Tuítes no blog

O caso do romance Ulysses X Paulo  Coelho: ontem li uma monumental besteira escrita por uma articulista num veículo de esquerda. É chocante a dificuldade que as pessoas têm de simplesmente admitir que foi uma bem urdida — mais uma — jogada de marketing.

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Sugiro aos querelantes que leiam um e outro. Parece-me tão simples.

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Detesto ir a dentistas. Vou hoje fazer uma revisão. Ainda bem que não sinto dores e tudo acabará em limpeza, como tem sido nos últimos cinco anos.

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Ontem, comprei o Amsterdam do McEwan. O Charlles Campos nem imagina, mas o fiz por insistência dele.

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O Inter contratou Rafael Moura quase na data do retorno de Leandro Damião. É uma diretoria muito bem humorada.

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Acho que o Inter pode continuar mandando seus jogos no Beira-Rio, mas não o Gre-Nal. Isto é, não jogos com duas torcidas.

46 comments / Add your comment below

      1. E, minha modéstia ergastosférica se recusa a me deixar me gabar, mas eu fui o único aqui que salientou desde o início que não passava de uma bem urdida jogada de marqueting do mago, que ele sequer nunca lera Ulisses.

  1. Concordo com cada palavra e vírgula desse crítico do Guardian, no artigo da Carta Capital abaixo:

    “Os autores hoje querem impressionar seus pares. Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi ‘Ulysses’ [clássico do irlandês James Joyce], que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca ‘Ulysses’, dá um tuíte”. Muitos críticos literários e editores de livro tomaram sal de fruta para digerir essa frase do escritor brasileiro Paulo Coelho, dita à Folha de S. Paulo no sábado 4, sobre uma das obras clássicas da literatura mundial. Mas nenhum deles foi mais voraz que Stuart Kelly, crítico de literatura do Guardian, jornal e portal de notícias de Londres.

    Kelly abre seu artigo no blog de literatura do site usando uma frase do escritor e pensador inglês Samuel Johnson, que respondia a um crítico no século XVIII: “Uma mosca pode picar um cavalo, mas o cavalo continua a ser um cavalo, e a mosca não mais que uma mosca.” E inicia uma ferina argumentação contra a frase e a carreira de Paulo Coelho, cujo verdadeiro insulto, segundo o crítico, “é sua crença de que devemos ceder a suas limitações” artísticas.

    “Coelho está, claro, autorizado a emitir sua opinião burra, assim como eu estou autorizado a achar o trabalhar de Coelho um nauseabundo caldo de egomania e falso misticismo com o intelecto, empatia e destreza verbal do camembert vencido que ontem joguei fora.”

    O crítico lembra que Paulo Coelho não é o primeiro a dizer que James Joyce “escreve para outros escritores, não para leitores”, diz que “sempre que um ataque reacionário surge na literatura contemporânea, um tiro em Joyce é necessário” e rechaça: só alguém que faça uma leitura superficial em ‘Ulysses’ poderia dizer a obra “é só estilo”‘.

    “Coelho se gaba de ser “moderno” porque ele consegue ‘fazer o difícil parecer fácil’, diz. E conclui seu tijolaço no escritor brasileiro dizendo que qualquer coisa que aspire tornar o mundo e as pessoas menos complexos, menos paradoxais, menos variados comete uma pequena calúnia com a realidade.

    O escritor brasileiro não gostou muito da crítica e demonstrou isso em seu perfil no Twitter. Passou a primeira metade do dia tentando argumentar contra a matéria do Guardian e a retuitar quem não concordou com a crítica. “Guardian diz que insultei leitores de Ulysses. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, indignou-se.

    A frase polêmica surge no momento em que Paulo Coelho se concentra na divulgação de seu último livro, ‘Manuscrito encontrado em Accra’.

  2. Trata-se do texto da Cynara Menezes, né? Meu deus, como ela conseguiu escrever uma coisa tão pobre como aquilo, tão clichê e previsível, na linha trivial punk de que “devemos ser ufanistas para protegermos não só nossos jogadores de futebol no exterior como nossos escritores”, e que se trata de inveja dos escritores que não vendem a um que vendem, e que “se você, leitor, tivesse que escolher entre ser um escritor de sucesso com público ou de vendas, qual escolheria”? Nossa, a maior coleção de estupidezes que li em bons anos. Senti vergonha por ela.

    A questão é que os ESCRITORES brasileiros nunca precisaram de defesa no exterior. Veja a paixão que os alemães tem por Rosa, e Jorge Amado.

  3. Charlles Campos escreveu lá na Cynara:

    Charlles Campos disse:
    2012-08-14 13:36:34
    Incrível como vc se equivoca em todo esse texto, Cynara. Primeiro: Paulo Coelho não criticou Joyce, ele só esculhambou para chamar a atenção, já que não vende tanto quanto antes e uma polemicazinha no mercado sempre ajuda. Segundo: a crítica não tira o mérito do romance do gênero, como o romance policial. Se você tivesse se preocupado em pesquisar um pouco sobre o que a crítica literária diz, iria ver que Simenon é tido como gênio, e muitos chegam a comparar Hammett com Faulkner. Terceiro: se você nunca leu Ulisses, você está do lado da besteira mercadológica do Paulo Coelho, pois assim como ele, opina sobre algo que não conhece. Coelho muito provavelmente nunca leu Ulisses.

    HAHAHAHAHAHAHA

    1. Porra, eu não resisti.

      A gente percebe o quanto professores universitários e articulistas culturais ou de política nacionais não leem, quando eles se põem a falar mal de um hipotética crítica literária ultra-ortodoxa, como se vivessem ainda na época cultural do czar. A tal crítica literária ortodoxa valoriza e iconiza o romance de gênero: há ensaios e ensaios de gente entendida sobre o policial noir americano, a literatura de terror e suspense, a ficção científica, a ficção fantástica. Ontem mesmo, que estou acabando de ler a trilogia Seu Rosto Amanhã, do Javier Marías, (uma espécie de 2666 de 1300 páginas) li as impressões laudatórias do narrador ao se lembrar de ter visto Tolkien pelos campos verdejantes da Universidade de Oxford, e o primeiro volume se escora numa interpretação de uma passagem da obra de Ian Fleming.

      Na tentativa de atacar de antemão, gente igual a Cynara não percebe que o reacionarismo tosco que condena numa classe imaginária de críticos vem toda de si mesmo, dela mesma.

  4. Outro comentário lá na Cynara:

    Vinicius disse:
    2012-08-14 14:33:23
    “Perfeito. A industria promove cada vez mais a homogeneização das formas culturais para que, quando todas forem iguais, só o que sobre seja um mercado de consumo em que nao existem obras boas ou ruins, somente aquelas que servem para fulano ou siclano. Dessa forma, todo debate estético some e o que fica é o “eu gosto porque sou assim” e o “eu nao gosto porque sou assado”, o que Adorno chamou de juízo por critérios biográficos. É amigos, Paulo Coelho nada mais faz que ser um ajudante da perversidade que é a destruição da arte e a universalização da mediocridade.”

    1. Procurei lá, Cassionei, e só achei o “seu comentário aguarda moderação”, com o meu comentário visível apenas para mim. Hahahhaha. Pelo visto, foi retirado. Estou colecionando censuras em todos os lugares, o que muito me dá prazer. E olha que, assim penso eu, não há nada de pessoalmente ofensivo nesse comentário. Há outros lá que detonam a jornalista.

        1. Foi publicado, mas logo em seguida retirado, Caminhante. Quando se comenta lá no site da CC, o comentário aparece para quem comentou apenas, com a mensagem de aguardo. Eu vejo o comentário lá, um fantasma, mas ninguém mais vê, no local onde estava. Será que existe uma lista negra entre os blogs progressistas e, eu estou nela?

          1. É dar demasiada importância a um simples comentário, mas a título de certificado de sanidade mental, meu comentário realmente não está lá. Eu o vejo entre o do “Abolicionista” e o do “Bacellar”, às 13:36.

    1. Cassionei, o Idelber é bipolar em termos de aceitação de comentários que não sejam laudatórios ao que escreve. Deixa os primeiros, aí quando surge a oportunidade de uma argumentação realmente sólida e o debate está armado, ele passa a censurar. Meus comentários lá, que ele nunca respondeu, sempre são censurados a partir do terceiro. É uma aritmética infalível.

      Acho que a Cynara cortou a coisa pois desmistifica a tal crítica que não gosta de Hammett. É assim, se gente igual a você, escritor e profundo conhecedor de literatura, mas que não tem o título universitário certo para o autorizar a dizer, contesta o Doutor Idelber no que ele presume saber, que é literatura, ele simplesmente o chama de idiota e o descarta. Mas escute: a razão é uma só: MEDO. Falta de capacidade argumentativa. Agora se sou eu, que nem da área acadêmica das letras sou, mas um reles veterinário, ousa comentar, aí eles simplesmente dão delete. Devem procurar o curriculum lates e não ver nada, daí, delete.

      Gostaria que a Cynara me dissesse se sabe que Saul Bellow era leitor contumaz de Elmore Leonard, que GGM era fã de Simenon, que Borges era leitor ávido de Ellery Queen e os contos do Padre Brown e um monte de contos e romances policiais, tendo Borges escrito uma série de textos sobre cada um desses escritores, que Orhan Pamuk constrói muitos de seus romances nobeliados com a estrutura do romance noir. E ela dizer que a alta literatura despreza a ficção de gênero, querendo enquadrar Coelho nela, sendo que Coelho faz é auto-ajuda das mais depravadas? Tudo porque, simplesmente, Coelho é brasileiro e, PRINCIPALMENTE, amigo íntimo de Zé Dirceu?

      1. É por aí. Os meus comentários ficaram ridicularizados por ele, mas sem minhas respostas. Podia escrever sobre isso no blog, mas deixa pra lá, não vou mais alimentar aquele blog, ainda mais para quem baba o ovo do Paulo Coelho no twitter.

        1. E olha só a oligofrenia da coisa, Cassionei: grande parte da defesa de Coelho por parte daquele sumo sacerdote blogueiro é que ele é amigo de um dos embaixadores da esquerda do Brasil, o Zé Dirceu (pobre país!), tendo o Dirceu tomado um daqueles Petrus de 10 mil dólares no apartamento suíço do mago e aparecido na foto em nada menos que naquela conceituada revista cultural chamada Caras.Mas o que se esquece é que grande parte da abertura do mercado editorial norte-americano para Coelho foi terem flagrado Bill Clinton com o Alquimista, nos jardins da Casa Branca. E Madonna também, entre Deepak Chopra e Nicholas Spark, certo dia resolveu posar com um dos livros do divulgador de nossa literatura pelo mundo.

          1. Charlles, não me parece que haja uma simpatia transitiva Idelber -> Dirceu -> Paulo Coelho. Idelber, até onde sei, não é nenhum fã do Zé Dirceu e, inclusive, deixou o PT nos anos 90 após a intervenção do diretório central do partido na eleição da prefeitura do Rio (retirando a candidatura de Vladimir Palmeira e imponto a aliança com o Garotinho).

            Ele tem demonstrado um genuíno interesse em certas manifestações “culturais” que perpassam por Wando e Paulo Coelho.

      2. Eu realmente não ataco o Idelber não apenas por ele ser meu amigo e ter ficado alguns SAUDOSÍSSIMOS DIAS hospedado em minha casa, mas porque ele centrou sua defesa de PC na formação de um público leitor no Brasil. É um bom ponto, principalmente se pensar que li alguns Irving Wallace, Simmel e Saint-Exupery, os quais eram ruins e que, se não tinham um substrato religioso semelhante ao do nosso mago, este estava subjacente.

        Porém, eu acho que um público leitor também pode ser formado por Simenon, Greene, Erico, Amado e outros tantos escritores populares e bons. Ou seja, o ruim e popular é uma categoria que pode e deve ser deletada.

        1. O Paulo Coelho é best seller há mais de uma década, quase duas, o que siginifica que ele não formou novos leitores de outro tipo de literatura, mas apenas novos leitores dele (que, diga-se, não tem seguidores). A maioria dos que o leem, enquanto esperam um novo lançamento, não leem mais nada. É um argumento equivocado.

        2. Taí, tocou num ponto importante: a Cynara faz a dicotomia “popular e crítica”, como se grandes autores nunca tivessem sido best-sellers. Tolstói foi o mais vendido do mundo em seu tempo, Hemingway também, assim como Shakespeare ficou rico com suas peças, etc, etc.

        3. Na verdade, Milton, o Idelber centra seus esforços na tentativa de provar que aqueles que se postaram contra a crítica de Paulo Coelho seriam leitores medianos em busca de algum “status literário”. Isso fica claro já no título do seu post: “Paulo Coelho, James Joyce e a defesa dos monumentos como desejo de distinção”.

          Essa presunção é, de fato, o que me chateou no texto dele.

    2. Estou vendo sim o post do Charlles na CC.

      Paulo Coelho, bem ou mal, vai realizando a sua Verdadeira Vontade, mesmo fazendo suas picaretagens…

      Deveria abrir uma escola de marketing para escritores que não vendem e choram no blog da Cia. das Letras =)

  5. Por mais que eu adore a Carta Capital, alguns lá são difíceis de aturar. Cynara volta e meia escreve umas bobagens.

    Um dia desses foi um cara, que eu esqueci o nome, falando de música..dizendo que a música está melhor, já que qualquer um pode montar uma banda, comprar uma guitarra ou fazer um funk por ai, que hoje a música está mais democratizada…esses “chichês anti-elitistas” são um saco.

    Esses dias mesmo eu comentei neste blog que não gostei de Ulysses, mas é impossível negar o valor e excelência da obra. Não vou desmerecer porque não gostei.

    E nem vou dizer que – posso inserir qualquer coisa claramente ruim que eu goste – é bom.

  6. Este artigo eu gostei sobre Joyce x Paulo Coelho;

    http://www.cartacapital.com.br/cultura/e-necessario-que-alguns-tentem-ser-um-novo-joyce-mesmo-em-vao/

    “Como autor e resenhista ocasional de gêneros que muitos críticos e professores consideram “subliteratura”, também sinto certa antipatia para com acadêmicos que acham que isso não deveria existir. Para mim, isso é tão absurdo quanto desejar que toda a música popular fosse banida e só existisse a erudita da melhor qualidade. Isso é desejar um mundo mais pobre, não mais rico e uma pretensão que não faz nenhum sentido. Para mim, quem sabe apreciar Brahms e também sabe se divertir dançando um axé (digamos) é mais culto do que quem só ouve Brahms.

    Mas sinto ainda mais antipatia por leitores e escritores que acham que os clássicos, canônicos ou não, não passam de chatices impingidas por uma conspiração de acadêmicos. Esses, para mim, ainda precisam completar sua alfabetização – assim como quem não consegue apreciar música erudita é que (ainda, talvez) não consegue entender inteiramente o que é música e o que ela pode fazer.”

    Ok, a parte do mais culto não faz muito sentido, mas gostei mesmo assim. Quem pode não gostar muito é o Milton…

    😉

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