Cabe uma explicação, creio. É que deixei pela metade o registro da viagem que eu e a Elena realizamos há quase um ano e havia certa pressão de uma de meus sete leitores para que eu terminasse a série. Como esta leitora é especialíssima, q u e r i d a como nenhuma outra, acho melhor atendê-la. E correndo!
Na última parte publicada, tínhamos visitado a parte externa, ao ar livre, do Museu Rodin de Paris. Agora, entramos na parte interna. Vamos lá?
Logo na entrada vemos a Jovem Mulher com o Chapéu Florido. Como se nota, é uma obra da juventude de Rodin, lá de 1865.
Modernizando pero no mucho, temos Bellona, bronze de 1870.
Pode ser frescura minha, mas achei tocante a figura de O órfão alsaciano (1871).
A famosíssima O Beijo (1888-89).
Por outro ângulo.
Ainda outro ângulo.
As fofoqueiras, obra de de 1897, de Camille Claudel.
A Onda (1897), também de Claudel.
A Idade da Maturidade (1899), também de Camille Claudel.
Por outro ângulo.
Um detalhe.
Mais uma das dezenas de cabeças de Balzac que Rodin produziu.
Máscara de Camille Claude e mão esquerda (depois de 1900), de Rodin.
A Catedral (1907), de Auguste Rodin.
Depois disso, saímos novamente caminhando como loucos pela cidade. À noitinha, acabamos na Shakespeare and Company. Sim, é proibido tirar fotos dentro da livraria, mas nós somos brasileiros — ao menos eu sou — e não desistimos nunca… de burlar as regras.
A Shakespeare sempre mantém uma gata branca chamada Kitty. Há décadas que há uma gata branca chamada Kitty. Outras livrarias francesas também possuem gatos. Nas outras visitas, não a tinha visto, mas imagine se um gato evitaria a Elena, adoradora destes bichanos.
Enquanto eu olhava os livros, a Elena ficava com o gato, pensando com saudades em seu porto-alegrense Vassily Kandinsky.
Depois, ela foi brincar no micro-escritório onde os escritores residentes da livraria escreviam seus livros.
Ela não estava inspirada naquela noite.
E aqui uma das camas da Shakespeare.
Explico: a livraria, aberta em 1951, serve de abrigo a escritores em início de carreira para que tenham teto e/ou trabalho até que terminem seus livros. Ou seja, há não apenas o escritório mas também camas. Voltaremos.
Não conhecia “A Catedral”… Na referida, Rodin fez com que o tema “dedos” convergisse em amplidão à parte superior da escultura; por outro lado, na Catedral de Brasília, Niemeyer, com uma simples linha curva, fez com que a amplidão desconvergisse à parte inferior do templo… Sem dúvida, são duas visões antagônicas associadas ao conceito social de “templo”…
Quem foi o mais correto, o mais próximo do “Belo”? Ora, estéticas perguntas éticas e estúpidas!… Pois Rodin e Niemeyer tentaram, cada um a seu modo, representar um mistério (na compreensão do escultor autoritário…: procure saber o que ele aprontou com Rilke…) e um espaço social (na compreensão do arquiteto comunista, que nunca claramente negou Stalin…).
Sem dúvida, a Humanidade aprendeu com ambos…
PS.: em 1979, fiz um quadro no qual o tema era uma árvore e todos os seus galhos eram expressões de mãos humanas… (desconhecia a escutura de Rodin…).