O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald

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O Grande Gatsby Penguin CompanhiaA excelente tradutora Vanessa Barbara, responsável por esta edição da Penguin-Companhia (249 pág.), fez uma engraçada e furibunda avaliação do recente filme de Baz Luhrmann, baseado e homônimo O Grande Gatsby em Gatsby for dummies. Só lá no final deu uma aliviada. Acho compreensível que ela ataque o filme; afinal, o cuidado que demonstrou em sua tradução é indiretamente rebatido pela mão pesada e deselegante do diretor. Uma abordagem agride a outra, só que Vanessa tem a seu lado a própria obra. Mas este parágrafo está aqui por que mesmo? Ah, sim, para elogiar a tradução. Mas talvez não apenas para isso.

O enredo de Gatsby funciona, mas o principal é a qualidade da narrativa. O livro é narrado por um dos personagens, Nick Carraway, amigo de Jay Gatsby, um cara que o conhece no início da história. O narrador não é nada onisciente, ao contrário: é hesitante, têm poucas certezas acerca dos novos amigos e vai deixando lacunas que serão preenchidas ou não, ficando alguma coisa a cargo da imaginação do leitor. Uma das coisas que faz de O Grande Gatsby uma obra-prima é esta narrativa incompleta, e a outra é o enorme charme do texto, cheio de detalhes banais escondendo dramas. Fitzgerald não é seco nem barroco, lê-lo é muito, mas muito agradável. Suas analogias são sempre belíssimas, o homem era uma fonte inesgotável delas.

Sem spoilers, tá?

O narrador Nick Carraway torna-se amigo de seu vizinho Jay Gatsby, um milionário conhecido pelas festas que dá na sua mansão em Long Island. A fortuna de Gatsby é motivo de desconfiança — nenhum dos convidados que Nick conhece na festa de Gatsby sabe muito bem sobre o passado do anfitrião. Nick também visita Tom Buchanan, um antigo atleta universitário, também riquìssimo, e sua mulher Daisy, que é prima de Nick. Gatsby tem um passado com ela e ainda a ama. Mais tarde, descobrimos que o milionário só mantinha estas festas na esperança que Daisy, seu antigo amor, fosse a uma delas. E o caso se desenrola de forma dramática.

Fitzgerald, assim como o Nick Carraway do romance, idolatrava os ricos e o glamour dos anos 20, porém rejeitava o materialismo, a incultura e a falta de moral da época. Jay Gatsby reúne tudo isso em si: dinheiro, glamour, romantismo, materialismo e o livro demonstra com clareza que há imoralidade em seus negócios, não se sabe bem onde ou o quê.

Leia o livro, é um clássico moderno. E, se der, esqueça o filme.

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