O Último Minuto, de Marcelo Backes (Fim)

o-ultimo-minuto_marcelo-backesComo escrevi na primeira parte deste texto, a voz de Yannick Nasyniak ou João, O Vermelho, não é única no livro de Backes. Concordo, é ele quem fala por quase todo o romance através de um copioso discurso livre indireto, mas há importantes interrupções de parte do narrador-interlocutor. Ou seja, o livro não é um longo monólogo que se estende por 224 páginas, como li em algum lugar. Uma das qualidades do livro está no contraponto, no diálogo, no reflexo das palavras de João-Yannick sobre o seminarista. Como já escrevi, o livro chega a apresentar uma inversão de posições, dando espaço ao monólogo do seminarista! Outro fato que me causou contrariedade foi a redução feita por alguns jornais, como se o livro apenas argumentasse sobre o futebol como metáfora da vida. Ok, é uma das teses presentes no livro, mas é apenas uma delas. O Último Minuto é bem mais rico. Fiquei feliz ao ler meu amigo Carlos André Moreira na ZH de hoje. Ele caracterizou bem o livro de Backes, passando o centro do romance para a paternidade de Yannick.

De forma muito curiosa, o evento de hoje no StudioClio propõe o tema “A Voz da Prisão” em autores como Nabokov, Sabato, Dostoiévski e Graciliano. É uma boa ideia estabelecer diferenças entre estes ícones e o livro que estaremos comentando. Nestes livros e em O Último Minuto, a posição que cada narrador ocupa é diferente. É lamentável que eu tenha estudado tão pouco o assunto. Vamos, um tanto esquematicamente, ao que lembro destes livros narrados por prisioneiros. Read More

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O Último Minuto, de Marcelo Backes (I)

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Farei dois ou três comentários acerca de O Último Minuto, de Marcelo Backes, em razão de minha participação no lançamento do livro em Porto Alegre, lá no StudioClio, na próxima quinta-feira, às 19h30. Serve como anotação, certamente desorganizada. 

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A pedido do Backes, li O Último Minuto quando era ainda um arquivo do Word e tinha o nome de Morte Súbita. Demorei a me resolver a ler, demorei a responder ao Marcelo. Quando o fiz, ele disse: “Olha, já é outro livro. Certamente, tu vais comentar coisas que foram alteradas”. Tudo inútil, portanto, e tudo muito curioso, pois a releitura, feita agora já sob um novo nome e no formato de livro (Companhia das Letras, 221 páginas), é realmente desconcertante. Jamais manteria a sinopse que catalogara em minha memória no ano passado e que vou tentar recriar sem spoilers. Fico pensando na extensão das reformas empreendidas pelo Backes e que agora nem posso conferir porque tenho o hábito de deletar originais. Já imaginaram se aparecem em outro lugar? Read More

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