Maiores detalhes, aqui. As imagens são da minissérie russa homônima, baseada da obra de Bulgákov. O autor do vídeo abaixo colocou como trilha sonora Sympathy for the devil, dos Rolling Stones, canção cuja letra é baseada no livro. Ele tentou fazer uma sincronia entre letra e imagens. Muitas vezes conseguiu, claro. No show dos Stones que o Multishow recentemente apresentou, Mick Jagger adentrou o palco para cantar Sympathy… vestido como um enorme gato preto. Letra e tradução estão abaixo.
Sympathy For The Devil
Please allow me to introduce myself
I’m a man of wealth and taste
I’ve been around for a many long years
Stole many a man’s soul and faith
And I was ‘round when Jesus Christ
Had his moment of doubt and pain
Made damn sure that Pilate
Washed his hands and sealed his fate
Pleased to meet you
Hope you guess my name
But what’s puzzling you
Is the nature of my game
I stuck around St. Petersburg
When I saw it was a time for a change
Killed the czar and his ministers
Anastasia screamed in vain
I rode a tank
Held a general’s rank
When the blitzkrieg raged
And the bodies stank
Pleased to meet you
Hope you guess my name, oh yeah
Ah, what’s puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah
(woo woo, woo woo)
I watched with glee
While your kings and queens
Fought for ten decades
For the gods they made
(woo woo, woo woo)
I shouted out,
“Who killed the Kennedys?”
When after all
It was you and me
(who who, who who)
Let me please introduce myself
I’m a man of wealth and taste
And I laid traps for troubadours
Who get killed before they reached Bombay
(woo woo, who who)
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
(who who)
But what’s puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah, get down, baby
(who who, who who)
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
But what’s confusing you
Is just the nature of my game
(woo woo, who who)
Just as every cop is a criminal
And all the sinners saints
As heads is tails
Just call me Lucifer
‘Cause I’m in need of some restraint
(who who, who who)
So if you meet me
Have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
(woo woo)
Use all your well-learned politesse
Or I’ll lay your soul to waste, um yeah
(woo woo, woo woo)
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, um yeah
(who who)
But what’s puzzling you
Is the nature of my game, um mean it, get down
(woo woo, woo woo)
Woo, who
Oh yeah, get on down
Oh yeah
Oh yeah!
(woo woo)
Tell me baby, what’s my name
Tell me honey, can ya guess my name
Tell me baby, what’s my name
I tell you one time, you’re to blame
Oh, who
woo, woo
Woo, who
Woo, woo
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
What’s my name
Tell me, baby, what’s my name
Tell me, sweetie, what’s my name
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
Woo woo
Woo woo
Simpatia Pelo Diabo
Por favor, permita que eu me apresente
Sou um homem de riquezas e bom gosto
Estive por aí por muitos, muitos anos
Roubei a alma e a fé de muitos homens
E eu estava por lá quando Jesus Cristo
Teve seu momento de dúvida e dor.
Certifiquei-me de que Pilatos
Lavasse suas mãos e selasse seu destino
Prazer em conhecê-lo
Espero que adivinhe meu nome
Mas o que está te intrigando
É a natureza de meu jogo
Estava por perto de São Petersburgo
Quando vi que era a hora de uma mudança
Matei o Czar e seu ministros
Anastásia gritou em vão
Montei em um tanque
Mantive a posição de General
Quando a guerra relâmpago estourou
E os corpos federam
Prazer em conhecê-lo
Espero que adivinhe meu nome
Mas o que está te intrigando
É a natureza de meu jogo
(Quem? Quem?)
Assisti com alegria
Enquanto seus Reis e Rainhas
Lutaram por dez décadas
Pelos deuses que criaram
(Quem? Quem?)
Gritei alto
“Quem matou os Kennedys?”
Quando, no final das contas,
Fui eu e você
(Quem? Quem?)
Deixe-me, por favor, apresentar-me
Sou um homem de posses e bom gosto
Deixei armadilhas para os trovadores
Que acabaram mortos antes de alcançar Bombay
(Quem? Quem?)
Prazer em conhecê-lo
Espero que tenha adivinhado meu nome
(Quem? Quem?)
Mas o que está o intrigando
É a natureza de meu jogo, isso, divirta-se, meu bem
(Quem? Quem?)
Prazer em conhecê-lo
Espero que tenha adivinhado meu nome
Mas o que o está confundindo
É somente a natureza de meu jogo
(Quem? Quem?)
Assim como todo policial é um criminoso
E todos os pecadores são santos
E cara é coroa
Simplesmente me chame de Lúcifer
Porque preciso de alguma amarra
( Quem? Quem?)
Então se encontrar-me
Tenha alguma cortesia,
Tenha simpatia e tenha bom gosto
(Quem? Quem?)
Use toda sua educação bem-aprendida
Ou eu vou jogar sua alma no lixo
(Quem? Quem?)
Prazer em conhecê-lo
Espero que tenha adivinhado meu nome
(Quem? Quem?)
Mas o que está o intrigando
É a natureza de meu jogo, de verdade, divirta-se.
(Quem? Quem?)
Woo, who
Oh yeah, divirta-se
Oh yeah
Oh yeah!
(woo woo)
Diga-me amor, qual é o meu nome
Diga-me querida, pode adivinhar meu nome
Diga-me amor, qual é o meu nome
Eu direi uma vez, você é a culpada
Oh, who
Woo, woo
Woo, who
Woo, woo
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
Qual é o meu nome
Diga-me amor, qual é o meu nome
Diga-me docinho, qual é o meu nome
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
Woo woo
Woo woo
Nós não nos conhecemos, Milton, mas você fez o tanto ou mais em benefícios para mim que meus amigos ao me apresentar a “O mestre e Margarida”. Essa leitura foi uma experiência modificadora e uma grande felicidade.
Pelo que vi desse clip, a série deve ser muito fiel ao texto. A cena de Woland olhando a cidade em cima do telhado é quase como a imaginei. Vou ter que recorrer ao meu “Doctor Robert” para ver se ele a acha para download, com legenda em português (ou, quiçá, em inglês). Deu vontade de ler novamente o romance, coisa que talvez faça antes do previsto.
A gente só vai contando a vida sem maiores responsabilidades. Não precisa agradecer, mas obrigado pelas palavras.
Putz, adoraria ver esta minissérie.
REI DAS TRAMAS
by Ramiro Conceição
.
.
Tenho um criadouro de fantasmas,
de cadáveres… a gerar miasmas.
Sou um vencedor que respeita muito
a lei: aquela destinada a mim mesmo!
Contrabandeio passarinhos, sementes,
crianças e putas. Tenho vasta experiência
no tráfico de influências. Sou da academia
dos professores, dos padres, dos pastores,
dos advogados, dos jornalistas,
dos publicitários e dos artistas.
Estou acima de qualquer suspeita porque choro
em público; abraço criancinhas; doo cheques
à caridade; vou às quermesses e às passeatas.
Já comprei governadores, prefeitos, deputados
e senadores; quase me tornei dono da República.
Sou o rei das tramas, o meu negócio…: é grana!
BARCOS
by Ramiro Conceição
.
.
Nas praias do Brasil,
barcos são patéticos.
A ESPERANÇA
está de papo pro ar.
A LIBERDADE,
no quebra-mar,
está prenha
de peixes e
de homens:
aqueles do mar, ao ar,
estão mortos; aqueles
do ar, ao mar, têm
saudade da cidade.
O TRABALHO
ronca de bruços
debaixo do coqueiro,
que samba e balança
sob um batuque
dum partido-alto.
Todavia,
a PRESIDENTA
foi quase a pique.
Naufragou
o SENADO.
A CÂMARA
naufragou.
A JUSTIÇA
tá à deriva…
Digna, a DEMOCRACIA BRASILEIRA
tenta bravamente voltar à terra firme…
Enquanto o SINISTRO se prepara continuamente
ao sacrifício de seres… potencialmente livres.
No meio da ventania,
ROMEU e JULIETA
se debatem nos rochedos…
Enquanto DEUS desacreditado
parte pro além-mar com medo.
Mas…
Quem vem lá no horizonte
em brincadeiras? Ah, sim,
sempre eles, os POETAS,
com voadoras nadadeiras.
PARA CLARICE
by Ramiro Conceição
.
.
Entre os dionisíacos tropeços de vinhos,
de mil pedaços nasceu um espantalho
apolíneo, que teima em proteger todos os ninhos.
Por isso com malicia Picasso recorta espaços
de um quadro, a ensinar Portinari; enquanto Einstein
ao tempo lança pedrinhas; mas Garrincha ri ao vento,
pois deixou Van Gogh a procurar o amarelo dum gol
dourado de Pelé, num sonho de Pessoa que, bêbado,
dorme até a hora da chegança de Caeiro com os seus
carneiros a balir entre os dentes os poemas de Dante,
de Goethe, de Poe, de Rilke, de Bandeira, de Whitman,
de Drummond à colossal manhã provisória do mundo.
Nietzsche explica o eterno retorno… Mas Shakespeare
reescreve: sem matar ninguém; e Cervantes abandona
Dulcineia a Camões que não é só zarolho; e triste, Marx procura
decifrar a história que Dostoievski crê estar nas batatas de Deus
que Machado doou ao vencedor; Sócrates cutuca Platão!: Freud
está feliz!; enquanto Joyce, Homero, Bach e Lennon&McCartney
inventam um cancioneiro para Beethoven, que pela primeira vez
irá ouvir, e para Clarice que quase completamente ri, plena de si.
É engraçado pela obviedade; há um tempo atrás escrevi, à guisa de comentário no blog do Charlles, um miniconto sobre Mestre e Margarida dando por título justamente “Sympathy for the Devil “, porque a associação desta, como diríamos, “canção” dos Stones com o livro é, repetindo, óbvia (penso que Jagger pode ter se inspirado até no livro para compor a canção – isso nem deve ser difícil de saber).
Daí dou de cara com as imagens da minissérie enquanto clipe da velha música… Pô, o que eu queria mesmo:
1) Ter o trailler da minissérie com o som original pois, embora não entenda patavina de russo, adora a forma como os russos o expressam;
2) E ver, claro, a tal minissérie pois, a crer pelas imagens, deve ser um belo trabalho; pena que isso não ocorrerá pois não haverá um curador capaz de trazer essa pequena possibilidade de jóia da mídia mundial para nossa televisão saturada de shows da mentira da vida.
Para não deixar barato, transcrevo abaixo o tal miniconto, que atesta a coincidência:
“Sympathy for the Devil
Em março de 1940, Mikhail Bulgakov aguardava o encontro com o Mestre; sua invenção tornou-se princípio e fim de sua própria vida, e assim se desdobraria para gerações futuras, mas, em 1940, Mikhail Bulgakov tinha problemas com o mal, devidamente encarnado, e muitas vezes multiplicado, por fatores administrativos e militares.
Mesmo assim, com todos seus demasiados problemas, Mikhail Bulgakov parecia recitar um poema, ou assim pareceu a Yelena, sua esposa, um poema de outro mestre:
“Vós, porém, quando chegar o momento / em que o homem seja bom para o homem, / lembrai-vos de nós / com simpatia”.
Com ironia, no sardônico sorriso de Mikhail Bulgakov via-se como que escrito “Está feito”.
Yelena não cerrou os olhos do marido por acreditar que, deixando-os assim, abertos, Mikhail Bulgakov ainda passearia pelo céu, à garupa do Mestre, no esquecimento da morte.”