Atrás do balcão da Bamboletras (LXX)

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Hoje, veio uma turma de uma escola aqui na Bamboletras. Eles tinham 10 e 11 anos e eram de um colégio particular. Vieram de ônibus a fim de aprenderem a andar no transporte público. As crianças estavam acompanhadas de duas professoras bem legais e de uma menina um pouco mais velha que parecia uma monitora. Deu tudo muito certo. Eles se comportaram, fizeram carinho no Max, compraram livros, lancharam no nosso pátio e se despediram.

Lembrei de minhas turmas escolares. Tenho 67, então lembrei de 57 anos atrás. Havia o colega chato, o agitado, o com problemas, o deprimido, o nota-dez, o que não queria nada com nada, etc. Pensando no passado, ouso me atribuir o papel de nota-dez bagunceiro, uma figura não tão comum.

Os papéis estavam claros na turma. O chato queria só livros de adultos — uma das professoras cortou o “Ainda estou aqui” que ele queria — e o deprimido não queria nenhum livro. Foram os que não compraram. Eu não poderia ser professor de alunos dessa idade. Estava louco pra chacoalhar o deprimido. Ele queria um livro de “Mistério”. Trouxe 3 e ele nem olhou, ficou de braços cruzados. O agitado com problemas só queria DVDs — sim, temos alguns de música e ele encasquetou que ia levar os quartetos de Villa-Lobos… A professora interveio. As duas meninas notas dez compraram livros adequados, mas queriam mesmo era saber o preço de “Tudo sobre o amor”, da bell hooks. Para o que não queria saber de nada sugeri um livro curto. Saquei na hora qual era a dele.

Foi muito, muito bom recebê-los. O Max ficou tímido com tanta gente perguntando sobre sua idade, nome e passando-lhe a mão. Acho que ele se sentiu desrespeitado. Vá entender os felinos.

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