Darwin, Dickens e Thomas Mann só trabalhavam quatro horas por dia

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Nota do blogueiro: É uma pena não ser criativo como esses caras. Se fosse, saberia como viver.

De Carey Dunne, traduzido resumidamente por mim. Retirado daqui.

De acordo com um crescente movimento contra a postura workaholic, a chave para uma maior produtividade poderia ser trabalhar menos horas. A obra Em descanso: Por que você produz mais quando trabalha menos, do consultor Alex Soojung-Kim Pang, defende uma jornada de trabalho de quatro horas. “Décadas de pesquisa demonstram que a correlação entre o número de horas trabalhadas e a produtividade é muito fraca”, diz Pang, um estudioso visitante da Universidade de Stanford e fundador da Restful Company.

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Illinois, ainda na década de 1950, descobriu que os cientistas que trabalhavam 35 horas por semana eram menos produtivos do que seus colegas de 20 horas por semana, enquanto que os trabalhadores que suavam 60 horas eram os menos produtivos de todos. Pesquisas mais recentes concordam.

“Algumas empresas, incluindo a Tower Paddle Boards, bem como muitas empresas na Escandinávia, descobriram que seus negócios cresceram — e a satisfação dos funcionários aumentou — depois de cortar as horas de trabalho dos funcionários”, diz Pang.

As rotinas diárias de alguns dos pensadores mais influentes da história também apoiam a noção de que estar descansado é crucial. “Quando você examina as vidas das figuras mais criativas da história, você se confronta com um paradoxo: eles organizam suas vidas em torno de seu trabalho, mas não seus dias”, escreve Pang.

O País da Cocanha, tela de Pieter Bruegel
O País da Cocanha, tela de Pieter Bruegel

Pelos padrões de hoje, o ritmo do naturalista britânico Charles Darwin e do escritor Charles Dickens era digno de vadios ou, no mínimo, de gente preguiçosa. Eles trabalhavam apenas de quatro a cinco horas por dia. O mesmo faziam os escritores Alice Munro, Gabriel García Márquez, W. Somerset Maugham, Anthony Trollope e Peter Carey, o cientista John Lubbock, o diretor Ingmar Bergman, o artista Arthur Koestler e o matemático Henri Poincare. “As horas que esses luminares gastavam em descanso deliberado”, Pang afirma, “eram tão importantes para seu trabalho como o tempo gasto realmente trabalhando. Quando paramos e descansamos adequadamente estamos investindo em criatividade”.

Enquanto muita gente queima pestana até tarde, as rotinas diárias desses escritores, matemáticos e cientistas deveriam encorajar você a deixar o trabalho mais cedo e descansar um pouco.

Em seus 73 anos, Charles Darwin conseguiu publicar 19 livros. Seu último, A Origem das Espécies, é possivelmente o volume mais influente na história da ciência. O tempo que Darwin passou fazendo trabalho científico — teorização, escrita e experimentação — geralmente consistia em apenas três períodos de 90 minutos por dia. Depois de uma curta caminhada matutina e café da manhã, Darwin trabalhava das 8h às 9h30, momento em que ele fazia uma pausa para ler, escrever cartas e ouvir um romance sendo lido em voz alta. Às 10h30, ele retornava ao trabalho e parava ao meio-dia para uma caminhada curta por Sandwalk, um local de Down, perto de Londres. Depois do almoço, mais cartas, uma sesta de uma hora e um lanche. Ele apenas retornava ao escritório entre às 16h às 17h30. Depois, convivia com a família e jantava.

“Se Darwin quisesse assumir um cargo numa universidade atual, jamais seria aceito”, escreve Pang. “Se ele estivesse trabalhando em uma empresa, seria demitido em uma semana.”

G.H. Hardy, um dos principais matemáticos da Grã-Bretanha no início do século XX, iniciava seu dia com café e uma leitura atenta das páginas de esportes dos jornais. Depois se concentrava na matemática das 9h às 13h. Jogos de tênis e longas caminhadas enchiam suas tardes. “Quatro horas de trabalho criativo por dia são o limite para um matemático”, defendia ele, de acordo com Pang. Um colaborador próximo de Hardy, John Edensor Littlewood, concorda, dizendo que a concentração necessária para fazer um trabalho sério era de “quatro horas por dia ou no máximo cinco, com pausas a cada hora”.

Depois de uma juventude notívaga, Charles Dickens, autor de mais de uma dúzia de romances, adotou uma programação chamada por ele de “metódica e ordenada”. Das 9h às 14h, ele escrevia em absoluto silêncio, Depois, almoço, diversão e nada de escrever.

O escritor alemão e prêmio Nobel Thomas Mann, que publicou o aclamado romance Buddenbrooks aos 25 anos, fechava-se em seu escritório diariamente das 9h até às 13h para trabalhar em romances. “Escrevo duas páginas por dia, não menos, não muito mais”. Após às 13h, só leitura, correspondência e passeios”, escreveu Mann. À noite, não todos os dias, ele passava mais uma hora revisando a produção matinal.

Em uma entrevista de 1984 para a The Paris Review, a escritora irlandesa Edna O’Brien falou sobre sua rotina diária de quatro horas de escrita: “Eu me levanto pela manhã, tomo uma xícara de chá e entro nesta sala para trabalhar. Nunca saio para almoçar ao meio-dia, nunca, mas eu paro em torno das 13h e 14h. No resto da tarde, dedico-me a coisas mundanas. À noite, eu leio, vou a uma peça de teatro ou a um cinema ou visito meus filhos. Nunca trabalho à noite.

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