Livros que a Cosac não conseguir vender até o final do ano serão picotados

Coisas do Brasil… Não sei nem o que comentar. Não há mesmo um modo de doar para bibliotecas?

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Da PublishNews

Quando chegar o último dia de 2016, a Cosac Naify não deverá ter mais nenhum livro em seus estoques. Os que sobrarem até lá serão transformados em aparas. A informação foi confirmada por Dione Oliveira, diretor financeiro da editora que teve seu fim anunciado em dezembro de 2015. “Me parte o coração mandar os livros para picotar, mas não posso deixar de atender às necessidades da empresa para a qual eu trabalho. Em alguns momentos, você acaba sendo impopular com algumas medidas”, disse Dione ao PublishNews. Desde o fim de janeiro deste ano, a Amazon passou a comercializar, com exclusividade, os livros da Cosac. Dione informou que os livros que já foram vendidos à varejista não serão recolhidos. “Seria fantástico se a Amazon tivesse comprado todo o nosso estoque, como dizem por aí, mas isso não foi verdade, infelizmente”, comentou o diretor. Dione não revelou quantos livros a editora ainda mantém em seu estoque.

Dione ponderou que os custos para manutenção do estoque e dos contratos com o operador logístico ficaram muito caros para a Cosac. “Infelizmente, temos obras que ainda têm um volume muito grande em nossos estoques, mas esses mesmos livros não têm giro. Não dá para ficar guardando esses livros que não têm giro. É muito caro”, alegou. Por outro lado, muitas das obras que fizeram parte do catálogo da editora já migraram para outras casas editoriais. “A Cosac tem negociado os seus títulos com outras casas editoriais. Alguns dos títulos que fizeram parte do nosso catálogo até já foram publicados por outras editoras. De certa forma, fica complicado eu jogar uma quantidade excessiva desses livros no mercado. Se eu inundo o mercado com uma grande oferta desses livros, os novos detentores dos direitos terão dificuldade em vender seus livros. Nós temos ponderado isso”, disse descartando a possibilidade de se fazer um grande saldão dos estoques da Cosac.

Doações

Autores ouvidos pelo PublishNews, mas que preferiram não ser identificados, questionam o destino que a editora quer dar aos livros. Por que não doá-los a bibliotecas ou mesmo a eles, os autores. Dione disse que não está nos planos da Cosac fazer nenhum tipo de doações. “Tem um problema que muitas pessoas desconhecem. Doações geram um transtorno contábil na empresa. Se faço uma doação de um livro, tenho que reconhecer o custo disso. Se eu faço a doação de um volume considerável de livros, eu gero um resultado financeiro negativo absurdo, fora da curva”, disse. Além disso, Dione apontou que falta tempo e pessoal para fazer essas doações. Ele disse ainda que os livros não poderão ser doados aos seus autores, mas que eles têm prioridade na aquisição dos volumes. “Os autores que entrarem em contato conosco para comprar os estoques – na sua totalidade ou parte deles – de seus livros terão dos descontos conforme está previsto em contrato. Podemos até fazer uma condição um pouco melhor. Mas, desde o anúncio do fim da Cosac, foram poucos os autores que nos procuraram com essa intenção”, concluiu Dione.

3 comments / Add your comment below

  1. As más línguas dizem que a nova editora das remanescentes da Cosac se chama Ubu por ser uma condensação de Urubuceta, uma constatação dos caminhos a que os livros nesse país são destinados à reciclagem de ou virarem papelão nos lixões ou papel higiênico.

    1. A Ubu é fomada por três ex-editoras da Cosac. Elas não terão vida fácil pq os melhores títulos da falida já foram comprados pela Companhia. Os russos todos, por exemplo. Mas tenho fá nas moças. Conversei ontem com uma delas, Florence Ferrari, e me pareceu pessoa do mais alto nível.

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