Tcheco imortal na final enquanto Inter recupera (?) General

Bem, aconteceu com o Grêmio o que quase todos — inclusive os mesmo gremistas mais inteligentes — esperavam. A novidade foi a chuva e o desespero de algumas emissoras de rádio para salvar o lamentável discurso de Paulo Odone após o jogo. Os jornalistas procuravam reinterpretá-lo de outra forma. Se a entrevista durou cinco minutos, as explicações e a amenização duraram dez.

Enquanto isso, escondidinho, o técnico Do Rival tentou fechar um treino com a intenção de escalar Bolívar. Ou seja, Do Rival traz um ex-jogador — porém alguém respeitado como líder — para auxiliá-lo a controlar um grupo que teima em dar a ele sua devida  importância. Ou seja, serão dois generais de pijamas, um dentro e outro fora do gramado.  Quando Bolívar salta para cabecear, você tem que ser rápido se quiser colocar uma folha de papel sob seus pés. Quando a bola é levantada na área do Inter, seu comportamento se equipara ao nosso no desejo de que o atacante erre. Como nós, ele torce. Hoje, abro o jornal e o texto é altamente laudatório a Bolívar. Trata-o por General. Os grupos de colorados nas redes sociais dizem exatamente o contrário. O jornal não gosta que falem mal da administração de clubes chefiados por políticos e empresários. Quando a vaia pegar de novo, haverá dez minutos explicando que ficamos nervosos e que torcedor é assim e está em seu direito.

De minha parte, estou tão cansado da política interna de Do Rival que desejo que o Sport passe o final da tarde de domingo levantando bolas em nossa área e fazendo gols. Simplesmente enchi o saco. O pior é que o Sport, que ocupa zona próxima a do rebaixamento, é tão mau time que talvez não consiga fazer nem isso. O contrato de Bolívar vai até o final de 2013.

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Drops do esporte bretão

Jorge Fossatti, técnico do Inter parece ser um sujeito esperto. Se há algo que não funciona no Inter é a bola aérea defensiva. Ora, a insistência em contar com Renan revelava uma obviedade. Renan, apesar de ser mais baixo do que Lauro, costuma sair do gol a fim de interceptar cruzamentos e o faz muito bem. Os colorados devem lembrar: bola alta entre o gol e a marca do pênalti era dele. Éramos sempre felizes quando ele não caía sobre o Rodrigo Mendes. Já Lauro não gosta de sair do gol e, quando o faz, dá uns tapinhas constrangedores a um pai de família heterossexual de 1,93m. Já a zaga colorada se liga em olhar as estrelas. Nenhum zagueiro é especialmente alto, a impulsão de Índio só é vista no YouTube e Sandro – incrível – não gosta de cabecear, preferindo figurar nas fotos dos gols que o Inter toma, sempre ao lado de quem saíra comemorando o gol de cabeça.

Então, já que Sorondo e Danny Morais, bons cabeceadores, estão mal, Fossatti tenta resolver a questão enchendo a grande área de zagueiros.

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— provocation mode on — Em Grêmio x Veranópolis, houve quatrocentas faltas e Souza chutou-as de forma, de forma, de forma… a deixar saudades de Tcheco. Talvez Douglas diminua o SUPLÍCIO DE UMA SAUDADE. Souza e Hugo elevarão Tcheco ao céu dos grandes craques do passado… — provocation mode off —

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Todos dizem que o Corinthians é um time geriátrico. Nem tanto. Ou se é, outros também são. Vejam só:

Felipe (25);
Alessandro (31), Chicão (28), William (33) e Roberto Carlos (36);
Edu (31); Elias (24); Tcheco (33); Danilo (30) e Defederico (21);
Dentinho (21), Jorge Henrique (27), Iarley (35) e Ronaldo (33).

Média dos 14: 29,14

OK, escalei 14 jogadores. Retirando Defederico, Dentinho e Jorge Henrique a média sobe para 30,82. E, retirando Defederico, Dentinho e Iarley, fica em 30,09. Números altos? Sim, mas não muito diferentes dos do Inter.

Lauro (29);
Índio (35), Bolívar (29) e Eller (32);
Nei (24), Sandro (21), Guiñazu (31), Giuliano (20), D`Alessandro (29) e Kléber (30);
Alecsandro (29)

Média: 28,09

Colocando o Kléber Pereira (34) no lugar da Capivara, a média sobe para 28,55. Quase a mesma coisa, não?

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Ah, o Campeonato Gaúcho. Eu detesto os formulismos e acho muito divertido o fato do Grupo A ter conquistado 30 pontos jogando contra os times do Grupo B, enquanto o B conseguiu 57 pontos sobre o A; ou, dizendo de outra maneira, Inter-POA, o favorito São Luís e o São José, que têm 10 pontos cada, fizeram o mesmo número de pontos de todos os oito times do Grupo A. Falta apenas um jogo para o finalizar a 4ª rodada: Pelotas x Ypiranga. Aliás, foi ontem à noite. Eu me divirto com o “equilíbrio”.

(*) Com a vitória de ontem do Pelotas sobre o Ypiranga, a pontuação das chaves ficou em 60 x 30.

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Relatório Franciel

Quando chegamos ao estádio Olímpico — eu, meu filho e o Butragueño de Amaralina –, tomamos uma enorme vaia que encarei com bom humor. Nada demais, apenas palavrões. Quando entramos é que houve o primeiro choque: atendendo a seus arbóreos, finos e calosos torcedores, o Grêmio viria sem Tcheco. Mas aquilo era só o primeiro prato, pois logo veríamos um prato principal que outro não era senão a famigerada linha de quatro jogadores no meio-campo: Souza, Adílson, Rochemback e Douglas Costa. Ou seja, Souza e Douglas Costa estariam a quilômetros de distância. Quando vi aquilo, pensei de imediato neste parágrafo, nas inevitáveis críticas a Autuori, na futura entrada às pressas de Tcheco e no entusiasmo que isto causaria. O único grave problema encontrava-se no fim do túnel de meus pensamentos — lá estava novamente Dante Sasso dizendo inexoravelmente que não curtira o parágrafo.

Era uma experiência nova aquilo de ficar numa arquibancada vazia protegido pela polícia de Yeda Crusius. Chamei um guarda para um papo. Avisei e ele que, apesar de ocuparmos um latifúndio improdutivo e quase silencioso, não éramos do MST. Mostrei-lhes minhas mãos de dândi e eles baixaram as armas. Mas um brigadiano mais arguto desconfiou de meu sotaque, obrigando Franciel a intervir:

— Esse porra faz a porra de dez anos que vive na porra desse estado e perdeu um sotaque da porra que fazia a porra da madeira gemer — disse ele no mais irrepreensível sotaque Elevador Lacerda.

O primeiro policial garantiu, com ar de inteligência:

— Ele parece a Sônia Braga de Dona Flor, deve ser baiano mesmo.

E o segundo lhe cochichou:

— Sim, os cabelos são os mesmos.

E em voz alta:

— Podem ver o jogo.

Em campo, eu torcia para um time que não conhecia direito. Acreditem, é pior. Há anos não ficava nervoso num estádio. Não tenho mais idade para essas angústias, mas o fato de só conhecer Magal, Viáfara, Apodi e Leandro Domingues estava me deixando maluco. Apodi via pela primeira vez em sua vida dois laterais para impedir-lhe a passagem: Douglas Costa e Lúcio. Lúcio olhava para a frente e pensava em como fazer um overlapping educado em Douglas para chegar à linha de fundo. Douglas não sabia se abria espaço para Lúcio passar, se atacava ou se marcava Apodi. O mesmo impasse triângular ocorria do outro lado. Souza pensou que talvez devesse telefonar para Douglas Costa a fim de marcar um encontro. Mandava-lhe recados através de Adílson, que os repassava a Fabio Rochemback. Este estava muito ocupado em desfilar sua elegância algo exagerada e esquecia-se de avisar Douglas.

Enquanto isso, o Vitória marcava, desarmava, tocava a bola com tranquilidade e divertia-se perdendo gols, coisa na qual não víamos graça alguma. O excelente Neto Berola mostrou que não era Luís Fabiano ao tocar por cima do gol em jogada idêntica a que seu modelo converteria horas depois. Roger… Bem… Roger… Melhor não falar. Quase morremos na arquibancada. Não se mira no pobre zagueiro que está dentro do gol quando temos o gol aberto, mas diversão e lazer é um direito previsto na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Cônscio do fato, Réver resolveu colaborar com a brincadeira de perder gols do Vitória, mas Neto, demonstrando que não se deve confiar em baianos, fez o gol. Sacanagem.

No intervalo, recebemos um arbóreo torpedo dando conta de que tínhamos sido observados aos pulos, subindo e descendo as escadarias do Olímpico. A RBS mostrou que sempre MENTE ao relatar a seus ouvintes que havia 14 torcedores do Vitória assistindo à partida. Mentira! Havia 35,71% a mais. Éramos DEZENOVE, caraglio.

No segundo tempo, mais brincadeiras. Aos 21 segundos, Leandro Domingues chutou no poste esquerdo de Marcelo Grohe e, aos 4 minutos, Neto Berola fez o mesmo, tentando mostrar que aquele poste era, em verdade, seu. Então Autuori refletiu sobre as vaias que ouvia e conjeturou sobre como seus arbóreos, finos e calosos torcedores eram volúveis: eles agora babavam pelos lindos peitos de Tcheco. O moço entrou e tivemos finalmente chances de ver o futebol dos azuis. Claro, ele não deveria ter entrado. Mesmo sem ser arrasador, víamos bolas mais inteligentes chegando ao ataque gremista. Aquilo perturbou Magal, que acabou expulso por não cometer uma falta. Apavorado por ficar com menos um volante, Vagner Mancini tirava um atacante por minuto, trocando-os por volantes.

Quando tínhamos vinte e seis volantes rubro-negros em campo, Jonas — o qual deveria ser multado por pensar em chutar de primeira aquele passe de Tcheco impossível de acertar — fez um golaço. É aquela coisa, se antes nos tivessem dito que seria 1 x 1, correríamos pelos campos e colheríamos flores, felizes como a Noviça Rebelde. Só que levar um gol daquele jeito nos deixara a certeza de que estávamos destinados a morar até o fim dos dias com a madrasta da Cinderela.

Franciel passou bem. A hospitalização foi rápida e mesmo que o marca-passo tivesse parado às quatro e trinta e cinco da madrugada por defeito numa pilha paraguaia, teve a sorte de encontrar um doador argentino vitimado por Kaká. Nunca vi ninguém mais nervoso. Ele pergunta o tempo de jogo a cada trinta segundos, mas não usa relógio. Ele quer saber dos outros resultados, mas não usa rádio. Ele quer entabular arbórea conversação, mas não usa celular. Como vingança, levei-o ao Parque da Harmonia e mandei-o contar todas as piadas de gaúcho de seu repertório, também mostrei-lhe a arquitetura dos Supermercados Zaffari, visitamos a Vila Cruzeiro e tomamos banho no Guaíba. Como compensação, deixei-o fazer livremente a opção entre comida vegetariana e Mac Lanche Feliz. Nada de carne vermelha. Amanhã, terá moqueca podre.

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