Sartori, em vez de extinguir Fundações, que tal ir atrás dos sonegadores ?

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Foto: Guilherme Santos / Sul21
Foto: Guilherme Santos / Sul21

Anos atrás, eu prestava consultoria ao setor de TI da FEE. Gostava do ambiente e da criteriosa seriedade das pessoas de lá. Além disso, a utilidade e a qualidade do trabalho realizado também era clara. Era uma série de atividades voltadas para a geração de indicadores, tabulações, perfis econômicos, publicações, trabalhos acadêmicos, etc. Ficava tão feliz, a sensação de ser útil era tão grande que sempre ultrapassava o número de horas contratadas. A Fundação é de 1973. Tem, portanto, 43 anos de serviços prestados.

Como ouvinte, sou fã absoluto da FM Cultura 107.7, da Fundação Piratini. É a melhor rádio do dial do FM. O que dizer das horas e da cultura que ganhei no Sessão Jazz do Paulo Moreira, no Conversa de Botequim, na Manhã Popular Brasileira, no Contracultura, no Estação Cultura, no Cultura na Mesa e no pré-antigo As Músicas que Fizeram sua Cabeça?

Agora, Sartori pretende acabar com as duas Fundações e mais sete que conheço muito menos, quase nada. É o que diz a tabela que anexo abaixo, publicada hoje em ZH.

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Sem medo de errar, sei que a FEE será substituída por mil consultorias contratadas. E vocês sabem como são estas contratações. Eu sei. Lá por 2008, perdi uma empresa por me negar a pagar propina a um gestor federal. Ele ficou indignado pelo fato de eu ter escolhido ser correto. Procurando vingança, até nos processou por “maus serviços”. (Vejam só, a FEE nos contratara sem esquema no passado. Já esta outra…)

Seria irresponsável acusar alguém ou o governo de querer fazer o mesmo. Mas acho absurdo este descarte de importantes empresas. Ouço e leio o choro do governo do RS: “não temos dinheiro”, “são empresas desnecessárias”. Porém, curiosamente, o governo gasta milhões em propaganda para dizer que economiza muito. OK, na opinião deles há que chegar ao estado mínimo, só que não temos o mínimo de saúde e educação. E, quando fala em déficit, o governo olha principalmente as despesas, cuidando muito menos das receitas.

O que o Pezão Feltes, nosso Secretário Estadual da Fazenda faz contra a sonegação? Olha, não ouço falar nisso. É só mimimi sobre despesas com funcionalismo — que nem pode sonegar — e extinções.

Acho que lucro é igual a receita menos despesa. Então, tão importante quanto cortar despesas é aumentar a receita.

E Feltes, o Sindicato dos Técnicos Tributários da Receita Estadual do RS (Afocefe) e do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz) afirmou em 18 de agosto que a sonegação de ICMS no RS chegara a R$ 4,5 bilhões até aquela altura, considerando apenas o ano da graça de 2016.

Isso é dinheiro grosso, não? A FEE, por exemplo, gasta R$ 22 milhões com celetistas em um ano, ou seja, 204 vezes menos.

Por que não ir atrás? Por que é antipático? Por que incomoda os amigos que financiaram as campanhas? Que tal tentar resolver a coisa pelo outro lado? É mais gostoso chorar e assim justificar a inação?

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12 comments / Add your comment below

  1. Dá muito trabalho. E vai colocar a RBS contra ele. Melhor é sacanear servidor que a RBS fica do lado… E o servidor continua “ouvindo a Gaúcha”… Dando dinheiro para ser enrabado.

  2. Atualizando a situação junto aos amigos interessados no assunto: a marcha da insensatez segue a passos largos e a FEE foi comunicada no dia de ontem que sim, está entre as fundações cuja EXTINÇÃO será proposta pelo governo estadual. Segundo se noticia, o pacotão será encaminhado à Assembléia Legislativa no início da próxima semana. Setores do próprio PMDB são contrários a acabar com a FEE, mas o núcleo duro do governo parece bem pouco sensível para argumentos como os que estão expostos nesse documento aqui compartilhado. O raciocínio para justificar a extinção é o simplório e equivocado “gasta mais do que arrecada”. Desconsidera a produção de análises e estatísticas como bem público e ignora os trabalhos técnicos e assessorias que são prestadas a outros órgãos e secretarias que, se fossem contratados, custariam muito mais. Uma nova modalidade de queima de livros, basicamente.

  3. O argumento “gasta mais do que arrecada”, tão usado por defensores do Estado mínimo, é completamente desonesto. O Estado não existe para dar lucro. Cobra impostos para fornecer serviços que, por sua natureza, não cabem à iniciativa privada. Ou são serviços necessários, como educação e saúde, ou são atividades que não interessam às empresas, como estudos de economia ou zoobotânica. Grande parte o que o Estado faz vai sempre gastar mais do que arrecada porque é para isso que ele existe.

    Mas a questão não é essa. Temer, Sartori e assemelhados sabem muito bem disso. Só que veem no desmanche do Estado uma oportunidade de negócio única. Quem se interessa por uma fundação zoobotânica? Que empresa pensa em investir dinheiro para estudar pequenos mamíferos da campanha? Não é uma atividade lucrativa.

    Agora imaginem: extinta a FZB, uma grande corporação poderá comprá-la, transformar o Jardim Botânico em parque pago e, depois de poucos anos, alegar que é economicamente inviável. Para manter o Jardim, terá de erguer prédios de alto padrão em parte daquela área nobre. Quando isso acontecer, vão dizer é melhor sacrificar um pedaço do JB, pois do contrário ele seria fechado. E os nascidos nos anos 20 nem saberão que houve um dia uma FZB e o Jardim Botânico original tinha o dobro do tamanho.

    Dá para imaginar o mesmo ocorrendo com todas as fundações e seus respectivos acervos.

  4. Eu não entendo, qual a teimosia ou interesse do sartori em manter a JUSTIÇA MILITAR, com certeza para continuar os cabides de emprego, só pode ser essa a explicação, ou o rs tá nadando no dinheiro?

  5. Fundações que não produzem nada para o beneficio do povo. Comandada por uma elite que só se preocupa com os cargos. Usadas para obter apoio politico e fatiar cargos. Tem que fechar ou privatizar. Elefantes brancos (isso é racismo?) que gastam nosso dinheiro sem retorno.

    1. Joel, conheça melhor o trabalha da FEE. Aqui tem várias informações e depoimentos que podem te esclarecer melhor.
      //www.facebook.com/emdefesadaFEE/
      O discurso rápido e fácil do “funcionalismo que pesa aos bolsos do contribuinte” é bem conveniente para governantes que desconhecem ou intencionalmente desejam sucatear a pesquisa e ciência já tão carente em nosso país.
      Abraços.

  6. Que pobreza está ficando este nosso estado. A FEE sempre foi considerada em todo o país um lugar de pesquisa séria e importante para se entender a sociedade gaúcha. Mas nestes tempos isso parece não importar mais. A ditadura da mediocridade, puxada pela RBS, está sendo em muitos aspectos até pior que a dos militares. Naquele período os governantes ainda viam méritos em estudos sérios e prestigiavam os técnicos qualificados. Hoje nem isso.

  7. Essa turma que comanda o estado sempre foi incompetente. Eles nunca souberam governar. Especialistas em “vender” governabilidades a todo tipo de governo, agora juntando-se à corja de Brasília vão transformar o RS num amontoado de “consultorias” aos amigos. Mas o povo merece! Depois de elegerem esse “cone”, Porto Alegre elege um “filhotinho da ditadura”.

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