Durante esta semana, escrevi que faltava elã à OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), que a postura da orquestra era desidiosa e desmotivada, fato talvez causado por enormes e repetidos equívocos de repertório, os quais obrigam, por exemplo, a orquestra a comemorar repetidamente os 200 anos de Schumann e quase ignorar os 150 de Mahler, compositor, aliás, esquecido pela orquestra há anos… Coisa triste. Então, vamos ao outro extremo: o primeiro comentário a este vídeo do YouTube é They sure are having fun!! (…) Great Berlin Philharmoniker!!
Repertório equivocado e repetitivo é uma das tradições das orquestras brasileiras. Acontece geralmente por três motivos:
. Falta de grana para comprar partes (partituras de execução orquestral são muito caras! Não é incomum regentes que as compram do próprio bolso ou, o que geralmente acontece, pirateando o material);
. Falta de competência para tocar obras mais difíceis (esqueça Mahler, é cruel para a orquestra. A “Primavera” evidencia muito menos a falta de calibre do conjunto);
. Espírito de corpo da orquestra para eliminar qualquer tentativa do regente impor repertório novo, moderno, complexo, que exija dos músicos estudo e dedicação além do mínimo ao qual estão acostumados. Na verdade, como ouvintes a maior parte dos músicos de orquestra do Brasil gostam de Roberto Carlos e, no máximo, de Tchaikovsky. Nunca vão entender sequer Debussy, quanto mais Schoenberg (“novidades” de mais de 100 anos!).
Ser regente de uma orquestra semi-amadora, como 99,99% das orquestras estatais brasileiras, é tarefa de pesadelo. É o festival do corporativismo, do espírito de funcionalismo público, do corpo fora e da lei do menor esforço. Também do revanchismo, do ódio ao talento e do culto à mediocridade.
O que o maestro Szanto sofre no filme “Encontro com Vênus” é fichinha perto do que os regentes têm que enfrentar em Porto Alegre, Curitiba, Manaus, Rio de Janeiro, Campinas…
Quem disse que não existe nada perfeito? Pra que algo mais perfeito que esta combinação Beethoven/Filarmônica de Berlim e Claudio Abbado?
A Sétima Sinfonia sempre me alegra e me deixa cheio de confiança. É a minha sinfonia favorita, com certeza.
É a minha preferida tb.