que ele jogasse em mim aquele copo de cerveja.
(Com Bruno Pommer e Milton Ribeiro).
(Fotos: Rômulo Arbo).