Sobre Renato e os treinadores brasileiros, por Idelber Avelar

Ontem ficou provado: qualquer treinador europeu mediano dá um baile em treinadores brasileiros considerados de ponta.

Pelo terceiro ano consecutivo, a Copa Libertadores foi conquistada por um treinador europeu, ambos — Jesus em 2019, Abel em 2020 e 2021 — oriundos de um país que talvez nem se classifique para a Copa, que é periférico no futebol europeu.

O plantel do Flamengo é muito superior ao do Palmeiras, não é pouco, não. E, com a exceção de uns quinze minutos durante o segundo tempo, depois do gol do Gabriel, a sensação que se teve o jogo todo é que o Palmeiras tinha o controle completo da peleja.

No banco do Flamengo, você tinha a cena patética do lateral Filipe Luís, que tinha saído contundido, explicando coisas ao Renato, porque o técnico do Flamengo é tão capaz de ler a disposição tática de uma partida como eu de ler aramaico.

Foi bom para o futebol o resultado de ontem, porque a pior coisa que pode nos acontecer como país é recompensar gente que estimula a ignorância, que alardeia a inutilidade do estudo. Porra, nós temos os piores índices do mundo em leitura, matemática e ciências, e vamos usar uma posição de destaque e poder — como é a de um treinador de clube grande — para estimular as pessoas a não estudarem? O sujeito que faz isso é um criminoso.

O Renato Gaúcho faz isso o tempo todo. Ele acha que, por ter sido boleiro, não precisa estudar. Vai perder o Brasileirão choramingando por um calendário que foi ruim do mesmo jeito para o virtual campeão (que tem tantos jogadores convocados em datas FIFA como o time dele), perdeu a Copa do Brasil levando goleada e nó tático de um clube médio em casa, e perdeu a Libertadores levando outro nó tático do mesmo portuga que já lhe havia aplicado um quando ele treinava o Grêmio.

Isso vindo do fanfarrão que levou 5 x 0 do Flamengo de Jesus e respondeu que se ele tivesse um time de 200 milhões, ele também ganharia tudo. O plantel do Flamengo é hoje avaliado em 700 milhões e ele conseguiu não ganhar nada. Alguém imagina a Alemanha contratando o Felipão de técnico depois do 7 x 1? Não, né? Foi isso o que o Flamengo fez.

Em condições normais de temperatura e pressão, eu torço contra o Flamengo e contra o Cruzeiro, mas os títulos do Flamengo de 2019 não me incomodaram em nada. Fiquei feliz, inclusive. É isso o que a galera mais fanaticamente clubista precisa entender quando comenta aqui: eu amo futebol, futebol bem jogado, e o Brasil precisa desesperadamente de alguns Jorge Jesus por aqui.

Ontem, sim, impunha-se torcer pelo Palmeiras. O Abel Ferreira não é nenhum Guardiola, mas para esta terra de cegos, o olho dele já tá bom demais. Ele estuda, trabalha, respeita os outros.

Agora, o time grande que contratar o fanfarrão do Renato Gaúcho merece uma zica de 100 anos. Merece o mesmo destino que merecerá o Brasil se reeleger Bolsonaro.

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