Bruegel, os cegos e meu sonho

Hoje eu tive um sonho. Estava pintando o quadro abaixo. Eu era Pieter Bruegel, o Velho e pintava em meu atelier A Parábola dos Cegos, certo? Há mais: estava emocionadíssimo porque um dos cegos — qual seria? — era meu pai e era do maneira abaixo que ele se deslocava com seus pares. Um negócio desesperador. Mesmo! Eu pintava e chorava.

Assim como para a Caminhante, Ernesto Sábato e José Saramago,a cegueira e suas metáforas, mas principalmente a cegueira sem metáfora, é algo que assusta e causa perplexidade, pena, medo, profundo interesse, tudo.

Quando acordei, a imagem da obra-prima de Bruegel foi substituída pela da galinha abaixo, vista ontem no Google Images. Bem, sei lá.

P.S. — Meu pai, morto em 1993, nunca teve deficiência visual.

Parábola dos Cegos

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  1. Meu orientador, quando soube do tema, me disse:
    – Todo mundo sempre escolhe algo que tenha a ver com a sua história. Você conviveu com cegos, tem algum caso na família?

    Eu respondi que não e parecia que pela primeira vez essa teoria havia furado. Até que logo na primeira entrevista, perguntei como ao rapaz como ele havia ficado cego. “Foi um descolamento de retina”. Nessa hora eu arrepiei. Minha família é uma das duas mapeadas em Curitiba com grande tendência ao descolamento. Minha mãe e meus tios só não ficaram cegos porque fizeram tratamento com laser.

  2. Fico muito grato por chamar a atenção para esta obra. Sempre tive um certo interesse pelos Bruegel, não levado adiante, por simples preguiça de ir atrás. Sou meio burro para artes plásticas, acho. Agora, vendo este quadro, sinto uma necessidade inadiável de saber tudo sobre os Bruegel. Dá vontade de ficar horas admirando os detalhes da coisa toda. Não sei por quê, mas me lembra (obviamente) o Brasil atual. Todavia, é muito mais do que isto: é a condição humana, sem mais, nem menos. O sonho também foi bem legal.

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