Ontem, eu falava com uma cliente sobre ter “dedo podre”. Ela reclamava do dela, que seria infalível, só apontava porcaria. Sim, o balcão da Livraria Bamboletras é um divã gratuito. O problema é que o terapeuta sou eu.
Mas eu faço o maior esforço. A cliente estava no terceiro relacionamento e foram três “esplêndidos reveses”. Perguntei se ela realmente desejava um relacionamento estável. A resposta foi um sim bem afirmativo.
Então, fiz aquela cara de Freud e — pensando paralelamente que meu segundo casamento fora uma clara manifestação de dedo putrefato (evitei olhar minhas mãos) — disse que a Manuela D’Ávila namorara aquele Maroni, que o Woody Allen e a Mia Farrow apontaram um para o outro, etc.
Depois, resolvi tentar ser inteligente mas só pensava bobagem — que a coisa depende de como a gente se vê (lugar comum), que tudo dependia de um bom período prévio (afinal, ensaiar é bom!), que talvez seja hereditário (caímos na risada…), que é complicado não se deixar levar pelo tesão…
— Não! Um cara feio como o diabo. Nunca tive grande atração por ele.
Foi neste momento que concluí que o caso não era pra mim e desisti da minha carreira como psicólogo.
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