Penso que o destaque do próximo Concerto da Ospa — nesta sexta, 18, às 20h — seja a Sinfonia Nº 2 de Louise Farrenc (1804-1875).
As poucas mulheres compositoras estão reaparecendo e isto é muito bom, além de reparador e artisticamente enriquecedor. Durante muito tempo, a história da música erudita foi escrita como se tivesse sido feita apenas por homens. Mas isso não reflete a verdade: mulheres compunham, regiam, ensinavam e inovavam — embora com frequência fossem subestimadas ou reduzidas ao papel de exceção.
Com 15 anos, Farrenc passou a se interessar pela composição e entrou para o Conservatório de Paris. Como mulheres não podiam frequentar aulas na instituição, recebia orientações de forma privada. Logo, tornou-se concertista de renome. A fama lhe rendeu um convite para dar aulas no Conservatório onde estudara, tornando-se, assim, a única mulher, no século XIX, a ocupar de modo efetivo uma posição permanente na instituição, na qual trabalharia por mais de três décadas – recebendo um salário menor do que o pago aos professores homens, claro…
Berlioz escreveu que ela era “capaz de criar orquestrações com um talento incomum entre as mulheres”. Mais reticências… Não conheço suas obras, mas sei que ela faz uma música de inspiração nada francesa, reverenciando Beethoven, Mozart e Mendelssohn.
A regência será da grega Zoe Zeniodi (foto), de quem a Elena fala muito bem. “Gesto claríssimo e preciso”, disse ela hoje pela manhã, enquanto eu a acompanhava até a sede da Ospa.

