Feliz aniversário

Publicado em 19 de agosto de 2005, com minha irmã entrando em contato com os administradores da Verbeat. Eles “invadiram” e publicaram no meu blog sem eu saber

Por Iracema Gonçalves

Querido irmão!

Desculpe-me a intromissão, mas não resisti. Desde o momento em que teu álbum de fotografias de infância pousou em minhas mãos, pensei em fazer uma surpresa. Aliás, imaginavas perdido, não é?

Quero partilhar com teus amigos alguns momentos de tua/nossa meninice.

No dia 19 de agosto de um já distante ano de 1957, a menina da boneca ganhou um irmãozinho. Lembro-me bem do dia em que te conheci. Engomada, usei minha melhor roupa para ir ao Hospital Beneficiência Portuguesa. Só não esperava que tu estivesses tão “amassadinho”. Apesar disso, contextos como esse sempre sugerem uma dose de encantamento. Fazer o quê?

Com o tempo, tu te tornaste um lindo menininho. Parafraseando nossa mãe, “eras impossível”!

Certo dia, contrariando ordens superiores, fui até o centro da cidade depositar um rótulo de achocolatado para concorreres a um uniforme dos Patrulheiros Kresto. Qual não foi a surpresa? Acabaste ganhando. E eu tive que explicar direitinho como teu nome apareceu na urna. A partir daquele dia, o Edifício Paraíba passou a ter um xerife… e eu fiquei pra lá de orgulhosa com o feito!

Com o desenrolar da vida, as traquinagens deram lugar as tuas paixões – livros, música e o Internacional. Entre uma lida e outra, lembro das noites em que tu e o pai disputavam o espaço sonoro da casa, sem falar daquelas em que narravas futebol dormindo, com direito a gols, xingamentos, etc. Nossa mãe ficava apavorada… “Teria ele um parafuso a menos”?

Lá em casa, uma coisa que nunca faltava era rádio ligado, inclusive em cima de carros como este Skoda. Isso era mais evidente ainda nos dias de jogos do glorioso Internacional. Os comentários esportivos faziam parte de todos almoços e jantas e as bandeiras coloradas iam até para as areias de Tramandaí. Que honra para essa praia, hein?

A clássica posição de leitura – deitado – é a que sempre me vem à memória. A paixão pelos livros manifestou-se bastante cedo e lembro que, muitas vezes, a mãe reclamava, cheia de orgulho, de que a culpa era dela. Dizia que havia exigido muito de ti e que agora tu tinhas te viciado em literatura.

Na verdade, acho que sempre fomos uma família muito unida e as poucas brigas ocorridas eram disputas de espaço para ficarmos cada vez mais juntos. Indignada, eu costumava reclamar dos rádios e toca-discos que ocupavam a atenção dos homens da casa, bem como do enorme Correio do Povo – naquela época, tipo “Folha de São Paulo”.

Sempre foste um cara mais caseiro em relação ao nosso pai. Tínhamos que dividi-lo com o Jockey Club e com os jogos de damas. Neste último, ele era um craque e costumava fotografar-se com suas medalhas, o que pode ser conferido nesta foto. Já com os cavalos…

O tempo foi passando e o menininho, meu companheiro, deu um jeito de multiplicar-se. Os resultados foram estes sobrinhos maravilhosos, bonitos, inteligentes, carinhosos e cheios de vida! E, como se não bastasse, tu és um pai exemplar! Para quem não entendia como uma pessoa pode ficar tão boba com seu filho recém-nascido, eis o tira-teima.

A seguir, estamos nós no Natal de 2004! Confesso que já estávamos meio “altos”, mas lembro que foi na casa dos pais da Claudia… Ops! Ainda não falei dela. Esta é a mais nova integrante do clã. Foi uma “aquisição” e tanto, meu caro irmão. Ela é simpática, alegre, agregadora, está sempre disposta a ajudar e tem calor humano para dar e vender. Sem ela, esta invasão virtual não teria sido possível. Além disso, costuma deixar muito gourmet de queixo caído. Por favor, cuida bem da minha cunhada!

A pedido, destaco também teu querido sobrinho, que também tem em ti um grande amigo e companheiro.

Milton, um grande abraço de aniversário e votos de muiiiiiitos anos de vida!

Beijos da irmã que te adora!

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