Kyoto, de Yasunari Kawabata

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Yasunari Kawabata KyotoKawabata é um escritor suave, sem pressa. Seus romances se aproximam bastante da poesia e as interjeições não lhe caem bem. Pouca literatura vem com menor aparato de brilho e as histórias são montadas através de delicadas pinceladas que vão acrescentando informações a um mosaico cujas lacunas podem ser preenchidas pelo leitor. Kyoto, romance de 1962 de Yasunari Kawabata (1899-1972), escrito logo depois de A Casa das Belas Adormecidas, conta a história de Chieko, uma jovem que observa a ocidentalização e a mudança de costumes do Japão do pós-guerra. Ela assiste a lenta falência da loja de sua família e de outros estabelecimentos comerciais da antiga capital japonesa que vendem peças do vestuário tradicional do país. Mas o romance não tem apenas fundo econômico. Abandonada quando bebê, Chieko é uma filha adotiva que, num passeio pelo interior, na aldeia de Kitayama, encontra acidentalmente sua irmã gêmea Naeko, desde a infância criada em ambiente muito diverso do seu. Enquanto Chieko teve uma formação tradicional, Naeko é mais madura em razão da simplicidade da vida e do trabalho no campo. As duas irmãs tentam uma aproximação.

Como de costume, evitarei contar o final, mas o contraste entre as irmãs gêmeas — a tradicional e a trabalhadora — provavelmente simboliza o conflito entre a cultura tradicional e a modernização do Japão na época do pós-guerra. Kawabata joga poesia sobre a desfiguração irreparável da antiga capital do Império do Sol Nascente em um romance sóbrio. 

Muito bom, mas, para quem não conhece o autor, acho melhor ler antes A Casa das Belas Adormecidas.

Livro comprado na Ladeira Livros.

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