Feliz 2010 / Novo Recesso

Então, em vez de pedir pelo paraíso ou gratuitamente pelo milagre da felicidade, que tal aproveitar a virada para pensar eticamente em como fazer as probabilidades moverem-se positivamente em nossa direção, na dos que amamos e, por que não exagerar, na da humanidade? Sim, é bom forçar alguns limites, desde que não sejamos obrigados a abrir mão daquilo que mais nos vale. É possível felicidade maior? Não creio.

Lembrem especialmente que, como disse C. J. Keyser, citado por nosso Magister Ludi, “A certeza absoluta é privilégio de mentes não educadas e de fanáticos” ou como minha irmã, mais sucinta, me ensinou: “Só a ignorância não gera dúvidas”.

Eu simpatizo com alguns rituais. Gosto especialmente da simbologia de renovação e recomeço que há na comemoração do Novo Ano. Por isso desejo que, apesar do calor, degustem com leveza esta época e consigam armazenar energia para manter um ritmo bom até o próximo momento de refletir um pouco — e que não precisa esperar 12 meses.

E que o resultado seja um 2010 endinheirado, saudável, amoroso, cheio de música e literatura para todos nós!

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O blog entra novamente em recesso até o próximo dia 4 ou 5.

21 comments / Add your comment below

  1. ” Então, em vez de pedir pelo paraíso ou gratuitamente pelo milagre da felicidade, que tal aproveitar a virada para pensar eticamente em como fazer as probabilidades moverem-se positivamente em nossa direção…”

    Estou a esperar o resultado da mega-sena, hoje a noite. Se as probabilidades moverem-se em minha direção, Milton, mando notícias de alguma ilhota perdida no Pacífico Sul.

  2. Feliz 2010, Milton!

    Desejo que teu blog siga como é: um espaço aberto para teus ótimos textos, sejam eles os irônicos, os sensíveis ou os provocativos.
    Uma mesa de bar onde encontro gente culta e aprendo muito.
    Um lugar para ver mulher bonita aos sábados.

    Desejo que tu sigas firme com o blog, sem esmorecer em razão de processos, juízes absurdos ou com A Ignóbil e Sua Secretária.
    Eu, daqui, acesso e aproveito.

    Agora, dá licença , meu filho me chama para ver os Backyardigans enquanto esperamos minha mulher que está no quarto, terminando de se arrumar e ficando deslumbrante.

    É pra já que vou ficar com eles e tomar muito espumante porque, como tu sabes, este ano não foi bolinho para nós e o fato de estarmos terminando ele juntos merece muita, mas muita comemoração.
    Ouça o espocar da rolha!!!!

  3. Milton, sei que você, por ser escritor, sabe “comé”!: uma sutileza aqui, outra ali; uma delicadeza acolá, outra cá; e de repente tudo que era – não é mais…
    Merda!
    Eis o tormento de qualquer escritor: a versão final!!!!!!!!!!!!
    Todo este lero-lero para mostrar a versão “final” do poema a seguir que já se manifestou aqui com outra alma e existência.

    ÁRVORES
    by Ramiro Conceição

    Ah, meu Amor,
    tudo seria melhor
    se fôssemos…
    Porém se não é possível
    que sejamos então o real
    a sós…

    Aprender o mundo por si só
    já dá um baita trabalho danado,
    contudo se enganar com ele,
    aí, meu Amor,
    é se tornar um beato idiota arado.

    Meu Amor,
    não há tempo de desperdiçar o trabalho
    nas ruas onde o trabalho não tem valor!

    Então que seja assim:
    você aí…; e eu… aqui.

    Afinal, somos árvores… de nós mesmos.
    E pior que enfeitar com pérolas os porcos
    é semear a floresta – com troncos mortos.

  4. Milton,

    É correto falar “que meu conhecimento ilumine-te, pergunta-me alguma coisa”????

    Tem algum erro gramatical nessa frase? (ou nesta?)

    É correto falar “tem algum erro” ou “há algum erro”, qual a forma certa?

    Quem quiser responder também, sinta-se livre.

    1. Bom, eu não sou um grande especialista, vou mais pelo som:

      P: É correto falar “que meu conhecimento ilumine-te, pergunta-me alguma coisa”

      R: Eu mudaria para “te ilumine”. O “pergunta-me” está correto, pois não se começa oração com pronome oblíquo, certo?

      P: É correto falar “tem algum erro” ou “há algum erro”, qual a forma certa?

      R: Tanto faz, mas é mais bonito ou “culto” dizer “há algum erro”.

      Abraço.

      1. Querido Yuri,
        qualquer língua nasce, cresce e morre. Desta maneira, a língua é um ser vivo em mutação: a frase – isto é, a “unidade de comunicação lingüística, caracterizada, do ponto de vista semântico, por ter um propósito definido e ser suficiente para defini-lo, e, do ponto de vista fonético, por uma entoação típica” – ou o período (isto é, a frase constituída por uma ou mais orações, sintaticamente estruturadas) estão em constante processo de criação (nascimento-e-morte).

        Yuri, não sou professor de português, mas apenas um poeta que ama a sua língua porque dela se alimenta tal qual um filho em constante processo de alfabetização. Por isso que construirei uma nova língua depois de mim – calma, calma, calma (apedrejadores!), tal fenômeno não pertence exclusivamente a mim mas, ao contrário, a todo e a qualquer ser oriundo de uma cultura geradora de uma língua-mãe.

        Na realidade, o processo é muito mais complexo do que o exposto acima, pois uma cultura pode ser geradora de diversas línguas que também podem gerar diversas outras; e, ainda mais, será que realmente houve, há (ou haverá) culturas que poderiam ser denominadas de singulares ou únicas? Creio que não – somos históricos processos culturais originários nas longínquas cavernas pré-platônicas.

        Portanto, Yuri, suas perguntas não possuem respostas únicas. Mas vou tentar respondê-las (tomara que com sucesso). Caso cometa alguma barbaridade, desde já me desculpe…

        VAMO QUE VAMO, VAMO LÁ!

        1ª pergunta:

        “que meu conhecimento ilumine-te, pergunta-me alguma coisa” ????

        Para mim não há erro de construção; porém “que meu conhecimento TE ilumine, pergunta-me alguma coisa” me parece mais elegante, foneticamente.

        2ª pergunta:

        “tem algum erro” ou “há algum erro”, creio que o desenvolvimento da língua dará o veredicto final. Para mim ambas as formas são corretas, pois o verbo ter e o verbo haver, nas construções, possuem o sentido do verbo possuir (ou também do verbo conter).

        3ª pergunta:

        “Mataste-te de medo?” Para mim não há erro de construção; contudo, quando digo em voz alta “Mataste-te de medo?” tenho aquela sensação de estar numa auto-estrada e passar a 150km por aquelas ondulações com o objetivo de acordar os motoristas sonolentos DRUUMMMM!(isto é, matasTE-TE DE MEdo). Sacou, Yuri(interrogação).

        Agora imagine, Yuri, que este Blog fosse lido por 1 milhão de pessoas e que inventassemos a expressão “TETE-DE-ME” com sentido semântico de MORRER DE MEDO. Assim por exemplo: me deu um “tete-de-me” quando soube dos desabamentos em Angra-dos-Reis.

        Imagine, Yuri, agora, que aquele 1 milhão começasse a reproduzir a expressão criada “TETE-DE-ME” cotidianamente por, digamos, cinco anos; é óbvio que após este tempo não seriam mais 1 mas talvez 10, 20, 50 milhões… E é possível até que pudesse aparecer uma novela das 8 “TETE-DE-ME”. Tal processo é que denomino de criação de uma língua. Um processo muito semelhante ao que aconteceu com a expressão PA-TRO-PI inventada por Jorge Benjor.

        Bem, Yuri, não sei se respondi a contento.

        Saudações poéticas.

        PS: concordo com o Jorge: não existe a expressão há-de.

        1. Sensacional, Ramiro. Obrigado.

          A era dos blogs está só começando, essa ferramenta ainda vai intervir muito na vida e na língua das pessoas.

          Mas parece-me que este é um blog “alto nível demais” para ter tamanha influência… infelizmente caminhamos na base das novelas, mesmo.

  5. Já emendo:

    É correto falar: “Mataste-te de medo?”

    Obrigado.

    É que eu tenho mania de sempre colocar o pronome depois, mas como há casos em que isso não é possível (se vier depois de NÃO, por exemplo), tenho medo de colocar sempre.

    É que irrita ver o pronome antes, sobretudo no início de um parágrafo, até dá-me aflição.

  6. Desculpa-me, mas essa dúvida eu tenho há meses:

    É correto falar “há-de”?????

    Exemplo: “Nosso time está mal, mas com o novo treinador, tudo há-de melhorar.”

    “Há-de dar certo nossa aposta”

    Obrigado desde já.

      1. Eu não só lembro como já li essa expressão mais de 10 vezes em 2009. Sou fanático por futebol (como o dono do blog) e visito quase que diariamente sítios portugueses sobre o desporto, onde ganhei o costume de colocar o pronome depois muitas vezes, dentre outras coisas. A expressão “há-de” aparece informalmente várias vezes e levando em conta que são comentários de blog de pessoas normais, é impressionante que ainda utilize-se essa forma e também é impressionante o bom português que o povo de Portugal fala e escreve (embora eu veja erros muito grotescos também por parte dos portugueses, mas na média, prefiro a maneira deles).

        Essa do “mataste-te” eu também não vejo erro, mas veja: vi isso escrito (no caso era “enganaste-te”) num COMENTÁRIO DO YOUTUBE!!! Quer mais informal – e baixo nível – que isso, um comentário do Youtube, onde grassam as ofensas e mal escrita? Ver uma construção dessa foi um colírio (e olha que eu sou leigo). Obviamente foi escrita por um português.

        É justamente esse modo arcaico uma das coisas que faz-me gostar bastante do país que é Portugal.

        Obrigado novamente a todos que responderam. Tinha dúvidas se tinha escolhido o lugar certo para tais questionamentos, mas vejo que acertei. “Vou no lugar mais culto que encontrar”, pensei eu.

        Saudações.

  7. UMA REFLEXÃO CULTURAL
    by Ramiro Conceição

    Alfredo Borba, medíocre radialista, compositor, jurado de televisão e comentarista de futebol, teve algum espaço na mídia brasileira entre os fins dos 60 e início dos 70. Passou pelas decadentes TVs Record, Tupi, Bandeirantes, Globo e Excelcior (não sei exatamente a ordem). Hoje vive, me parece, na decadente cidade de Santos, no litoral paulista.
    Pois bem, por que estou a falar, aqui, de tal inseto decadente (interrogação). Porque tive a (in)felicidade de escutar, na Rádio Bandeirantes (se não me engano), os comentários de tal colossal labrusco quando do lançamento de País Tropical de Jorge Bem e sob a interpretação de Wilson Simonal

    Jorge Bem e Wilson Simonal foram denominados – em público, ao vivo e em todos os corredores féditos da ditadura – de analfabetos, incultos, fazedores culturais de lixo e etc…

    Encurtando a história: está semana, Janeiro de 2010, farei uma viagem de carro entre Vitória e São Paulo. Minha primeira estadia será na cidade de Casimiro de Abreu; o nome do hotel: PATROPI (à margem da BR-101). Penso-sinto que tal parábola encerra o resto de meu argumento, ou seja: há vermes que são enterrados pela história e, por outro lado, há os inventores da história – do lado desses está o poético espaço. Sobre aqueles – o escarro

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