Brian May sobre John Lennon

O Queen sempre reverenciou os Beatles, pois os tinham como uma grande inspiração no mundo da música. Quando John foi assassinado em 8 de dezembro de 1980, a banda tocou uma versão de “Imagine” como homenagem, na noite seguinte, em seu show em Londres, e mais 3 vezes naquele mês. Neste texto enviado para a Classic Rock, Brian fala um pouco da importância do ídolo em sua vida.

POR QUE EU AMO JOHN LENNON, POR BRIAN MAY

“Eu não tinha permissão para ir ver os Beatles quando eu era criança. Meus pais pensavam que os shows de música pop eram frequentados pelo tipo errado de gente. Então, eu nunca pude ver o maior fenômeno do século 20 ao vivo. Mas a partir do momento em que ouvi ‘Love Me Do’ no rádio, eu sabia que esse grupo de garotos era mágico…que eles expressavam toda a minha alegria e anseios escondidos quando adolescente, lutando para achar seu caminho no mundo dos anos 60.

É impossível duvidar que a combinação dos quatro rapazes fosse única, uma peça mágica em um milhão – o grupo de rock perfeito para inspirar todos os outros grupos de rock, e reescrever a estrutura não apenas da música popular, mas de toda a cultura dos jovens. Mas, com o passar do tempo, tornou-se evidente que John Lennon estava no coração desse poder impressionante.

Ao lado do seu amigo e gênio melódico Paul McCartney, o fogo espiritual emergente de George Harrison e, sem dúvidas, o baterista mais original de sua época, Ringo Starr, foi o ácido Lennon que manteve os Beatles firmemente distantes do comum, e nos extremos da criatividade perigosa.

Não há espaço suficiente aqui para eu falar sobre todas as obras-primas de Lennon, mas confira ‘Tomorrow Never Knows’, ‘Lucy In The Sky With Diamonds’ e depois ‘I am The Walrus’ e ‘Strawberry Fields Forever’ e me diga se você não fica espantado…nunca foi criado nada como esses trabalhos em toda a história.

Lennon, de um adolescente francamente nada glamoroso, sempre emburrado, tornou-se o cara mais cool do mundo. Ele foi cool o suficiente para escrever a melhor música pop adolescente de todos os tempos (na minha humilde opinião, etc..) ‘I Want To Hold Your Hand’; abraçar a psicodelia e torná-la musicalmente válida; deixar os Beatles quando sentiu que tudo se tornara um jogo superficial do qual ele não queria mais participar; e depois colocar todo o seu ser na promoção da paz em seu trabalho solo, produzindo quase certamente os maiores, mais ousados e reveladores álbuns solo já feitos, incluindo músicas como ‘Jealous Guy’, a dura ‘God’, e o hino imortal para a humanidade, ‘Imagine’.

Lennon, para todos nós da pós-revolução (seja lá qual tenha sido…) músicos, ele foi, é, e sempre será …ISSO. Não digo mais nada.”

Fonte: loudersound.com

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  1. Ringo como baterista mais original de sua época? Se você disser o mais sensível, a melhor escolha para uma banda, ok. Mas Keith Moon se revirou no túmulo quando leu isso. Cool? O abraço à psicodelia, e essencialmente a evolução musical da banda, são iniciativas de McCartney, embora isso não tire os próprios méritos de Lennon. Deixar os Beatles quando sentiu que se tornara “um jogo superficial”? Ele saiu porque senta que se realizaria de maneira mais plena sozinho, e se enfiou em um jogo ainda mais superficial, midiático, apelativo, submetido à intelectualidade bem superior de Yoko. Maiores, mais ousados, mais reveladores álbuns já feitos? Reveladores, OK, especialmente no caso dos dois primeiros. Quanto ao resto, em seu próprio tempo, isso é um profundo desrespeito com os Beatles, Bowie e o movimento punk. Musicalmente, Lennon sempre foi um conservador.

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